Rogers, Shelagh. “Entrevista: J.K. Rowling”. This Morning (CBC), 23 de outubro de 2000.

Não é sempre que um autor vende milhões de cópias de seu primeiro romance e seu nome torna-se familiar. Mas J.K. Rowling o fez. A autora da série de livros sobre Harry Potter, loucamente popular, está aqui esta manhã. Também está aqui Lauren McCormick de onze anos de idade, moradora de Little Current, Ontário.

Lauren foi uma das centenas de crianças que ligaram para nós, de todo o país, para disputar o concurso “Eu quero entrevistar J.K. Rowling“, e ela foi a vencedora. Lauren chegou ao nosso estúdio com sua própria relação de perguntas para a escritora responsável por transformar milhares de crianças em leitores assíduos.

Shelagh Rogers: Eu gostaria de explicar que Lauren dividirá conosco a entrevista de Jo Rowling — nós fomos instruídos a chamá-la de Jo, você não gosta de Joanne?

J.K. Rowling: Ninguém nunca me chamou de Joanne quando eu era nova, a não ser que a pessoa estivesse brava.

Rogers: Nós vamos fazer algumas das perguntas, que chegaram por telefone, de crianças de todo o país. Lauren, vou passar esta tarefa a você.

Lauren McCormick: Esta é a sua primeira viagem ao Canadá?

Rowling: É a minha primeira viagem ao Canadá. Eu sempre quis vir aqui. Quando eu tinha por volta de oito anos de idade, meu pai recebeu uma oferta de vir para cá a trabalho durante um ano. Por um momento nós pensamos que realmente viríamos morar no Canadá e ficamos muito animados. Mas não deu certo. Ficamos bem desapontados.

Lauren: Onde sua filha fica enquanto você está viajando?

Rowling: Isso depende. Algumas vezes ela vem comigo, desta vez ela está sob os cuidados de minha irmã, que é uma espécie de “segunda mãe”.

Rogers: Como você pensou que o Canadá seria?

Rowling: Bonito, e não me decepcionei. Nós fomos ao Niágara ontem. Todos nós temos uma lista de “Coisas a Fazer” durante nossas vidas e visitar o Niágara era uma das minhas.

Rogers: Charles Dickens uma vez disse que as Cataratas do Niágara eram a segunda coisa mais decepcionante para um casal em lua-de-mel. [risos]

Rowling: Pobre Charles, ele tinha problemas.

Lauren: Eu recebi um convite por correio para me matricular na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Ele foi enviado secretamente para mim por minha avó, antes dela morrer… eu tinha dez anos quando a recebi. Eu sabia que não era real. Eu tenho capacidade de dizer a diferença entre o real e o imaginário. Há algum mal em permitir que uma criança fantasie?

Rowling: Eu não acho que há mal algum em permitir que uma criança fantasie. De fato, eu acho que fazer com que as pessoas parem de fantasiar é realmente algo muito destrutivo. Você é uma típica criança que absolutamente sabe diferenciar a realidade da fantasia.

Rogers: Lauren, o que você pensa sobre isso?

Lauren: Eu penso da mesma forma que a Jo.

Rogers: Realidade e fantasia são ambos importantes para você então, certo?

Lauren: Sim.

Rowling: Mas receber uma carta como aquela, é maravilhoso. Você sabe que é uma antiga descrente. Boa avó.

Rogers: Alguns de meus amigos e alguns amigos de Lauren não tiveram permissão para ler os livros da série, certo Lauren?

Lauren: Certo.

Rogers: Houveram algumas controvérsias, em certas partes do país, sobre bruxaria e adoração ao demônio e estes tipos de coisas. O que você diz sobre isso?

Rowling: Eu já fui muito questionada sobre isso, como você pode imaginar. Primeiro de tudo, eu perguntaria se eles de fato leram os livros. Eu realmente perguntaria isto. Estes livros não são sobre adoração ao demônio, absolutamente.

Eu oscilei entre me sentir ligeiramente aborrecida por estar sendo tão mal representada, e achar tudo bem engraçado. Porque é ridículo que alguém diria aquilo sobre estes livros. Eu acho que qualquer um que tenha realmente os lido concordaria com isto. Mas sempre há uma pessoa maldosa que não consegue ver o que está logo embaixo de seu nariz, é isso aí.

Rogers: Jo, há muita diversão e fantasia nos livros, mas também há lições de vida nestas histórias. O que você pretendia escrever quando começou?

Rowling: Inicialmente, eu pretendia escrever uma história. Nem mais nem menos que isto. Eu amo histórias. Nós precisamos de histórias, eu acho.

Toda “mensagem” – e eu coloco isto em “grandes” aspas porque eu não as escrevo para ensinar às pessoas coisas específicas… eu nunca me sento ao começar um romance pensando ‘Qual é a lição de hoje’?

Aquelas lições, elas surgem naturalmente nos livros e suponho que elas venham naturalmente de mim.

Rogers: Eu ouvi que no quinto volume, que está prestes a ser lançado, Harry terá que lidar com a morte.

Rowling: Harry já lidou com a morte, de fato. Ele perdeu os pais quando era muito novo, no livro quatro ele testemunhou um assassinato, que é uma coisa muito perturbadora. Então não é novidade para ninguém que vem acompanhando a série, que a morte é um tema central dos livros. Mas, sim, eu acho que seria certo dizer que no livro cinco ele tem de examinar exatamente o que a morte significa, bem de perto. Mas não acho que aqueles que têm acompanhado a série ficarão tão surpresos com isso.

Lauren: Em todos os seus livros, um tema contínuo é que as pessoas não são o que parecem ser. Algumas vezes elas parecem perigosas, e são boas. Outras vezes, pessoas que ajudam muito são más. Parece que o Harry está sendo ensinado a esquecer as primeiras impressões e a suspeitar das pessoas. Você acha que isso é algo que as crianças precisam aprender mais do que outras gerações precisaram?

Rowling: Você está certa, este é um tema recorrente nos livros. As pessoas são sempre surpreendentes. Só pessoas muito saturadas pensam que conhecem todos os tipo de nuances da natureza humana.

Algumas vezes, me perguntam ‘Qual seria a sua receita para uma vida mais feliz?’ e eu sempre digo ‘Um pouco mais de tolerância para todos nós’.

Uma maneira de aprender a ter tolerância é aproveitar um tempo para realmente entender os motivos da outra pessoa. Sim, você está certa. Harry está frequentemente tendo primeiras impressões erradas de alguém e ele precisa aprender a olhar por baixo da superfície. Quando olha por baixo da superfície ele, algumas vezes, descobriu que estava sendo enganado pelas pessoas. E em outras ocasiões ele teve ótimas surpresas.

Rogers: Seus livros trouxeram um tipo interesse renovado pelo Latim.

Rowling: [risos] Eu voltei a minha antiga universidade recentemente, onde me formei em Francês e Literatura Clássica. Eu tive de fazer um discurso, que era bem difícil porque eu estava falando para pessoas muito cultas, algumas das quais costumavam me criticar por evitar palestras. E eu disse em meu discurso ‘Eu sou uma das poucas pessoas que encontrou uma aplicação prática para sua formação clássica’.

Isso simplesmente me divertiu, a idéia de que os bruxos ainda estariam usando o Latim como um idioma vivo, embora seja isto, como os estudiosos de Latim saberão… eu usei livremente com o idioma para os feitiços. Eu vejo isso como um tipo de variação da linguagem que os bruxos estão usando.

Lauren: Eu estive me perguntando, como você era quando criança?

Rowling: Eu diria, basicamente, bem introvertida. Bem insegura. Eu era como Hermione. Hermione é a personagem que é mais conscientemente baseada em uma pessoa real, e esta pessoa sou eu. Ela é uma versão exagerada de como eu era. Mas como todas as personagens que puderam ser inspirados em uma pessoa real – e eles são a minoria nos meus livros, a maioria das personagens vieram da minha imaginação – eles assumem uma vida inteiramente própria quando viram personagens fictícios. O ponto de partida frequentemente termina a milhares de milhas de distância de como o personagem foi escrito pela primeira vez. Mas Hermione não. Ela é muito parecida comigo quando eu era mais jovem.

Rogers: Como foi seu período escolar?

Rowling: Nós mudamos de uma escola em Bristol, que é obviamente uma cidade grande, para uma outra em uma vila minúscula e eu odiei. As carteiras ainda tinham suportes para tinteiros e minha professora era um verdadeiro dragão, que agora está morta, então eu posso falar isso livremente. Ela costumava acomodar todos na classe de acordo com quão inteligente ela achava que a pessoa fosse, o que é algo realmente ruim de fazer.

Ela me fez algumas perguntas logo que cheguei à classe, descobriu que eu não conseguia resolver frações, e me colocou na fileira dos ‘sem inteligência’. Então, depois de alguns meses de aulas, a professora decidiu que eu havia sido colocada no lugar errado, então me fez trocar de lugar com minha melhor amiga na fileira dos ‘inteligentes’. Aquilo foi uma lição muito cruel e que aconteceu cedo em minha vida. Não seja tão inteligente, isto faz com que você perca seus amigos.

Então eu não posso dizer que eu tenha lembranças particularmente felizes daquela escola.

Lauren: Por que você acha que seus livros interessam aos adultos, assim como as crianças?

Rowling: Eu apenas posso especular sobre isso realmente, sou uma péssima crítica do meu próprio trabalho. Estou muito próxima dele, e acho bem difícil dizer por que penso que as coisas são tão populares, e por aí vai. Eu suponho que seja porque eu escrevo sobre coisas que acho engraçadas, e não coisas que eu penso que crianças de oito anos acham engraçado. E suponho que outros adultos acham engraçado também, sou claramente uma adulta.

Rogers: Mas você tem uma criança em sua vida.

Rowling: Eu tenho uma criança em minha vida, bem no centro de minha vida, minha filha Jessica. Ela tem sete anos.

Rogers: E ela lê a série com você?

Rowling: Inicialmente, eu disse que não os leria para ela até que ela atingisse sete anos, porque acho que alguns dos temas são um pouco demais para uma criança de cinco anos de idade. Mas eu cedi e comecei a lê-los quando ela tinha seis anos, pois ela estava na escola e era cercada por crianças que faziam perguntas sobre Harry Potter. Eu achei que aquilo era egoísta, porque ela não fazia parte de uma parte enorme da minha vida e senti que estava excluindo-a, então eu os li para ela.

Rogers: Muitas crianças nos disseram que leram seus livros de novo, e de novo, e de novo. Qual você acha que seja a diferença entre o modo como as crianças lêem do modo como os adultos lêem?

Rowling: Eu não estou certa de que haja um grande diferença.

Rogers: Você acha que um adulto releria um livro?

Rowling: Eu releio, constantemente. Eu posso citar literalmente grandes trechos dos meus livros favoritos, eu os li muitas vezes. Eu perdi a conta de quantas vezes eu li alguns livros.

Rogers: Quais são seus livros favoritos?

Rowling: Qualquer um escrito por Jane Austen ou Roddy Doyle. Eles são meus dois escritores favoritos… se eu estiver realmente cansada e quiser apenas uma leitura rápida, eu lerei uma romance de mistério. Mas eu nunca releria uma romance de mistério, seria muito estúpido, uma vez que você já descobriu quem é o assassino.

Rogers: Lauren, qual seria a coisa número um que você gostaria de saber de Jo?

Lauren: Bem, como uma série de livros pode ter tanto efeito sobre seus leitores e não leitores? E ao mesmo tempo, as diretorias das escolas estão banindo-os de seus currículos.

Rowling: Hmmmm… uma pergunta perspicaz. É difícil também. Eu descobri que a série parece causar emoções muito conflitantes nas pessoas, geralmente. Por exemplo, na Grã-Bretanha, os dois grupos de pessoas que parecem pensar que estou sinceramente do lado deles são os que apóiam o sistema de colégios internos e os praticantes de bruxaria – que são dois grupos que ninguém esperaria que se aliariam a alguma coisa.

De fato, ambos estão errados. Eu não acredito em colégios internos. Eu não mando minha filha para um colégio interno. Eu nem estudei em um. E não sou praticante de bruxaria, tampouco acredito em magia.

É apenas algo estranho. As pessoas tem me apresentado todo tipo de argumento possível. Eu tenho ouvido que, na evidência dos livros, devo ser tanto de direita quanto de esquerda. É bem bizarro – paixões extremas.

Rogers: Nós recebemos Joan Bodger, que é um das escritoras mais amadas do Canadá. Ela estava falando sobre Harry Potter depois de escutarmos as crianças. E ela disse que levou um tempo para compreender aonde as histórias a haviam levado, e finalmente ela definiu as histórias como sendo uma TV Land(1).

Rowling: TV Land? Não estou certa que tenha entendido esta.

Roger: Bem, as crianças realmente se identificam com as histórias porque elas são cheias de ação, de mudanças, de magia e as coisas acontecem com rapidez.

Rowling: É uma teoria. Eu não diria que seja uma que eu particularmente aprove, mas é uma boa teoria. [risos]

Laure: Na verdade, eu não assisto muito à TV em casa, e não acho que as histórias estejam relacionadas com TV Land. Eu acho que elas possuem realidade, cotidiano e também elementos dos tempos medievais – castelos, cavaleiros e essas coisas.

Rogers: Obrigado por esta resposta também Lauren… Alex Longland estava em nosso painel de jovens leitores – Eu estou adiantando nossas perguntas aqui. Alex é de Toronto. Ela tem 12 anos. E creio que hoje é também o aniversário dela!

Rowling: Feliz aniversário, Alex!

Rogers: Ela gostaria de saber por que uma escritora com uma filha…

Rowling: … escolheu escrever sobre um garoto?

Rogers: Exatamente.

Rowling: Bem, primeiramente eu deveria dizer que comecei a escrever sobre Harry em 1990, minha filha só nasceu em 1993. Mas ela está certa. É uma pergunta muito, muito, muito boa. E o que é estranho é que levei seis meses para, de repente, pensar sobre isso. Eu estava escrevendo sobre Harry há seis meses quando de repente parei e pensei, espere um momento. Por que ele é um garoto?

A resposta simples é que esta foi a maneira que ele surgiu para mim. Um garoto apareceu em meu cérebro – este pequeno magricela, com cabelos negros e usando óculos. E então eu escrevi sobre ele, porque ele foi o personagem que apareceu.

Mas parei e indaguei. Parei e pensei, não deveria ser Harriett? E naquela altura já era tarde demais. Era tarde demais, porque Harry era muito real para mim como um garoto. E Hermione estava comigo naquele momento, e sinto que ela é uma parte absolutamente indispensável do time. Eu a amo como personagem, e então não mudei. Eu quis continuar como minha inspiração inicial.

Harry está se interessando mais por garotas, digamos, a medida que fica mais velho. Agora ele está com 14 anos, e você descobrirá que as garotas estão ficando mais reais para ele. Na verdade, e o mais importante devido o livro ser contado obviamente pela perspectiva de um garoto. Mas isto está mudando agora.

Rogers: Você acha que a popularidade dos livros teria mudado se fossem contados do ponto de vista de Hermione ao invés de Harry Potter?

Rowling: Eu honestamente não sei. Mas então, isto não me teria feito parar de escrever. Se Hermione tivesse aparecido em minha cabeça como personagem principal, então eu teria escrito os livros desta maneira. Eu realmente nunca parei e pensei ‘Eu não farei isto porque não será popular’. Porque no dia que eu fizer isto eu poderei, muito bem, parar de escrever porque a graça, desde o começo, tem sido escrever para mim mesma. As únicas pessoas que eu sempre escutei foram meus editores, em relação a o que faz o livro melhor ou pior. E ocasionalmente eu discuti com eles e mantive a história do jeito que eu queria fazer.

Rogers: Quem venceu?

Rowling: Depende. Quer dizer, eu não sou uma tirana quanto a isto. Eu mudei algumas coisas quando eu achei que elas eram realmente válidas, e mudei coisas em outras ocasiões. Houveram trechos que achei realmente inaceitável mudar, eu queria mantê-los da maneira original, e fiz isso. Nunca foi algo doloroso – eu tenho bons editores.

McCormick: Esta é uma pergunta de Bridget de Toronto, e ela tem 12 anos de idade. Bridget está perguntando, “Por que você criou uma sociedade mágica onde homens e mulheres têm papéis tão tradicionais?” Parece que a maioria das bruxas só ficam em casa enquanto os homens fazem todo o trabalho “pesado”.

Rowling: [risos] Isto não é inteiramente verdade, pois se você olhar para a professora McGonagall, ela é uma bruxa muito, muito poderosa, e está em uma posição de poder. De fato, se você olhar para o quadro de funcionários de Hogwarts – eu discuti sobre isto com outra pessoa um dia desses – é exatamente meio a meio. Embora seja verdade que você tem um diretor ao invés de uma diretora, mas isto nem sempre foi o caso. Assim como você descobrirá, houveram números iguais de diretoras.

As bruxas só ficam em casa? Não. A senhora Weasley fica em casa, mas se você acha que é fácil criar sete filhos, incluindo Fred e Jorge Weasley, então eu tenho pena… [risos]. Mulheres que tenham sete crianças não verão isto como uma opção fácil.

Mas não, eu não acho que isto seja verdade. Eu disse isto antes. Eu, às vezes, me sinto frustrada com isso por estar ainda na metade da série. É como ser interrompida no meio de uma fala e alguém dizer, “Eu sei o que você vai dizer.” Não, você não sabe. Quando eu terminar, então nós poderemos ter esta discussão, porque no final do livro sete, eu poderei falar sobre tudo de uma maneira completa e franca. Mas no momento estamos apenas no meio do caminho.

Rogers: Serão sete… você já sabe isto?

Rowling: Mm hmmm. Eu sei exatamente o que irá acontecer no livro cinco, seis, e sete. E quando eu terminar a série, então poderemos ter uma discussão completa e franca, mas até lá, se eu der respostas completas e francas eu estarei deixando escapar coisas sobre a trama, e não quero fazer isto.

Rogers: Eu tenho que ir para outro membro de nosso painel: Graham, que tem onze anos de idade e é morador de Calgary. Esta é relacionada à pergunta de Alex, mas como você consegue pensar como um garoto? A pergunta exata é “Como você consegue pensar como um garoto? Você tem um irmão ou algo assim?”

Rowling: [risos] Você tem um irmão… “ou algo assim”? Não, eu tinha um primo, ele não está morto, mas eu não o vejo há anos e anos. Minha família é bem pequena – eu tenho poucos parentes de sangue, mas, na verdade, não os vejo há anos.

Como eu consigo pensar como um garoto? Eu acho que como sempre tive garotos e garotas como amigos, eu acho que provavelmente é de onde isto vem. Sim, eu tenho bons amigos homens e assim como amigas mulheres.

Rogers: Eu sei que quando você começou, você possivelmente não poderia ter imaginado como…

Rowling: Nunca, não. Eu teria que ter sido insana para imaginar isto.

Rogers: Bem… [risos] na verdade, eu ia perguntá-la sobre o SkyDome(2)!

Rowling: Obrigada! [risos] O que aconteceu com o SkyDome, realmente… Primeiramente, você pode imaginar, eu tenho milhares e milhares de pessoas que me convidam para fazer leituras em livrarias e escolas, e se eu fizesse todas, eu literalmente não dormiria, não comeria, não veria minha filha ou escreveria outra palavra. E eu não posso fazer isto.

Eu fui convidada no início deste ano, e eles disseram que seria uma grande leitura no SkyDome em Toronto. Eu estava me sentindo muito tensa naquele momento, pois eu estava no meio do livro quatro, e disse sim. E naquela altura, eu disse sim para muitas coisas apenas para fazer com que as pessoas parassem de me convidar para algo mais, porque eu realmente queria escrever. Então eu emergi da confusão que estava o livro quatro e percebi exatamente o quão grande a leitura seria. E fiquei apavorada. Então obrigada por me lembrar disto tão cedo esta manhã. [risos] Eu tento e bloqueio isto.

Rogers: Desculpe-me sobre isto. De qualquer forma, se você pode passar por isto com sucesso eu acho, realmente, que você pode passar com sucesso por qualquer coisa.

Rowling: Eu estou analisando desta maneira. Se eu posso fazer isto, é…

Rogers: Como você está se sentindo? Muitas pessoas lhe nomearam como uma espécie de embaixadora das mães solteiras. Você se sente desta maneira, e há algum estigma ainda associado em ser uma mãe solteira?

Rowling: Eu apenas posso falar sobre a Grã-Bretanha neste ponto, obviamente. Pais solteiros na Grã-Bretanha, talvez, não conseguem se dar bem em certos aspectos. Primeiramente, me sinto meio desconfortável sobre isto… ser chamada de embaixadora… porque eu senti que o que eu fiz não é uma coisa típica de se fazer, e foi talvez injusto dizer para outras mães solteiras que elas poderiam fazer o mesmo. Mas agora eu me tornei patrocinadora do “Conselho de Famílias de Pais Solteiros” da Grã-Bretanha, então eu estou lá tentando melhorar a situação de todos.

Fonte: http://radio.cbc.ca/programs/thismorning/sites/books/rowling_001023.html

Nosso agradecimento à Rachel Hunsaker por encontrar essa entrevista!

N.R.:
(1) Canal de TV a cabo.
(2) Estádio de esportes localizado no centro da cidade de Toronto, província canadense de Ontário.

Traduzido por: Luiz E. C. F em 31/01/2009.
Revisado por: Fabianne de Freitas em 18/02/2009.
Postado por: Vítor Werle em 24/02/2009.
Entrevista original no Accio Quote aqui.