ALAN RICKMAN
Alan Rickman – Explicando Snape
Unreel.co.uk
Não datada
Tradução: Fabianne de Freitas

Graças às suas performances como o terrorista Hans Gruber no original Duro de Matar e o Xerife de Nottingham em ‘Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões’ Alan Rickman é um dos mais importantes vilões do cinema. Levando isso em conta você pode pensar que ele era mais adequado ao papel de Lord Voldemort, no muito esperado lançamento de Novembro ‘Harry Potter e a Pedra Filosofal’, e não o Professor Snape – um papel que foi originalmente oferecido à Tim Roth. Mas Rickman construiu sua carreira desafiando as expectativas do público.

Seguindo seu sucesso com ‘Duro de Matar’ e ‘Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões’ ele foi sufocado por ofertas para interpretar papéis mais vis mas ele os recusou em favor de filmes como ‘Um Romance de Outro Mundo’, ‘Jogos de Ilusão’ e mais recentemente ‘Dogma’ e ‘Heróis Fora de órbita’. Na verdade sua decisão de se tornar um ator deve ter parecido inesperada na época pois significava sair da bem sucedida agência de design que ele havia montado para se tornar um aluno da Academia Real de Artes Dramática já não tão jovem, aos 27 anos.

Enquanto estudava na ARAD ele se manteve como assistente para Nigel Hawthorne e Sir Ralph Richardson e saiu após ganhar todos os prêmios estudantis que haviam. Uma longa carreira no teatro mas ele nunca foi muito proeminente até interpretar o papel de Valmont na versão para o teatro de ‘Ligações Perigosas’ no West End e depois na Broadway. Isso despertou a atenção de Hollywood e o levou ao papel de Hans Gruber em Duro de Matar.

Como ator ele traz um alto nível de inteligência e astúcia para cada papel que ele representa, ele sem esforço rouba a cena de muitos filmes e de muitos atores com os quais trabalha. Como pessoa ele é movido por um alto grau de consciência social, na verdade sua esposa Rima Horton foi candidata pelo Parlamento Trabalhista, mas sua consciência social é motivada menos por uma agenda política e mais por uma profunda harmonia que ele tem para com seus semelhantes. Você pode dizer que é essa harmonia que o permite representar muitos papéis diferentes com uma precisão infalível.

P: Você pode nos contar mais sobre seu personagem, o Professor Snape?
A: Bem ele é o Professor de Poções e o atual diretor da Casa Sonserina em Hogwarts – a escola de magia que Harry freqüenta, mas ele nutre uma ambição secreta de se tornar Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Porém ele não é tão apegado ao Harry provavelmente porque ele o considera muito popular para um aluno do primeiro ano, eu suponho. Eu acho que Snape é basicamente uma pessoa bem insegura, ele está sempre querendo ser algo mais que as pessoas respeitarão como um bruxo das trevas não somente um professor de escola. É por isso que ele inveja garotos mais populares e bem sucedidos como o Harry. Ele tem um lado bom e mesmo que Harry o aborreça ele não permite que isso o preocupe muito.

P: Quando você era jovem você também exercia uma profissão que você gostaria de deixar para poder ter outra atividade que as pessoas respeitariam mais, você acha que esse era o elemento de sua personalidade que você levou para interpretar Snape?
A:
Hum, essa é uma pergunta interessante, não tenho certeza se consigo responde-la. Não sei se estou apto para julgar isso, você teria que perguntar à alguém com quem eu conviva… família e colegas. Você usa a si mesmo em tudo que faz, mas ao mesmo tempo você tem que ter uma idéia clara de outra pessoa. De outra forma eu não vejo como você pode se entregar. Ele não sou eu. E também, talvez em épocas particulares de sua vida você reconheça certas partes como sendo próximas ao que você é agora do que há cinco anos. Mas não, cada papel deve ter sua vida própria na minha opinião – não sou só eu me desgastando pelo palco ou na tela.

P: O professor Snape é também um juiz de Quadribol, isso quer dizer que agora você domina todas as regras do jogo?
A:
Não. E não pretendo.

P: Esse primeiro filme sobre Harry Potter tem um elenco essencialmente britâncio mesmo sendo um filme de Hollywood, você foi muito franco em relação aos problemas com a indústria cinematográfica britânica, foi reanimador trabalhar com conterrâneos britânicos?
A:
O que eu mais gosto em trabalhar com atores britânicos é a proximidade dels com seus respectivos trabalhos, porque não é muito provável que eles fiquem famosos fazendo filmes britânicos eles não tem um senso de sua própria importância muito desenvolvido como algumas estrelas americanas conseguem desenvolver. É como [ o diretor] Chris [Columbus] disse ‘não existe um senso de ego em nenhuma das estrelas, nada daquelas coisas de Hollywood. Todos só vêm fazer seus trabalhos. Ninguém tem um cozinheiro ou um personal trainer´. Eu acho que todos consideram isso reanimador.

P: Então como é ser um ator britânico trabalhando principalmente em Hollywood?
A:
Quando você sai do avião na Inglaterra você tem que se encolher um pouco, fechar mais o casaco. Eu ando mais reto em L.A. É algo em como os ingleses são criados, o que somos ensinados que podemos esperar. Eu dirijo um carro em L.A . Eu não dirijo aqui. Eu me sinto mais responsável por mim mesmo. Eu não sonharia em estar lá fora como um ator procurando trabalho. Até eu dizer ´OK, eu vou montar uma tenda aqui e agitar uma bandeira com os dizeres ´ME DE UM EMPREGO´ – eu não conseguiria fazer isso. Mas eu gosto de estar lá: é nojento e maravilhoso. Como ir ao Dunkin’ Donuts almoçar todo dia.

P: O diretor Chris Columbus disse que a filha dele Eleanor foi uma grande ajudante como uma consultora extra-oficial do filme pois ela era uma grande fã dos livros sobre Harry Potter. Você teve algum consultor jovem?
A:
Minhas duas sobrinhas Claire and Amy leram os livros, eu não as consultei sobre a minha performance mas eu gosto de passar um tempo com elas sempre que posso. Fazemos todas essas coisas tolas – filmes, McDonald’s, Hamleys. Uma vez eu disse à elas que iríamos ao Hamleys escolher uma coisa para cada um. Elas marcharam diretamente para a prateleira da Barbie – eu não conseguia acreditar – bonecas horrendas com pernas pontudas e seios. Minha irmã não as veste de rosa ou com laços. Porém , seu eu tivesse filhos, eu gosto de pensar que deixaria eles usarem o que quisessem. Nenhum dos meus amigos acreditaria em mim, mas eu deixaria meus filhos andarem pela rua vestidos em lã rosa e plástico dourado.

P: Ou freqüentar uma escola de magia e bruxaria?
A:
Até isso.

P: Alan muito obrigado pela entrevista e boa sorte com o filme.
A:
Obrigado, foi um prazer.