HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE
Assim se filma Harry Potter

Wikén ~ Alfonso Daniels
22 de março de 2008

Estivemos no set de “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” e descobrimos os truques do menino bruxo mais popular do cinema.

Harry existe sim

Não é só um personagem literário ou uma moda explosiva. Existe aqui e agora, na filmagem de “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, que Wikén tem acesso exclusivo.
Estamos no set desta aventura e, de repente, vemos o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Severo Snape (Alan Rickman) no banco de trás de um carro. Mais adiante, a lanchonete está cheia de figurantes que representam bruxos e professores de magia, fazendo fila com suas bandejas durante o almoço. Já foram três meses de filmagem e faltam mais três, mas tudo parece estar sob controle, com a estréia no Chile prevista para o dia 21 de novembro. “Será muito triste quando tudo acabar” comenta Daniel Radcliffe, intérprete de Harry Potter, referindo-se ao momento em que tenham que filmar o sétimo e último filme da saga previsto para o ano que vem. “Sentirei falta de interpretar o Harry, mas principalmente do pessoal do set”, acrescenta.
Ao contrário do que se espera, o sexto e penúltimo filme da saga não será tão sombrio quanto o anterior. Apesar de saber o final trágico do mentor de Harry, Alvo Dumbledore (Michael Gambon), o filme gira em torno do desajeitado e cômico romance entre Harry e Gina (interpretada por Bonnie Wright, lançada no segundo filme), irmã de seu amigo íntimo, Rony.
Sobre o assunto, Radcliffe comenta: “É uma história complexa, não é um romance simples, porque Harry é muito amigo de Rony, e Gina é irmã dele e Harry sente que está pisando em ovos”. Segundo o diretor, David Yates, “o quinto (filme) foi bastante intenso, mas este tem mais comédia (…) tem muitas sutilezas na relação, muita tensão sexual e emocional”. O filme promete também muita ação e bastante magia e incluirá pelo menos uma cena que não aparece no livro.

POTTERLANDIA

Entrar nos estúdios Leavesden, situados a uns 40 quilômetros ao norte de Londres, e onde trabalham mais de 1500 pessoas, é ingressar em outro mundo, onde reina um ambiente cheio de otimismo. Onde nada parece impossível. Neste lugar se produz quase tudo, desde os animais e monstros que participam do filme (durante nossa visita estavam criando um gato pêlo por pêlo, literalmente) até o vestuário dos atores, passando pelos sofisticados cenários. “Uau” é a única expressão possível diante do Salão Principal, onde são feitas as refeições. Ao lado, subindo alguns degraus, o visitante topa com as camas dos garotos com pequenos pôsteres e livros ao lado nas mesinhas de cabeceira, detalhes que jamais poderão ser apreciados no filme. A filmagem acontece em um hangar onde se fabricavam motores Rolls Royce para aviões de guerra durante a Segunda Guerra Mundial. Ao redor se estendem campos verdes junto a uma estrada principal e a um lado – de surpresa – se sobressai uma fileira de fachadas falsas, entre as quais se destaca a casa de Sirius Black. Diferente de outros estúdios, aqui só se grava um filme – Harry Potter – , assim possivelmente seus dias estão contados. Todo este ir e vir de pessoas se interrompe de repente ao soar de uma campainha. “Vamos lá, câmera, ação!”, exclama o diretor e começa a filmagem.

SE ALONGA O FINAL

Na cena que Wikén presenciou durante um dia de gravação, o novo professor da escola de Hogwarts, Horácio Slughorn (pelo ator britânico Jim Broadbent, conhecido por papéis secundários em clássicos como “Brazil” e “Ricardo III”), celebra uma festa de Natal para os estudantes em seus aposentos e caminha de grupo em grupo conversando com os convidados, tentando conseguir favores de seus alunos preferidos.
Atrás da segunda tomada, a equipe de filmagem contempla a repetição da cena através de monitores. O diretor David Yates sai e dá algumas instruções. A alguns metros, os atores de outras cenas esperam sérios e concentrados, sentados em cadeiras de plástico brancas dispostas fora do cenário onde estão gravando.

Outra vez a campainha soa e continua a ação.

Assim se filma, dia após dia e com paciência de formiga, uma viagem que tem durado sete anos e que será ampliada um pouco mais, já que os produtores decidiram dividir o sétimo e último filme em duas partes.
“O único problema é que as pessoas poderiam pensar que queremos aproveitar nossa última oportunidade para ganhar mais dinheiro, mas a grande vantagem é que não teríamos a batalha de sempre para comprimir todo o livro em duas horas”, comenta o produtor Peter Barron, e esclarece que os dois filmes terão que se sustentar sozinhos. E enquanto os produtores decidem como fazê-lo e a que diretor contratar para o último capítulo da série, a gravação da sexta parte continua em meio ao mundo mágico de Harry.