Loer, Stephanie. “Tudo sobre Harry Potter de quadribol até o futuro do Chapéu Seletor”. The Boston Globe, 18 de outubro de 1999.

“Eu não acredito na magia como ela ocorre em meus livros, é o tipo de magia com movimentos de varinha e lançamento de feitiços,” disse J.K. Rowling, que estava em Boston a medida que começava sua turnê de três semanas para seu livro.

“Mas eu acredito em magia em um sentido figurado,” disse ela. “Por exemplo, aprender a ler é um tipo de mágica que acontece na vida das crianças. Ninguém sabe como acontece, um dia a criança está tentando decifrar letras e sons e na outra semana ele ou ela está lendo e entendendo frases. É uma mágica metafórica”.

Nos últimos dois anos, a autora Joanne Rowling aparenta ter um tipo de mágica metafórica girando em volta dela e os livros criados por ela. Suas histórias vividamente imaginadas sobre as aventuras de Harry Potter na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts são um fenómeno de publicação de livros infantis.

Escritos para crianças de 8 a 12 anos, os livros de Rowling alegra crianças e adultos da mesma forma.

Os números de vendas provam que seus livros têm se tornado parte de um número incontável de vidas. Scholastic Books, editora das edições americanas, ostentam mais de 8,2 milhões de cópias em capa dura vendidas.

Até Rowling, que a cinco anos atrás estava tentando ganhar dinheiro suficiente para cuidar de si mesma e de sua filha, surpreende-se com a dramática mudança em sua vida.

“Ainda estou impressionada que fui literalmente de uma autora desconhecida na linha da pobreza á ter o meus livros no topo das listas,” disse ela.

Três dos livros de uma série planejada de sete livros estão disponí­veis nas livrarias. As histórias são lotadas de todos os ingredients certos para fazer histórias cativantes: personagens corajosos e cheios de manias, magia, humor, lugares estranhos e bizarros, uma mistura perfeita de fantasia e realidade. E, tramas durante as narratives são temas antigos sobre o bem e o mal.

A Student NewsLine convidou leitores a participar em uma entrevista com Rowling mandando perguntas. É claro, nem todas das mais de 900 perguntas puderam ser aproveitadas. Por muitas serem parecidas, nós não imprimimos os nomes dos alunos que perguntaram. Essas questões perguntadas sobre Rowling devem dar aos fãs alguns detalhes sobre os planos e personagens de Harry Potter.

O que inspirou a série de Harry Potter?
Eu realmente não sei de onde veio a idéia. Ela veio á minha mente quando eu estava em um trem para Londres. Harry como um personagem veio completamente formado, como veio a idéia para seus amigos mais próximos, os personagens de Rony e Hermione. Começou com Harry, então todos esses personagens e situações vieram inundando minha cabeça. Foi uma animação que nunca conheci antes. Esses persongens chegaram em 1990, mas levou seis anos para escrever o livro.

Como funciona o processo de composição para você?
Por eu ter todos esses personagens antes, e eu sentia que os conhecia por dentro e por fora, eu me concentrei em colocar uma tanto bom de de esforço em cada enredo. Eu realmente amo um enredo bem construi­do. Na realidade, o enredo é uma estrutura tão importante para mim quando eu escrevo, que antes de ter terminado o primeiro livro, eu já tinha planejado todos os sete livros sobre Harry.

Como você é capaz de juntar tantos detalhes dentro de uma história e mantê-la interessante?
Se eu tenho trabalhado duro no enredo e está bem construi­do e se move em um bom ritmo, então eu tenho liberdade para fazer as coisas divertidas e posso enfeitar os detalhes dentro do enredo nos pontos onde eles criam mais interesse.

Você gostava de escrever histórias quando criança?
Sim. Eu escrevi minha primeira história quando tinha 6 anos de idade. Desde aquele tempo, tudo o que eu sempre quis fazer era me tornar escritora. Aquela minha primeira história era sobre um coelho chamado Coelho. Ele teve sarampo e todos os seus amigos animais foram visitá-lo. Acredite em mim, ninguém nunca irá querer comprar os direitos para fazer um filme sobre essa história, mas eu tinha muito orgulho dela.

Como você surgiu com a idéia do jogo de quadribol?
Na verdade, se você pensar sobre isso, há uma pouco de lógica para jogo. Meu primeiro pensamento era que esses bruxos em Hogwarts tinham vivido por centenas e centenas de anos em uma sociedade submersa todo o tempo ao lado dos humanos. Futebol ou basquete ou outro esporte contemporáneo fariam os bruxos muito notáveis quando congregados para assisti-lo. Também, muitos dos jogos de hoje em dia não tem estado por perto por centenas de anos, então eles estavam fora do contexto de tempo. Eu queria dar a Hogwarts seu próprio esporte. Eu queria que ele fosse o mais perigoso e engraçado possí­vel. E os jogadores teriam que voar. Então, eu inventei as regras e as conheço muito bem. Eu inventei o nome do jogo também, porque eu gostava do som da palavra.

Quais conselhos você daria às crianças que querem ser escritoras quando crescerem?
Eu sei que isso soa como professora, mas lembre-se, eu era professora antes de começar os livros de Harry Potter. Isso é o que funciona para mim: primeiro você deve ler, então praticar, e sempre planejar. Leia o máximo que puder, porque isso ensina a você o que é boa escrita. Então, quando você escrever, você vai se achar imitando seus escritores favoritos, mas está tudo bem, porque é parte de seu processo de aprendizado. Você vai continuar e achar seu próprio estilo e voz pessoal. Escrever é como aprender um instrumento. Quando você está aprendendo violão, você espera atingir notas sem valor. E quando você pratica escrita, você vai escrever lixo antes de dar um grande passo. Eu sei que isso soa terrí­velmente tedioso, mas é mais produtivo planejar exatamente onde você quer ir quando você se senta para escrever sobre algo.

Onde você pegou a idéia do Chapéu Seletor?
Aquilo foi um pouco de trabalho duro. Primeiro, eu considerei as várias maneiras diferentes de selecionar as coisas. Tirar nomes de um chapéu foi a única que continuava voltando á mim. Entáo eu deformei um pouco a idéia e surgiu um chapéu falante que podia fazer decisões. Há mais coisas do Chapéu Seletor do que vocês já leram sobre nos três primeiros livros. Leitores descobrirão no que o Chapéu Seletor se tornará enquanto entram nos livros futuros.

O que você mais quer dos seus leitores?
O que faz da leitura algo único é que é uma experiência muito pessoal. Meus leitores têm que trabalhar comigo para criar a experiência. Eles têm que trazer sua imaginação até a história. Ninguém vê um livro do mesmo jeito, ninguém vê os personagens do mesmo jeito. Como um leitor, você os imagina na sua própria mente. Então, juntos, como autora e leitor, nós temos os dois criado a história. Ler, não é como assistir um filme ou televisão, porque nós dois vemos a mesma imagem e isso é uma experiência muito passiva. Ler, é uma experiência ativa porque você leva sua imaginação a isso. Quando você faz isso, o leitor e o escritor tem meio que uma conversa. Em uma boa história, o leitor está muito alerta do que está na mente do autor. É isso que faz da leitura algo especial.

Como você surgiu com todos aquele nomes para pessoas, comidas, feitiços, jogos, e animais?
Alguns dos nomes são inventados, mas eu também coleciono alguns nomes pouco comuns e palavras e as uso onde elas se encaixam. Por exemplo, Malfoy e Voldemort são nomes inventados. Dumbledore, por outro lado é uma palavra em Inglês Antigo que significa abelha grande. Hagrid, que por acaso é um dos meus personagens favoritos, tambêm vem de uma palavra em Inglês Antigo – atormentado, significa ter uma noite de pesadelos. Eu pego nomes de lugares também. Dursley é um lugar na Grã-Bretanha como é Snape. Hedwiges era uma santa. A palavra para humanos não-mágicos, trouxas (muggles), é uma mudança na palavra em inglês assalto (mug), que significa ser facilmente enganado. Eu tornei isso em trouxas (muggles) porque soa mais gentil. Justamente, bons bruxos gostam de trouxas e os tratam muito gentilmente.

Quando você escreve algo, você já estragou algo e teve de recomeçar?
Eu faço estragos todo o tempo. Na verdade, há um capí­tulo no livro que estou escrevendo agora que está me dando um bom trabalho. Já escrevi oito versões diferentes do capí­tulo. Esse é um capí­tulo muito importante e algo muito essencial acontece. Estou tendo problemas em fazer ele parecer certo e isso é muito decepcionante.

Você sabe como é a aparência dos pais de Harry?
Sim. Eu já até desenhei uma figura de como eles se parecem. Harry tem as feições bonitas de sua mãe e seu pai. Mas ele tem os olhos de sua mãe e isso é muito importante em um livro futuro.

A magia dos livros é real ou você a inventou?
Eu tenho feito uma quantia saudável de pesquisa sobre o assunto folclórico e a história da magia. Quanto a magia nos livros, aproximadamente um terço dela é baseada no que as pessoas costumavam acreditar e aproximadamente dois terços eu inventei. Os dementadores são criaturas que eu criei, mas o hipogrifo é algo que as pessoas costumavam acreditar que existia. Eu me divirto tomando liberdades com magia, mas ninguém nunca poderia querer usar os meus livros como referência. Eu não acredito em magia como ela é retratadas nos livros.

Haverá um filme de Harry Poter?
Haverá um filme de Harry Poter. Não será um desenho animado. A Warner Brothers está fazendo o filme e eu os escolhi porque eles queriam que fosse ao vivo. Eu mal posso esperar para ver como eles vão conseguir um jogo de quadribol.

Por que você acha que seus livros são tão populares?
Eu acho que uma das razões que as histórias de Harry são atraentes é que ele tem que aceitar fardos adultos em sua vida, embora ele seja uma criança. Ele é um herói a moda antiga. O que eu quero dizer com isso é que há suficiente fraquezas humanas em Harry que pessoas de todas as idades se identificam com ele, mas ele também é uma honrosa, admirável pessoa. Harry só consegue chegar a certo ponto em uma aventura se quebrar algumas regras. Seu papel particular no grupo [de três amigos] é consciência. Ele vai quebrar a regra se ele acha que o que ele está fazendo é para o bem maior. Mas ele tem um fundamental senso de honra, e ele aprende que as escolhas que uma pessoa faz mostram mais do que você e suas habilidades. Eu também gostaria de pensar que meus leitores gostam das minhas histórias simplesmente porque elas são boas histórias. Eu me diverti muito escrevendo-as e espero que as crianças também se divirtam lendo-as.

Traduzido por: Frederico Oliveira em 19/01/2006.
Revisado por: Rafael Fontenelle em 23/01/2006 e Vinicius Alvarez em 08/03/2008.
Postado por: Fernando Nery Filho em 04/05/2007.
Entrevista original no Accio Quote aqui.