“Coletiva de imprensa de J.K. Rowling sobre Pottermore”. The Leaky Cauldron, 23 de junho de 2011.

Como nós reportamos essa manhã, a autora de Harry Potter anunciou mais detalhes sobre o Pottermore essa manhã via um vídeo no YouTube e uma entrevista coletiva aberta para meios de comunicação selecionados. O Leaky agora tem a transcrição inteira da entrevista coletiva para leitura abaixo.

O Pottermore, como foi revelado, é um “website único e grátis que cria uma excitante experiência on-line em volta da leitura” dos livros de Harry Potter. A autora escreveu milhares de palavras de material novo “sobre personagens, lugares e objetos das amadas histórias, que vão informar, inspirar e entreter leitores enquanto eles fazem uma jornada pelos livros. O Pottermore irá incorporar mais tarde uma loja on-line onde as pessoas poderão comprar exclusivamente os muito esperados eBooks de Harry Potter, em sociedade com as editoras de J.K. Rowling no mundo todo, e tem como finalidade ser uma experiência de leitura on-line, estendendo a relevância de Harry Potter às novas gerações de leitores, enquanto ainda atraente para os fãs já existentes”.

JKR durante a entrevista coletiva:

“O Pottemore tem sido um jeito ótimo de retribuir aos leitores de Harry Potter, que fizeram dos livros um sucesso tão grande. Eu ainda estou recebendo uma enorme quantidade de correspondência – achei que o número teria diminuído até agora. Histórias, desenhos, sugestões que eu escreva prequências e sequências, todas as semanas.”

“Esse site é um jeito fantástico para que toda essa criatividade dos fãs continue. Tem sido uma experiência maravilhosa para mim, poder ser criativa nesse meio que não existia em 1990, quando eu tive a ideia para os livros. E vai ser um meio maravilhoso de introduzir a geração digital aos livros.”

“O projeto tem sido fenomenalmente emocionante. Nós temos trabalhado nele nos últimos dois anos e acho miraculoso que pouquíssimos fãs espertos tenham percebido o que estávamos fazendo. Alguns perceberam e foram muitos legais ao não nos delatar cedo. Tem sido um projeto excitante de se trabalhar com um time ótimo.”

Sobre a seleção das Casas:

“A seleção foi uma das coisas mais divertidas que eu fiz nesse projeto. Eu escrevi os livros durante 16 anos e, durante essa época, eu simplesmente tinha esse senso real de aonde as pessoas pertenciam, a que Casa elas pertenciam. Era uma coisa que eu fazia muito, inconscientemente, na maioria das vezes que eu conhecia novas pessoas.”

“Então, desenvolver essas diversas questões que são escolhidas aleatoriamente para cada usuário – de forma que você não vai necessariamente pegar as mesmas perguntas que seu amigo – eu achei que era bem importante que as pessoas não tivessem oportunidade de adivinhar o que significava Grifinória, por exemplo. Mas o emocionante para mim é que, se você não é selecionado para a Grifinória, se você é selecionado para uma das três outras Casas, você ganha um quarto de capítulo extra, porque você vai para seu Salão Comunal. Se você é colocado na Grifinória, você só segue o Harry. Mas se você vai para Lufa-Lufa, Corvinal ou Sonserina, você vai para seu próprio Salão Comunal, conhece seu próprio monitor, que vai te dizer sobre que famoso passou por sua Casa e qual a real natureza dela.”

“Na narrativa principal, você só vê as outras Casas pelos olhos dos três, meus três heróis. Basicamente, o que eu estou dizendo é que não é uma coisa terrível ser da Sonserina. E, de fato, eu sempre vi Grifinória e Sonserina como as Casas mais próximas. Acho que Harry mesmo poderia ter ido para qualquer uma das duas facilmente. Eu não acho que seja muito adivinhável. Você deve responder honestamente. Você só tem uma chance, é como um teste da Mensa, não há como voltar atrás, você tem que fazer direito da primeira vez.”

“Nós fizemos testes. Eu testei com minha família e todos ficaram onde eu achava que ficariam, e quando o time testou, você [para Tarek Nseir] disse que a maioria ficou na Corvinal. As únicas pessoas que ficaram na Sonserina estavam vestidas todas de preto. Então funciona.”

Como a ideia surgiu e quanto material novo existe?
“Eu diria que eu já tinha mais da metade do material escrito – e também escrevi novo conteúdo, particularmente na introdução para as Casas. Foi uma oportunidade divertida de olhar pra trás, repensar como seria se Harry tivesse seguido um rumo diferente. Então eu escrevi bastante.

[A ideia] veio de uma discussão entre nós, entre Neil [Blair] e eu. Nós sabíamos que havia uma grande demanda por eBooks, mas eu queria – se ia ser feito, eu queria que fosse mais do que só aquilo. Obviamente nós tínhamos tido muitos pedidos de todos os tipos de jogos e jogos on-line interativos etc. Eu queria puxar de volta para a leitura. Eu queria puxar de volta para a experiência literária, a experiência da história, e isso é o que emergiu dessas discussões. Então, nós começamos a trabalhar seriamente nisso cerca de dois anos atrás.”

Algum dia irá existir uma enciclopédia impressa?
“Se algum dia existirá um livro, eu não sei no momento. O mundo de certa forma me ultrapassou de forma que, em 1998, eu gerava muito mais material do que poderia ser colocado nos livros. Era simplesmente ridículo que alguém – eu pensava na época, gostaria de saber o significado da madeira das varinhas? Tudo isso estava na minha cabeça. Então o único jeito de botar isso para fora seria com um livro impresso.

Agora, você pode ir e olhar o significado da madeira da varinha assim que você consegue a sua. Você tem que ler tudo, mas é uma experiência muito rica fazer desse jeito.

Vai haver uma enciclopédia? Possivelmente. Eu diria duas coisas sobre a enciclopédia: em primeiro lugar, eu sempre digo e repito, quando eu fizer uma enciclopédia impressa eu gostaria que todo o lucro fosse para a caridade. Em 1998 eu nunca sonhei que poderia estar em uma posição na qual eu poderia criar uma grande fundação de caridade e pessoalmente fazer coisas para a caridade, e eu já fiz outros livros para caridade.

Outra coisa, isso é de graça. Você não tem que comprar nada para acessar o que você viu hoje. Você não tem que pagar para ter o material extra, você não tem que comprar nenhuma coisa para acessar o Pottermore e ter a experiência que você acabou de ver. Isso era muito importante para mim. Isso era sobre o retorno. A tecnologia agora existe para fazer alguma coisa fora dos livros e filmes para os fãs que existem.”

Você declarou que foi muito difícil dizer adeus a Harry Potter. Esse é um jeito de você poder ficar mais um pouco com seu namorado?
“É exatamente como um ex-namorado. É verdadeiro dizer que, ao terminar de escrever Harry, eu só tinha chorado tanto na minha vida quando minha mãe morreu. Eu nunca chorei por um homem tanto quanto eu chorei por Harry, nunca. Então, nós não estamos tendo encontros casuais, como você pode ver, e tem sido assim por dois anos e eu estive mantendo isso em segredo.

É surpreendente como eu entro e saio desse mundo. Eu vou ser completamente honesta: quando comecei a escrever notas ou quando eu gerei material novo, o que eu fiz em partes, eu só pensei que é extraordinário o quanto eu entro e saio dele facilmente, isso tem sido maravilhoso. Mas eu tenho um encerramento com Harry e eu acho importante dizer que eu não tenho planos de escrever outro livro. Esse tem sido um jeito extraordinário de manter contato com essa parte da minha vida, mas eu tenho muita certeza de que já terminei em relação aos livros. Mas foi divertido enquanto durou.”

[Em relação à correspondência para Jo e se isso vai reacender sua caixa postal]
“Eu amo a correspondência. Não toda a correspondência. Eu gosto de 99% da correspondência.
Os livros, é impossível superestimar o que Harry Potter foi para mim. Ele mudou minha vida completamente. Criativamente, eu amei. Não vai acontecer de novo comigo de forma nenhuma. Vai acontecer de novo com outra pessoa, vai existir uma nova série de livros que vai ser tão grande quanto. Eu adoro meus leitores. Eu amo meus leitores. Qualquer escritor gostaria de pensar que eles continuariam sendo lidos.

Eu pensei em uma pergunta que viria mais cedo, mas vou respondê-la espontaneamente agora, o debate entre livros impressos e eBooks: no meu ponto de vista, você não pode segurar o progresso. Os eBooks estão aqui, e estão para ficar. Pessoalmente, eu amo papel impresso, mas muito, muito recentemente, mais tarde que muita gente porque eu não sou muito adepta à tecnologia, de fato esse foi o primeiro ano que eu fiz o download de um eBook. E é miraculoso, para viajar e para crianças particularmente, carregar milhares de livros no seu bolso em um pequeno dispositivo é uma coisa extraordinária, então eu me sinto ótima em levar Harry para essa nova mídia. Mais eu ainda amo um livro impresso; acho que se pode aproveitar os dois.”

Você que criou o nome Pottermore?
“Sim. E eu estou bem orgulhosa disso. Nós tivemos muitas discussões sobre o nome, mas eu que criei.”

P: Você pode falar da decisão de ir direto aos consumidores? Imagino que a Apple e a Amazon não estejam felizes.
“Bom, eu não posso falar por ninguém. A decisão foi bem direta pra mim. Primeiro, significa que – quer dizer, Harry Potter é obviamente um fenômeno internacional e significa que, agora, pessoas de todos os lugares estão tendo a mesma experiência praticamente ao mesmo tempo. Uma grande parte dos fãs vai ter a oportunidade de receber a experiência no mesmo momento, o que era extremamente interessante para mim.

Eu sou fenomenalmente sortuda de ter os recursos para poder fazer isso eu mesma e por isso consegui fazer, acho eu, da maneira certa. Acho que isso é uma experiência fantástica e única que eu posso proporcionar em todos os sentidos. Ter tempo e achar as pessoas certas – TH_NK tem sido extraordinária – para dar vida a isso. Não havia nenhum outro meio de fazer isso para os fãs a não ser fazer eu mesma. Nem todo mundo podia fazer, eu compreendo isso, mas acho que foi certo para Harry Potter porque a base de fãs de Harry foi uma das primeiras, acho justo dizer, há uma enorme comunidade on-line e foi tão divertido pra mim, como autora, poder ter contato direto com meus fãs, e eu já tinha uma presença direta on-line, eu já tinha meu próprio website. Então isso não pareceu um passo enorme à frente. Era uma extensão do que já existia.”

Você pode falar mais do novo conteúdo do site e quais são suas partes favoritas?
“Eu mencionei – acho que minhas coisas favoritas são a seleção, que eu amei escrever, eu acho que se você entra em uma das outras três Casas sem ser a Grifinória, você acaba com uma parte extra daquele capítulo da Pedra Filosofal. Isso foi ótimo de escrever. E também as varinhas, eu entrei ridiculamente em detalhes sobre a madeira das varinhas, e o que os núcleos significam, e porque eles podem ter sido escolhidos e todos os detalhes sobre varinhas que eu já tinha ou que eu escrevi de novidade.

A história da Professora McGonagall, eu tinha por anos e anos, e achei que ela fosse encontrar de algum modo seu caminho até os livros, mas nunca aconteceu. Harry e McGonagall nunca tiveram uma conversa ou interação na qual seria plausível surgir isso, então eu fiquei com a história de um personagem de quem eu gostava muito sem lugar para colocar. Agora eu tenho um lugar. Isso foi tão satisfatório.”

Quanto há no site?
“Ah Deus, não sei. Muito. Há muito. 18.000 palavras no lançamento, mas ainda estou adicionando mais. Ainda estou procurando em caixas e eu vou escrever mais conforme formos chegando aos outros livros. De fato, eu já dei material sobro os outros seis livros. Nós temos trabalhado nisso por cerca de dois anos, então isso tem sido trabalhado por um longo tempo.”

Posso perguntar sobre Quadribol?
“Eu não acho que falei tudo de Quadribol ainda. Homens sempre me perguntam sobre Quadribol por causa do número, e eu amo gente geek então eu não digo isso de um jeito pejorativo, mas o número de homens geeks que vem falar comigo para discutir sobre Quadribol – eu seria bem mais rica se eu ganhasse uma libra para cada um. Eles acham que é ilógico. Mas não é ilógico e eu tinha um discurso de Dumbledore no primeiro livro que nunca chegou a ser publicado que explicava porque Quadribol não é ilógico, então em algum ponto eu vou botar isso no site. Obrigada por me lembrar.”

Traduzido por: Carolina Portela em 23 de julho de 2014.
Revisado por: Bárbara Waida em 23 de julho de 2014.
Postado por: Daniel Mählmann em 29 de julho de 2014.
Artigo original aqui