McKelway, Bill. “Três histórias prontas e uma quarta chegando”. Richmond Times-Dispatch (Richmond, Virginia), 21 de outubro de 1999.

A sensação editorial britânica, J.K. Rowling, deu uma espirituosa defesa hoje para seus premiados livros, a série popular “Harry Potter”, descrevendo-os como ligados ás narrativas de povos de outros séculos e cuidadosos com a nobreza da juventude.

Em seções de autógrafos que reuniram milhares de fãs, em entrevistas e em um programa de rádio, Rowling disse que ainda está maravilhada com seu sucesso, e que está determinada a permanecer fiel ao seu rico acompanhamento dos personagens, e censurou os crí­ticos que cogitaram a remoção de seus livros das escolas e livrarias públicas.

“Se banirmos cada livro infantil que menciona magia, bruxos ou bruxas, estaremos removendo três-quartos dos clássicos infantis das livrarias”, disse ela ontem aos ouvintes de um programa de rádio britânico depois da seção de autógrafos na terça-feira, que consumiu mais de seis horas.

Rowling, uma mulher de 34 anos de idade, formada como professora e mãe solteira, que mora em Edimburgo, Escócia, está no meio de uma série lançada há 3 anos que virou fenómeno e ultrapassou 12 milhões de cópias de seus três primeiros livros impressas em todo o mundo.

Em um determinado ponto, os três livros consecutivos ficaram no topo da lista de best-seller no The New York Times. Ordens na internet estão reforçando a mudança em precedentes no comércio internacional da venda dos livros.

O sucesso dos livros também atraiu criíticas, é claro, a maioria de grupos que pediram a remoção dos livros de lugares públicos, por seu envolvimento com fantasia, histórias de magia e mortes enigmáticas.

Os livros, que Rowling disse que serão em sete volumes, tratam da maturidade e educação de um jovem maltratado e órfão, Harry Potter, que gradualmente aprende detalhes da morte de seus pais e de seus poderes como bruxo.

“Eu não estou empenhada em ensinar algo ás crianças, mas algumas coisas vêm com naturalidade na história, que está de acordo com a moral, pois é uma batalha entre o bem e o mal”, disse Rowling.

“Mas eu penso que apresentar às crianças que a vida só é fácil, quando elas sabem que ela pode ser bem difí­cil, não é uma má idéia. Harry é um garoto humano. Comete erros, mas acredito que ele seja um personagem nobre, bravo. Ele luta para fazer a coisa certa.

“Acho que ver personagens fictiícios lidando com esse monte de coisas pode ser muito útil”.

Rowling estava temporariamente desempregada, em assistência pública e voltada para uma filha de um casamento falido, quando os direitos de seu primeiro Harry Potter foram vendidos em 1997 á uma editora em Londres por US$4.000.

Ela imaginou o personagem de Harry numa viagem de trem em Londres, 1990. E sobre sua fama ela disse: “Só poderia estar louca para esperar tudo isso”.

“Eu imaginava estar escrevendo um pequeno livro que poucas pessoas iriam gostar”.

Severa na defesa de seus livros, sutilmente recusável a qualquer menção de que ela acredita em magia, e respeitavelmente atenciosa com seus admiradores, Rowling disse que está quase no fim de um quarto livro e que todos os sete têm sido esquematizados durante anos.

“Não irei dizer”, disse ela repetidamente quando foi questionada sobre os interesses amorosos de Harry, acontecimentos na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e o futuro de Voldemort, o personagem que impõe a maldade na vida de Harry.

A viagem de divulgação do livro, que segue hoje para Atlanta e lá termina dia 1º de novembro, está reunindo milhares de admiradores, muitos com vestes de bruxos e quase todos com cicatrizes na testa como seu herói.

“Sim, esta foi a primeira vez que eu fiz uma cicatriz”, disse Anne Greene, uma senhora de 74 anos de idade, que se juntou ás suas duas netas e uma multidão de mais de mil e quatrocentas pessoas numa livraria na seção de autógrafos na noite de terça-feira em Fairfax.

“Eles são maravilhosos”, disse Greene sobre os livros. “Eu só lamento eles náo terem existido em minha infância”.

A neta Alison, 12 anos, que recentemente retornou de Praga para os Estados Unidos com seus pais, do serviço estrangeiro, disse que Harry Potter é mais excitante que assustador.

“Especialmente comparado a Praga, onde você só encontra livros de Kafka (autor tcheco) em todos os lugares”, disse seu pai, John Beyrle.

Rowling transformou as seções de autógrafo em arte, contudo seus olhos cansados e a cabeça curvada nos lembra a referência de um de seus personagens sobre a fama ser algo difí­cil de lidar.

“Ela é incrí­vel”, disse a Pottermaní­aca Collen Blessing, que assistiu por uma janela Rowling dando autógrafos, enquanto ela e seus filhos aguardavam na fila.

“Eu contei 480 autógrafos em 32 minutos, ou seja, 15 a cada minuto, o que significa que nós vamos conseguir um livro autografado”.

“Está sendo legal”, disse ela. “Encontramos amigos, comida e varinhas”.

Um porta-voz para escolas, livrarias e bibliotecas em Richmond disse que o interesse nos livros da série eram sem precedentes. Eles estavam inconscientes de quaisquer reclamações.

“Qualquer coisa, estamos requisitando mais cópias dos livros”, disse um porta-voz em Powhatan.

Na Barnes & Bamp; Nobles Booksellers em Huguenot Road, uma festa sobre Harry Potter está programada para o dia 20 de novembro.

“Em nossa loja, como em todos os lugares, os livros de Harry Potter estão vendendo muito bem”, disse June Stephenson, diretor de relações comunitárias na loja em Huguenot.

Como os trouxas, ou comunidade não-mágica, se identificam com a linguagem fascinante de Rowling, sua trama entrelaçada e referências suavemente encobertas a lendas que vão do Rei Artur ao Rei Jaime, o pedido para mais livros está aumentando e mesmo a audiência da televisão está diminuindo.

“Eu parei de assistir essas coisas”, disse Megan Kelly, 12 anos, em Fairfax. “Com exceção de Xena”, completou ela.

“Eu vou ter gasto 13 anos com Harry Potter. Por um tempo ficarei como em luto, uma sensação de perda para mim”, disse Rowling sobre o seu último livro.

Na casa Buffy and Doug Harwood em Richmond, onde Ethan, 8 anos, leu os três primeiros livros para seu irmãozinho de 6 anos de idade, Zach, apenas o quarto livro agora já serve.

“Ethan disse outra noite que se o livro não chegar aqui rápido, ele mesmo irá escrevê-lo”, disse a mãe dele.

Link para este arquivo de jornal: http://www.archivesva.com/

Traduzido por: Lucas Gabriel em 10/06/2006.
Revisado por: Helena Alves em 20/06/2006, Vinicius Alvarez em 02/03/2008 e Antônio Carlos de M. Neto em 22/03/2008.
Postado por: Fernando Nery Filho em 04/05/2007.
Entrevista original no Accio Quote aqui.