Johnstone, Anne. “Oh, escondendo-se atrás de um manto de sigilo”. The Herald, 27 de agosto de 1999.

Em nossa cobertura do Festival do Livro, Anne Johnstone descobriu que J.K. Rowling mudou fisicamente, mas não mentalmente.

Quando Harry Potter quer andar por aí sem ser detectado, ele veste uma Capa da Invisibilidade. Se sua criadora, J.K. Rowling, tivesse tido posse de tal peça de vestuário nesse verão, ela a teria usado com bastante freqüência.

Ontem, no Festival do Livro de Edinburgh, descobriu-se que ela havia se estabilizado para o próximo grande fato – saem os longos cabelos ruivos e o rosto pálido de “marca-registrada”, e entram cabelos castanhos alourados curtos e um visual levemente bronzeado, legado de um recente feriado fora do país.

Rowling gosta de conversar com pequenos grupos de crianças, mas fica claramente intimidada com grandes multidões. Ela começou tranqüilamente, lendo silenciosamente Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, emprestando à insubstancial Professora Trelawney um aceitável sotaque do idioma céltico, o galês.

Logo após, ela passou direto às questões, rapidamente reassumindo sua antiga postura (de professora), enquanto apontava para cada uma das crianças selecionadas. “O garoto no meio com cabelo de Weasley, depois a garota no fundo da sala com camisa amarela e cachinhos”.

Houveram poucas dicas sobre o quarto livro de Potter, atualmente em construção. Ela não revelou o título, mas deu um jeito de “soltar” que conheceremos os dois irmãos mais velhos de Rony Weasley, e que vamos testemunhar a “Copa Mundial de Quadribol”, uma espécie de mistura tridimensional de pólo e rugby, jogada sobre vassouras. “Será Irlanda contra Bulgária. Eu não revelarei de quem a Escócia perderá! Há um pequeno problema com multidões”, ela dá a dica. E também o desagradável Duda vai finalmente entrar numa dieta.

A escrita está se tornando mais fácil, “porque eu desenvolvi bastante uma parte dos personagens”.

Ela polidamente enfrentou uma situação constrangedora, quando perguntada sobre Raymond Briggs, um dos poucos nomes respeitados em literatura infantil que critica seus livros. “Eu seria inacreditavelmente arrogante se eu esperasse que o mundo inteiro amasse meus livros. Eu apenas gostaria de ter sido criticada por alguém cujos livros eu odeie”.

A compulsão de Rowling por escrever é impressionante. “Se eu pudesse sair daqui e ir direto escrever, eu iria, mas não posso. Aí está, a vida é cruel”.

Um “bom dia” significa aproximadamente nove horas de sólida escrita. “Eu chego no auge quando escrevo por um dia inteiro em um café. Eu sou realmente perigosa. Eu saio descontroladamente, cheia de cafeína, e compro um monte de coisas que eu não preciso”. O quarto livro não vai indo tão rápido quanto ela gostaria. Mas não é por causa do bloqueio que a afligiu dois anos atrás após a publicação de Harry Potter e a Pedra Filosofal, assim como não é por causa do antigo dilema de autores famosos – quanto mais bem sucedido se é, maior a pressão em promover, e mais difícil se torna achar tempo para escrever.

Durante a publicação de seu terceiro livro, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, no mês passado, sua negação em dar entrevistas acabou por explodir a histeria que já existia em torno do evento por parte do público. Um jornal colocou uma recompensa na autora, instruindo seus “zangões” a procurar fundo por ela. Até na porta da casa de seu pai eles bateram.

EXPLICA Rowling: “Eu não estava me escondendo. Eu apenas precisava trabalhar”. – e dizendo assim, soou exatamente como Hermione, a encantadora personagem feminina principal nos livros de Potter. Não surpreendentemente, Hermione é uma representação da própria Rowling quando adolescente. “Como ela, acho que eu era realmente irritante, apesar de não tão esperta”.

”A Bloomsburry tem sido incrível. Ela realmente me protegeu. Nos EUA é um pouco diferente. Os livros vão bem em vendas, mas poderiam ter um pouco mais de promoção”.

Ela concordou em fazer uma turnê de três semanas no mês que vem. Scholastic, sua editora americana, contratou um grupo de seguranças para protegê-la dos exércitos de fãs.

Oh, que a Firebolt de Harry suba acima de todos. Este vôo alto e preso ao chão se estabeleceria mesmo com uma Nimbus 2000.

Traduzido por: Rafael Fontenelle em 01/02/2006.
Revisado por: Helena Alves e Patricia M. D. de Abreu em 21/06/2006.
Postado por: Fernando Nery Filho em 05/05/2007.
Entrevista Original no Accio Quote aqui.