Anelli, Melissa e Spartz, Emerson. “The-Leaky-Cauldron e MuggleNet entrevistam Joanne Kathleen Rowling”. The Leaky Cauldron, 16 de julho de 2005.

AVISO: A totalidade desta entrevista está recheada de informações sobre o sexto livro – o que significa que se você não quiser ter uma surpresa estragada, ou ainda não leu o Enigma do Príncipe, ler esta entrevista não será bom para sua saúde. Esteja avisado!

EDIMBURGO, ESCÓCIA
Emerson Sparts, MuggleNet (ES): Com quem você discute Harry Potter?

JKR: Quando estou trabalhando nele, você quer dizer? Virtualmente, ninguém, o que é, para mim, uma condição necessária de trabalho, eu tenho uma reputação de ser reclusiva. Agora, lembrei, eu não tenho certeza que isto seja verdade na América, mas na Grã-Bretanha você realmente não lê um artigo sobre mim, e eu leio provavelmente uma centena do que está por aí então eu sei que deve estar acontecendo mais, sem a palavra reclusiva estar ligada a meu nome. Eu não sou reclusiva mesmo. O que eles querem dizer é que faço segredo e que não faço muito de – faço segredo porque para mim é uma condição necessária de trabalho. Não tem nada a ver com a franquia, não tem nada a ver com tentar proteger “o patrimônio” – eu odeio isto sendo chamado de “o patrimônio” – é porque eu acho que se você discute um trabalho enquanto ainda o faz você tende a dissipar a energia que precisa para fazê-lo.

Você vai encontrar, nós todos já encontramos, muita gente que vai a bares e discutem sobre os romances que estão escrevendo. Se eles estivessem escrevendo, eles estariam em casa escrevendo-o. Muito ocasionalmente eu devo dizer a Neil que, eu digo, eu tive um bom dia, ou que, sabe, eu escrevi uma piada engraçada, que me fez rir, qualquer coisa, mas eu nunca discutiria os detalhes. E uma vez que eu tenha entregue o manuscrito, então meus editores, e estes são Emma, que é minha editora no Reino Unido, e Arthur, que é meu editor americano, eles vêm o manuscrito ao mesmo tempo. Eles colaboram no que ambos acham sobre o livro e depois voltam a mim e sugerem coisas. Lógico, é bastante libertador uma vez que alguém já leu você poder discutir sobre isso, então você sabe que eu fiquei quieta por 18 meses enquanto estive trabalhando e então você tem essa explosão, porque você quer falar com alguém sobre aquilo agora, então Emma e Arthur são aqueles que recebem minhas primeiras efusões e depois é maravilhoso escutar o que eles pensam. Eles foram ambos muito positivos com este livro, eles gostaram muito dele. E depois temos argumentações também, obviamente.

ES: Esta é provavelmente uma pergunta estranha, mas quantas vezes você leu sua história?

JKR: Não é uma pergunta estranha, é uma pergunta bem válida porque uma vez que o livro é publicado eu raramente releio. Uma coisa engraçada acontece quando eu pego num livro para checar um fato o que obviamente faço muito, se eu começar a lê-lo, então eu fico centrada em mim mesmo e posso ler várias páginas e depois colocar ele de volta e voltar a fazer o que estava fazendo, mas eu nunca iria, se por exemplo eu estivesse indo ao banheiro, e quisesse algo pra ler, eu nunca pegaria um dos meus livros. Portanto, existem milhares de fãs que sabem dos livros muito melhor que eu sei. Minha única vantagem é que eu sei o que vai acontecer, e u tenho muita informação sobre o passado.

Melissa Anelli, The Leaky Cauldron (MA): Quantas caixas existem atualmente de informação anterior?

JKR: Isso é bem difícil de dizer porque eu sou tão desorganizada, mas sim, existem caixas. Estão principalmente em cadernos porque as histórias sobre o passado é tão valiosa, tão necessária que desta forma eu posso achar facilmente, porque u perco coisas. Então, é mais difícil perder um livro que se estivesse num pedaço de papel.

ES: Quando o livro sete sair, você vai manter o website para responder as perguntas?

JKR: Sim, eu não vejo o Website fechando, como na agitação da meia noite quando o sétimo livro estiver terminado. Não, definitivamente não. Eu acho que, eu possivelmente não poderia responder a todas as perguntas, porque o romance é a forma errada na qual, por exemplo, apresenta um catálogo das cores favoritas dos personagens. Mas as pessoas realmente querem saber – é este tipo de detalhe não é? Então, eu nunca vou responder tudo que um fã obsessivo gostaria de saber nos livros, e o Web site é outra forma de fazer isto.

Também, eu acho que as pessoas vão continuar a fazer teorias sobre os personagens mesmo no final do livro sete porque algumas pessoas são muito interessadas em certos personagens cujo passado não é tão importante para a história, eles não são principais para a história, então há uma grande abertura ali ainda para as fanfictions, do mesmo modo como existe, quero dizer – Jane Austen, sou uma grande fã de Jane Austen, e você se pergunta sobre a vida dos personagens no fim da história. Eles ainda existem, eles ainda vivem, você está preso a se perguntar, não é verdade? Mas eu estou tão certa quanto poderia que aquele sétimo será o fim da história, mesmo que eu receba muitos olhares pidões. “Só mais um!” Sim, eu acho que serão sete.

ES: Sete livros é uma série longa.

JKR: Sim, exatamente, eu não acho que vão dizer você amarelou, vamos lá!

MA: Se você fosse escrever algo mais sobre a série Harry Potter, seria sobre Harry Potter mesmo, ou outro personagem, ou um livro de referências?

JKR A coisa mais provável, eu já falei isto algumas vezes antes, seria uma enciclopédia na qual eu poderia me divertir com os personagens pequenos e onde poderia dar a biografia definitiva de todos os personagens.

MA: OK, uma questão muito, muito, muito importante do sexto livro. Snape é malvado?

JKR: [Quase rindo] Bem, você leu o livro, o que você acha?

ES: Ela está tentando você dizer categoricamente.

MA: Bem, existem alguns teoristas conspiradores, e existem pessoas que vão clamar por –

JKR: Um apego a alguma esperança desesperada [risos] –

ES: Sim!

MA: Sim!

ES: Como alguns shippers que conhecemos!

[Todos riem]

JKR: Bem, ok, eu sou óbvia – a relação Harry-Snape é agora pessoal, se não mais que a Harry-Voldemort. Eu não posso responder esta pergunta senão seria uma surpresa a menos, não é, o que quer que eu diga, e obviamente, ela tem um impacto enorme sobre o que irá acontecer quando eles se encontrarem de novo que eu não posso falar. E vamos encarar, vai criar 10.000 teorias e eu vou ter uma enorme ansiedade para lê-las, então [risos] eu sou malvada, mas eu simplesmente gosto das teorias, eu amo as teorias.

ES: Eu sei que Dumbledore gosta de ver o lado bom das pessoas, mas ele pareceu confiar ao ponto de não pensar algumas vezes.

[Risos] Sim, eu concordo. Eu concordo.

ES: Como pode alguém tão –

JKR: Inteligente –

ES: ser tão cego acerca de certas coisas?

JKR: Bem, há informações a vir no sétimo. Mas eu diria que foi demonstrado, particularmente nos livros cinco e seis, que um imenso poder cerebral não lhe protege de cometer erros emocionais e eu acho que Dumbledore realmente exemplifica isso. De fato, eu tenderia a pensar que ser tão, tão inteligente pode criar alguns problemas e isto aconteceu com Dumbledore, porque sua sabedoria o isolou, e eu acho que você pode ver isto nos livros, porque onde está sua igual onde está sua confidente, onde está sua parceira? Ele não tem nenhuma destas coisas. Ele é sempre aquele que cede, ele é sempre aquele que tem as idéias e tem o conhecimento. Então eu acho que isso, enquanto eu peço ao leitor para aceitar que McGonagall é uma segunda no comando muito valiosa, ela não é uma igual. Você tem uma resposta bastante em círculo, mas não posso chegar mais perto que isso.

ES: Não, esta foi uma ótima resposta.

MA: É interessante ver Dumbledore como sendo um solitário.

JKR: Eu o vejo como um isolado, e algumas pessoas me disseram corretamente como eu penso, que ele é desapegado. Minha irmã me disse num momento de frustração, quando Hagrid estava preso em sua cabana depois que Rita Skeeter tinha publicado que ele era um mestiço, e minha irmã me disse, “Por que Dumbledore não foi lá antes, por que Dumbledore não foi lá antes?” Eu disse que ele realmente precisava que Hagrid passasse por isto sozinho por um tempo e visse se ele sairia disto sozinho porque se ele saísse disso sozinho seria muito melhor para ele. “Bem, ele é muito desapegado, ele é muito frio, como você, ela disse! [Risos] O que ela quis dizer foi que ela correria imediatamente para ele e eu iria me afastar um pouco e dizer, “Vamos esperar e ver se ele sai dessa sozinho.” Eu não o deixaria esperando uma semana. Talvez uma tarde. Mas ela iria seguir ele até a cabana na hora.

ES: Esta é uma das minhas maiores dúvidas desde o terceiro livro – por quê Voldemort ofereceu tantas chances a Lílian para viver? Ele a deixaria viver de verdade?

JKR: Hm-rum.

ES: Por quê?

JKR: [silêncio] Não posso dizer. Mas ele ofereceu, você está absolutamente correto. Você não quer saber por que a morte de Tiago não protegeu Lílian e Harry? Aí está sua resposta, você respondeu sua própria pergunta, porque ela poderia viver e escolheu morrer. Tiago seria morto de qualquer forma. Você entende o que eu digo? Eu não quero dizer que Tiago não estava preparado; ele morreu tentando proteger sua família, mas ele seria assassinado de qualquer maneira. Ele não tinha – não foi dada nenhuma escolha a ele, então ele correu para isto por instinto, eu acho que existem distinções em coragem. Tiago era imensamente corajoso. Mas o calibre da coragem de Lílian foi, neste momento, muito maior, porque ela poderia ter se salvo. Agora qualquer mãe, qualquer mão normal teria feito o que Lílian fez. Então, deste modo, sua coragem também foi instintiva, mas ela teve tempo para escolher. Tiago não. É como um intruso entrar na sua casa, não é? Você iria instintivamente correr para cima dele. Mas no sangue frio, se te dissessem “Saia da frente,” sabe, o que você faria? Quer dizer, eu não acho que nenhuma mãe iria sair da frente de seu filho. Mas isto responde a essa pergunta? Ela conscientemente entregou sua vida. Ela tinha uma escolha clara –

ES: E Tiago não tinha.

JKR: Ele morreu claramente para tentar e proteger Harry e especificamente ser dado uma chance dessas? Não. É uma pequena escolha importantíssima, e existe mais sobre isso que eu falei, mas esta é a principal resposta.

MA: Ela sabia de alguma forma dos possíveis efeitos de se colocar na frente de Harry?

JKR: Não – porque como eu tentei deixar claro na série, isto nunca tinha acontecido antes. Ninguém jamais sobreviveu antes. E ninguém, portanto, sabia que isto podia ter acontecido.

MA: Então ninguém – Voldemort ou outra pessoa usando o Avada Kedavra – jamais deu a alguém uma escolha e então eles aceitaram essa opção [de morrer] –

JKR: Elas podem ter recebido uma escolha, mas não nesse caso em particular.

ES: Quando Sirius foi pego pela morte de Pettigrew e dos trouxas, ele realmente riu ou foi algo inventado para que ele parecesse ainda mais insano?

JKR: Se ele realmente riu? Sim, eu diria que sim. Bem, ele riu sim, porque eu o criei. Sirius, pra mim, ele é um tipo de extremos, você não sente isso do Sirius? Ele é um pouco de um louco. Eu realmente gosto dele como personagem e muitas pessoas realmente gostaram dele como personagem e ainda me perguntam quando ele voltará. [Risos] Mas Sirius tinha suas falhas – eu meio que já discuti isso antes – algumas falhas gritantes. Eu vejo Sirius como alguém que fosse um caso de crescimento interrompido. Acho que isso é visível na sua relação com o Harry na “Fênix”. Ele quer ver no Harry um amigo, e o que Harry deseja é um pai. O Harry está superando isso agora. Sirius não tinha o necessário para dar isso a ele.

O riso – ele estava absolutamente enlouquecido pela morte de Thiago. Harry e Sirius eram muito similares quanto à maneira que ambos desejavam laços familiares com amigos. Então, Sirius via um irmão em Thiago, e Harry nomeou Rony e Hermione sua família. Isso é algo que achei interessante – pode ter sido nos comentários do MuggleNet, faz um pouco de tempo quando eu estava realmente procurando pelos sites de fãs do mês (ou qualquer que seja o período arbitrário que eu o faça) foi quando eu estava lendo os comentários pela primeira vez e havia algo lá que as crianças estavam dizendo: “Eu não entendo porquê ele grita com Rony e Hermione, quero dizer, eu gritaria com meus pais, mas nunca gritaria com meus melhores amigos” Mas ele não tem ninguém com quem gritar. Isso foi interessante vindo de jovens crianças, porque eu não imaginava que elas pudessem fazer esse tipo de salto de imaginação. Ele é muito solitário. Enfim, eu vaguei a milhas de distância de Sirius.

Ele estava enlouquecido. Sim, ele riu. Ele sabia o que tinha perdido. Foi um riso sem humor. Pettigrew – que Thiago e Sirius, de uma forma levemente subestimada, deixaram andar com eles – acabou por ser um bruxo melhor do que eles consideravam, e melhor em esconder segredos do que eles imaginavam.

MA: Você disse que durante o processo da escritura do sexto livro, algo lhe causou satisfação maléfica. Você se lembra o que era?

JKR: Oh, Deus. [Longo silêncio enquanto Jo pensa] Não foi nada muito vingativo. [Risos] Isso foi maneira de falar. Sei que apreciei escrevê-lo – sabe os comentários de Luna durante a partida de quadribol? [Risos] Foi isso. Eu realmente gostei de fazer aquilo. Na verdade, eu gostei mesmo de fazer aquilo. Sabe, aquela foi a última partida de quadribol. Eu sabia enquanto a escrevia que seria a última vez que eu faria uma partida de quadribol. Para ser sincera com você, partidas de quadribol têm sido a miséria da minha vida nos livros do Harry Potter. Elas são necessárias porque as pessoas esperam que Harry jogue quadribol, mas há um limite de maneiras que eles podem jogar quadribol juntos para que algo novo aconteça. Então tive esse momento de brilhante inspiração. Eu pensei, Luna fará os comentários e isso foi uma dádiva. É o tipo de comentários que eu faria em uma partida esportiva porque eu sou.. [Risos] Enfim, sim, foi isso.

MA: Aquilo foi bem divertido. Ela é divertida.

JKR: Eu amo a Luna, eu realmente amo a Luna.

ES: Por que Dumbledore permite que Pirraça permaneça no castelo?

JKR: Não pode tirá-lo.

ES: Ele é o Dumbledore, ele pode tudo!

JKR: Não, não não não não. Pirraça é como podridão seca. Você pode tentar erradicá-la, mas ela vem com o imóvel. Você está preso a ela. Se você tem o Pirraça, você está preso.

ES: Mas o Pirraça responde ao Dumbledore.

JKR: Supostamente.

MA: Supostamente?

JKR: Sim, eu vejo Pirraça como um problema sério na encanação em um prédio muito velho, e Dumbledore é levemente melhor com a chave de fenda que a maioria das pessoas, então talvez ele possa fazer funcionar um pouco melhor por algumas semanas. E depois começará a vazar de novo. Mas honestamente, você gostaria que Pirraça fosse embora?

MA: Se eu fosse Harry, provavelmente, mas como leitora eu gosto dele. E gostei dele principalmente quando ele começou a obedecer a Fred e a Jorge no fim do quinto livro.

JKR: Sim, aquilo foi divertido. Eu gostei daquilo. Aquilo foi satisfatório [Risos]

ES: Quando eu me inscrevi no IM [instant messenger] depois que o livro saiu, havia 4 ou 5 pessoas cuja mensagem de “Ocupado” era “Dê a ela o inferno por nós, Pirraça.” (Give her hell from us, Peeves.) Todos amaram aquela frase.

JKR: [Risos] Awww. Bem, Umbridge, ela é uma personagem bem má.

MA: Ela ainda está vagando pelo mundo?

JKR: Ela ainda está no Ministério.

MA: Veremos mais dela? [Jo balança a cabeça.] Você diz isso balançando a cabeça malignamente.

JKR: Sim, é muita diversão torturá-la, para que eu não queira fazê-lo mais um pouquinho antes de eu terminar a série.

ES: O ganhador do concurso do MuggleNet “Pergunte à Jo” chamado Asrial, 22 anos, pergunta: “Se Voldemort visse um bicho-papão, o que seria?”

JKR: O medo de Voldemort é a morte desonrosa. Quero dizer, ele vê a própria morte como infame, indigna. Ele pensa que é uma vergonhosa fraqueza humana, como você sabe. Seu pior medo é a morte, mas como um bicho-papão mostraria isso? Não tenho certeza. Mas eu pensei sobre isso, porque sabia que vocês me perguntariam.

ES: Um cadáver?

JKR: Essa foi minha conclusão, que ele veria a si mesmo morto.

ES: Quando se tornou claro que essa questão ganharia, eu comecei a receber dúzias de e-mails de pessoas me dizendo que eu não deveria perguntar isso porque a resposta era óbvia demais. Com a exceção de que todos discordavam em qual a resposta óbvia seria. Alguns tinham certeza de ser Dumbledore, alguns certeza que seria Harry e alguns tinham certeza que seria a morte. E assim por diante, então – o que ele veria no reflexo do Espelho de Ojesed?

JKR: Ele mesmo, todo poderoso e eterno. É tudo que ele quer.

ES: E o que Dumbledore veria?

JKR: Não posso responder isso.

ES: E qual seria o bicho-papão dele?

JKR: Não posso responder isso tampouco, mas para teorias você pode ler o sexto livro de novo. Aí está.

MA: Se Harry olhasse no Espelho de Ojesed no fim do sexto livro, o que ele veria?

JKR: Ele teria que ver Voldemort derrotado, morto para sempre, não é? Porque ele sabe agora que ele não terá paz nem descanso até completar isso.

ES: A última palavra do sétimo livro ainda é “cicatriz”?

JKR: Ainda. Pergunto-me se continuará assim.

MA: Você tem lidado com isso?

JKR: Não tenho lidado com isso fisicamente. Definitivamente, existem coisas que precisarão de mudanças. Não são grandes coisas, mas eu sempre soube que teria de reescrevê-lo.

MA: Mas ainda definitivamente segue a mesma linha?

JKR: Oh definitivamente. Sim, sim.

MA: Como se sente que está começando o último livro?

JKR: Parece assustador na verdade. Faz 15 anos. Você pode imaginar? Uma das mais longas relações adultas da minha vida.

MA: Você já começou?

JKR: Sim. Sendo realista, eu não acho que serei capaz de trabalhar de verdade nele até o próximo ano. Eu vejo o próximo ano como o ano que eu realmente escreverei o sétimo. Mas eu comecei e estou fazendo pequenas partes e pedaços aqui e ali, quando posso. Mas vocês têm visto quão jovem é Mackenzie ainda, e vocês são testemunhas do fato que eu tenho um bebê bem pequeno, então eu tentarei dar a Mackenzie o que eu dei a David, que é bem um ano de tempo ininterrupto comigo e depois eu vou começar a escrever seriamente de novo.

ES: O que levou as pessoas a começar a se referir a Voldemort como Você-Sabe-Quem e Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado?

JKR: Acontece muitas vezes na História. Bem, você saberá isso porque você é esse tipo de pessoa, mas para aqueles que não são: ter um tabu em um nome é comum em certas civilizações. Na África há tribos onde os nomes jamais são usados. Seu nome é uma parte sagrada sua e você é chamado como filho de fulano, irmão de cicrano, e você recebe esses pseudônimos, porque seu nome pode ser usado magicamente contra você se ele for conhecido. É como uma parte da sua alma. É um tabu poderoso em muitas culturas e através de muitos folclores. Numa nota mais prosaica, na década de 1950 em Londres havia um par de gangsteres que se chamavam de “Kray Twins” (gêmeos Kray). A história diz que as pessoas não pronunciavam o nome “Kray”. Simplesmente não era mencionado. Ninguém falava sobre eles, porque as conseqüências eram muito brutais e sangrentas. Acho que essa é uma demonstração impressionante de força: convencer alguém a não usar seu nome. Impressionante no sentido de demonstrar quão profundo é o nível de medo que você pode inspirar. Não é algo a ser admirado.

ES: Eu quis dizer, existiu um evento específico?

JKR: Com o Voldemort? Foi gradual. Ele estava matando e fazendo coisas bem terríveis. No capítulo “O Pedido de Lord Voldemort” (Lord Voldemort’s Request) quando ele volta para requerer aquele posto de professor no sexto livro, é possível notar claramente que ele já percorreu um longo caminho nas artes das trevas. Naquele momento, já muitas pessoas escolheriam não dizer seu nome. Durante aquele tempo seu nome nunca foi usado, exceto por Dumbledore e por pessoas que estavam acima da superstição.

MA: Por falar em eventos mundiais –

JKR: O primeiro capítulo?

MA: Sim, o primeiro capítulo, e eventos mundiais atuais, especificamente nos últimos quatro anos. Terrorismo e similares, têm sido fatores de sua escrita, têm moldado sua escrita?

JKR: Não, nunca conscientemente, no sentido de que eu nunca pensei “é hora de colocar o 11 de setembro no livro do Harry Potter”, não. Mas o que o Voldemort faz, de várias maneiras, é terrorismo e isso já estava claro em minha mente antes do 11 de setembro. Eu ia ler ontem [fazer a leitura da meia-noite no castelo] a partir do primeiro capítulo. Essa era a leitura até o 7 de julho [bombardeio em Londres]. Então ficou bem claro pra mim que seria brutalmente inapropriado que eu lesse a passagem onde o Primeiro Ministro Trouxa está discutindo um ataque em massa de trouxas. Simplesmente não era apropriado, porque havia partes leves lá. Era completamente inapropriado, então tive que mudar e decidi ir para a área do humor, que é bem simbólica, porque, claro, Harry disse a Fred e Jorge: “Tenho a impressão que precisaremos de umas risadas” Tudo se encaixa facilmente. Então, não. Não conscientemente, mas existem alguns paralelos, obviamente. Acho que uma das vezes que senti os paralelos foi quando eu estava escrevendo sobre a prisão de Lalau, sabe? Eu sempre planejei que esse tipo de acontecimento ocorreria, mas esses têm ressonância muito poderosa, dado que acredito e muitos acreditam, que têm ocorrido casos de perseguição de pessoas que não mereciam ser perseguidas, enquanto tentamos encontrar pessoas que cometeram atrocidades totais. Essas coisas acontecem, é a natureza humana. Houveram alguns paralelos chocantes quando eu estava escrevendo.

ES: O Chapéu-Seletor já se enganou?

JKR: Não.

ES: Sério?

JKR: Uhum. Você tem uma teoria?

ES: Já ouvi várias delas.

JKR: [Risos] Aposto que tenha mesmo. Não. [Risos] Sinto muito.

MA: Isso é interessante, porque sugeriria que a voz vem mais da cabeça da pessoa do que do chapéu propriamente dito.

JKR: [Jo faz um som de mistério]

MA: E talvez quando ele fala sozinho, a voz vem..

JKR: Dos próprios fundadores.

MA: Sim. Interessante. Os fundadores terão muita importância no sétimo livro?

JKR: Alguma, como vocês devem ter imaginado no fim do sexto. Há tanto que gostaria de perguntar a vocês, mas vocês que estão aqui para me entrevistar, então podem continuar. [Risos]

ES: Eu sei que em todas entrevistas você é perguntada isso, mas a grossura do livro, mudou?

JKR: O sétimo? Mais fino que a “Fênix”. Você quer dizer, a “Fênix” sempre sendo nosso ponto de comparação de um livro que ultrapassa muito os limites? Ainda acho que será menor que a “Fênix”.

ES: Significantemente?

JKR: Não sei. Essa é a pura verdade, não sei. Tenho um plano para o sétimo que ainda não está muito detalhado para que eu pudesse calcular o tamanho. Eu sei o que acontecerá, eu sei a história, mas ainda não me sentei para tramar tudo a ponto de pensar “Estamos contando com 42 capítulos” ou “Estamos contando com 31 capítulos”. Ainda não sei.

MA: R.A.B.

JKR: Ohhh, bem.

[Todos riem]

JKR: Não, estou contente! Sim?

MA: Podemos descobrir quem ele é, com tudo que já sabemos até agora?

[Nota: JKR adotou um olhar levemente malvado nesse ponto]

JKR: Você tem uma teoria?

MA: Nós pensamos em Regulo Black.

JKR: Pensaram, é?

MA: Uh-oh.

[Risos]

JKR: Bem, imagino que essa seria, mmm, uma adivinhação razoável.

MA: E talvez, sendo irmão de Sirius, ele tivesse um outro espelho –

JKR: [batuca os dedos em uma lata de refrigerante]

MA: Ele possui o outro espelho, ou o espelho de Sirius –

JKR: Não tenho nenhum comentário sobre aquele espelho. Aquele espelho não está aberto para discussão.
[Risos de todos, os de Jo maníacos]

MA: Deixe registrado que ela batucou os dedos na lata de Coca de uma maneira muito similar a de Sr. Burns.

[Risos]

JKR: Oh, eu amo o Sr. Burns.

ES: Se você tivesse a oportunidade de reescrever qualquer parte da série até agora, qual seria e por quê?

JKR: Há partes do sexto livro que eu voltaria para melhor ajustá-las. Sinto que a “Fênix” ficou longa demais, mas desafio qualquer um a encontrar a parte clara a ser cortada. Há partes que eu daria uma enxugada, pensando agora, mas não faria sentido um livro enormemente reduzido. Porque sinto que precisaremos do que está lá. Precisarei do que está lá se quero jogar justamente com o leitor na resolução do sétimo livro. Uma das razões que fez a “Fênix” tão grande é que eu tive de deslocar Harry bastante, fisicamente. Havia lugares onde ele tinha que ir que nunca tinha ido antes, e isso levou tempo – levá-lo a esses lugares, levá-lo embora. Foi o livro em que mais existiram trechos fora de Hogwarts, e isso realmente aumenta o tamanho. Estou tentando pensar em casos específicos, está difícil.

ES: Alguma trama secundária que você acha que deveria ter sido deixada de lado, para entendimento posterior?

JKR: Acho muito difícil localizar exatamente alguma, porque sinto que elas eram necessárias. Como qualquer um de nós pode julgar? Até eu mesma, enquanto o sétimo não estiver terminado, não serei capaz de voltar e dizer apuradamente “Isso foi discursivo”. E talvez, no fim do sétimo eu voltarei e direi, pensando no caso “Eu não precisava ter elaborado tanto esse pedaço.” Até que tudo esteja escrito, é uma coisa difícil de se dizer com precisão. Mas certamente há viradas na história que me irritam depois. Há repetições que me enlouquecem depois.

MA: Agora que Dumbledore se foi, há chances de sabermos qual era o feitiço que ele estava tentando jogar no Voldemort no Ministério?

JKR: Uuuummmm…[faz barulho com a língua]

ES: Que fique registrado que ela fez um barulho engraçado com a boca.

[Todos riem, Jo ri de forma maníaca]

JKR: É possível, é possível que vocês saberão disso. Vocês – [pausa] – vocês saberão mais de Dumbledore. Tenho sido beeeeem cuidadosa sobre isso.

MA: Nós podemos ter um livro só sobre Dumbledore? Como uma biografia?

ES: Por favor?

JKR: Oh, então tá bom.

[Todos riem]

ES & MA , batendo as mãos: Yes!

JKR: Esse não foi um contrato legal! [Risos]

MA: Não, foi um acordo oral – onde está Neil [o advogado dela, não seu marido]?

[Risos]

ES: Quantos bruxos existem?

JKR: No mundo? Oh, Emerson, eu sou ruim com matemática.

ES: É uma proporção igual de trouxas para bruxos? –

MA: Ou em Hogwarts.

JKR: Bem, Hogwarts. Tudo bem. Aqui está a coisa sobre Hogwarts. Bem antes de eu terminar a Pedra Filosofal, quando eu estava só juntando coisas por sete anos, entre ter a idéia e publicar o livro, eu sentei e criei 40 crianças que entraram no ano de Harry. E estou muito feliz de tê-lo feito, porque foi tão útil. Eu tinha 40 personagens completos. Eu nunca tenho que parar e inventar alguém. Eu sei quem está no ano, eu sei quem está em qual casa, sei quem são seus parentes e tenho alguns detalhes pessoais de todos eles. Então eram 40. Eu nunca pensei conscientemente “É isso. São todos em seu ano.” mas foi assim que funcionou. Então fui perguntada algumas vezes quantas pessoas e porque os números não são meu ponto forte, uma parte do meu cérebro conhecia 40 e outra parte do meu cérebro disse “Oh, umas 600 parece certo” Então as pessoas começaram e pensar e perguntar “Onde estão as outras crianças? Dormindo?” [Risos] Temos um pequeno dilema aí. Quero dizer, claro que magia é bem raro. Eu não diria que há uma proporção exata entre bruxos e trouxas. Mas se você partir do ponto que todas crianças bruxas são enviadas a Hogwarts, então é uma relação bem pequena da população de bruxos para trouxas, não é? Haverá sempre aquela criança estranha cujos pais não querem que ela vá a Hogwarts, mas 600 tirados de toda a população da Bretanha, é pouco.

Digamos que três mil [na Bretanha], na verdade, pensando nisso, e então pense em todas criaturas mágicas, algumas das quais parecem humanas. Então você terá coisas como feiticeiras, trasgos, ogros e etc. E isso aumenta mesmo os números. Então você tem um mundo de tristes pessoas como Filch e Figg, que fazem parte do mundo, mas estão periféricos a ele. Isso aumenta um pouco também, então é de maior tamanho, a comunidade mágica total que necessita de esconder-se e manter-se em segredo, mas não me prenda a essas figuras, porque não é o modo que eu penso.

MA: Quanta diversão você teve com o romance nesse livro?

JKR: Oh, muita. É visível?

MA: É.

JKR: Há uma teoria – ela se aplica a romances policiais, e então Harry, que não é exatamente um romance policial, mas que às vezes parece um – que diz que não deve haver intrigas românticas em um livro de detetives. Dorothy L. Sayers, que é a rainha do gênero disse – e então quebrou a própria regra, mas disse – que não há lugar para romance em uma história de investigações, a não ser que seja útil para camuflar os motivos das pessoas. É verdade, é uma dica útil. Eu usei isso com o Percy e também em algum nível em Tonks nesse livro, como um arenque vermelho. Mas dito isso, eu discordo porque meus livros são levados pelos personagens, e é tão importante, portanto, que nós vejamos os personagens se apaixonarem, o que é uma parte necessária da vida. O que vocês acharam do romance?

[Melissa levanta o dedão e sorri maliciosamente aqui]

ES: Nós estávamos batendo as mãos o tempo todo.

JKR: [Ri] Sim! Ótimo. Fico muito feliz.

MA: Nós corríamos pra frente e pra trás entre os quartos gritando um com o outro.

ES: Nós pensamos que ficou mais claro do que nunca que Harry e Gina são um só e Rony e Hermione – embora achamos que você já tinha deixado isso dolorosamente óbvio nos primeiros cinco livros.

JKR: [aponta pra si mesma e sussurra] Eu também!

ES: Como é?

JKR: [Mais alto] Bem, eu também! Eu também!

[Todos riem; Melissa se dobra de rir, histérica e pode ter morrido.]

ES: Harry/Hermione shippers – dementes!

JKR: Não, eu não vou – Emerson, não vou dizer que eles são dementes! Eles ainda são muitos de meus leitores! Não usarei a palavra “dementes”. Eu direi, entretanto – agora, eu estou confiando em ambos vocês que vão deixar isso como spoiler quando vocês transcreverem isso.

[Mais risos]

JKR: Eu direi, que sim, eu sinto pessoalmente – bem, ficará bem claro uma vez que o pessoal ler o livro seis. Quero dizer, é isso. Está feito, não está? Nós sabemos. Sim, nós sabemos que é Rony e Hermione. Sinto que já deixei dicas bem –

[Todos riem freneticamente]

JKR: – dicas bem pesadas. Do tamanho de BIGORNAS, na verdade, dicas bem anteriores. Eu acho seriamente que mesmo se as dicas mais sutis não foram captadas no fim de “Azkaban”, quando chega Krum no “Cálice”…

Mas o Rony – Me diverti muito com isso nesse livro. Eu realmente curti ter escrito a coisa do Rony com a Lilá e a razão que foi agradável foi que Rony até agora tinha sido bem imaturo comparado aos outros dois e ele meio que precisava se equiparar a Hermione, ser digno dela. Agora, isso não significava necessariamente experiências físicas, mas ele tinha que crescer emocionalmente e ele deu um grande passo adiante. Porque ele teve a relação física insignificante – vamos encarar os fatos, ele nunca teve sentimentos profundos com a Lilá.

[Muitos risos, onde Melissa emite um “Won-Won”]

JKR: – e ele percebeu que definitivamente não é o que ele quer. O que o leva a um enorme passo emocional adiante.

ES: Então agora ele tem um pouco mais que uma colher de chá, ele tem uma colher de sopa?

JKR: Sim, eu acho. [Risos]

MA: Vendo tudo isso, você ficou surpresa quando você entrou pela primeira vez nos sites e descobriu essa devoção enorme a algo que você sabe que nunca iria acontecer?

JKR: Sim. É, veja bem, eu sou relativamente nova no mundo dos shippers, porque durante muito tempo eu não entrava na internet e procurava por Harry Potter. Muito tempo. Às vezes eu tinha que ver, porque surgiam notícias estranhas ou alguma coisa que eu tinha que checar, porque aparecia que eu tinha dito algo que na verdade eu não disse. Eu nunca tinha entrado pra procurar por sites de fãs, até que um dia eu procurei e “Oh – meu – Deus”. Cinco horas mais tarde, eu levantei da mesa do computador tremendo levemente [todos riem] “O que está havendo?” E foi durante essa primeira sessão do tamanho de um mamute que eu conheci os shippers, e foi algo extraordinário. Eu não tinha a menor idéia que havia esse submundo enorme fervendo em baixo dos meus pés.

ES: Ela está pondo isso em uma luz positiva!

JKR: Bem, sim estou, estou, mas você sabe. Quero deixar claro que “dementes” foi palavra sua, não minha! [Muitos risos]

MA: Você está deixando nossas vidas bem mais fáceis, pondo isso na mesa –

JKR: Bem, acho que qualquer um que ainda apóia o shipper Harry/Hermione depois desse livro –

ES: [sussura:] Dementes!

JKR: Uh – não! Mas eles precisam voltar e reler, eu acho.

ES: Obrigado.

JKR: Sim.

MA: Isso vai –

JKR: Vai fazer a vida de vocês um pouco mais fáceis?

Todos três: Sim, sim.

JKR: Eu acho que sim.

MA: Eu tenho que dizer, estou ansiosa [para que a entrevista seja publicada], porque, você sabe, muito disso está implicado em um ódio necessário por um outro personagem. Rony sofreu horrivelmente nas mãos dos shippers Harry/Hermione.

JKR: Essa parte me deixa muito desconfortável, na verdade. Sim, essa parte me deixa desconfortável.

ES: Honestamente, eu acho que os shippers Harry/Hermione são uma pequena porcentagem da população de qualquer forma.

MA: Sim, se você fizer uma pesquisa geral –

ES: Eles parecem mais proeminentes online, mas é só porque os grupos de fãs online são muito –

MA: “Militantes” foi a melhor palavra que ouvi –

JKR: “Militantes” é uma palavra escolhida belamente. Energéticos. Irritáveis e procurando confusão.

[Risos.]

MA: O que causa em você, ver um personagem que você ama, sendo atacado de puro ódio?

ES: Ou vice-versa.

JKR: Me diverte. Realmente me diverte. As pessoas têm se dedicado cada vez mais [em cartas] sobre Draco Malfoy e acho que foi a única vez que parou de me divertir e começou a quase me preocupar. Eu estou tentando diferenciar claramente entre Tom Felton, que é um menino muito bonito, e Draco, que, independente da aparência, não é uma boa pessoa. É romântico, mas não é saudável e infelizmente é um estado de loucura, quase como uma demência – “demência” lá vamos nós – muito comum entre garotas e você [indica a Melissa] saberá disso, vai mudar alguém. E isso persiste na vida de muitas mulheres, até a morte, e é desconfortável e não é saudável e realmente me preocupou um pouco, ver meninas novas jurando devoção eterna a esse personagem muito imperfeito, porque deve haver um elemento ali, que “Eu seria quem pode mudá-lo” Quero dizer, entendo a psicologia disso, mas não é nada saudável mesmo. Então algumas vezes eu escrevi de volta, dizendo bem diretamente [Risos] “Você pode querer repensar suas prioridades aqui.”

ES: Dementes!

[Risos]

JKR: De novo, você que disse!

[Risos.]

ES: Nos nossos web sites nós tendemos a ter posturas muito diferentes sobre shippers. No Leaky Cauldron eles traçam essa linha política.

MA: E abaixo da linha nós dizemos “Se é o que você pensa, é o que você pensa”

ES: E no MuggleNet, nós dizemos –

JKR: [Rindo] Você diz que eles são dementes lunáticos?

MA: Basicamente ele diz “Se você não pensa assim, cai fora do meu site.”

[JKR ri freneticamente]

ES: Nós dizemos “Você é claramente um demente!”

JKR: Qual é aquela sessão no seu site, onde você posta os totais absurdos que você recebe?

ES: O Muro da Vergonha?

JKR: O Muro da Vergonha. Nós poderíamos ter um Muro da Vergonha. Nós poderíamos compilá-las aqui, algumas das coisas cômicas que eu recebo.

MA: Que tipo de coisas?

JKR: Coisas parecidas. Muito parecidas. De abuso puro à umas viagens – poderíamos dizer, de natureza existencial. Não de crianças, de pessoas mais velhas. O que me fez rir muito, eu acho, foi o seu [para Emerson] comentário lá dizendo “Por favor não tente me mandar um e-mail estúpido para entrar no Muro da Vergonha.” Não é essa a natureza humana? Começa com “vamos expor esses” [risos], e pessoas estão competindo para entrar lá?

ES: Dementes, como eu disse. É a minha palavra do dia.

[Risos]

JKR: Desculpa, acabei de inalar minha bebida. Desculpa, continue.

MA: Eu gostaria de voltar ao Draco.

JKR: OK, sim, falemos de Draco.

MA: Ele foi muito fascinante nesse livro.

JKR: Bem, estou feliz que pense assim, porque eu gostei deste. Draco cresceu bastante neste livro também. Eu tive uma discussão interessante, eu acho, com minha editora Emma, sobre Draco. Ela me disse “Então, Malfoy pode fazer Oclumência” o que o Harry obviamente nunca dominou e agora basicamente já desistiu de fazer, ou tentar. E ela estava questionando isso e se perguntando se ele seria tão bom, mas acho que Draco seria muito bem dotado na Oclumência, diferente de Harry. O problema de Harry com isso é que suas emoções sempre estavam muito à superfície e que ele está de algumas formas, muito prejudicado. Mas ele também está muito em contato com seus sentimentos sobre o que aconteceu com ele. Ele não é reprimido, ele é bem honesto encarando essas coisas e ele não podia suprimi-las, não podia suprimir essas memórias. Mas eu pensei em Draco como alguém que é muito capaz de dividir em compartimentos sua vida e emoções, e sempre o fez. Então ele calou sua pena, possibilitando que ele fosse um valentão efetivamente. Ele calou sua compaixão – de que outra forma você se tornaria um Comensal da Morte? Então ele suprime virtualmente todo o bem dentro de si. Mas então ele tem jogado com os garotões, como andam dizendo, e de repente, ele teve de agir pela primeira vez e foi absolutamente assustador. E acho que esse é um exemplo preciso de como algumas pessoas caem nesse tipo de vida e só então percebem no que estão entrando. Eu senti muito pelo Draco. Bem, eu sempre soube que isso aconteceria a ele, obviamente, por tão sórdido que ele era.

Harry está certo em pensar que Draco não teria matado Dumbledore, o que eu acho que fica claro quando ele começa a abaixar a varinha, quando o caso é tirado de suas mãos.

ES: Dumbledore pretendia morrer?

JKR: [Pausa.] Você acha que essa será a grande teoria?

MA & ES: Sim. Será uma grande teoria.

JKR: [Pausa.] Bem, não quero acabar de cara com essa possibilidade. [Ri um pouco] Tenho que dar esperanças às pessoas.

MA: Isso volta à questão de se Snape é um duplo-duplo-duplo-triplo-

JKR: [Ri] Duplo-duplo-quarduplo-ao poder de – sim.

MA: …se isso tivesse sido planejado, e desde que Dumbledore teve conhecimento de Draco o ano todo, tivessem eles tido uma discussão que dizia “Deveria isso acontecer, você tem de agir como se isso fosse inteiramente sua intenção de apenas andar até mim e me matar, porque se você não o fizer, Draco morrerá, o Voto Inquebrável, você morrerá” e etc –

JKR: Não, eu vejo isso, e sim, entendo seu raciocínio. Não posso – quero dizer, obviamente, há vertentes de especulação que não quero fechar. Falando no geral, eu fecho essas vertentes de especulação que são completamente inúteis. Mesmo com os shippers. Deus os abençoe, mas eles se divertiram bastante com isso. É quando as pessoas passam dos limites – é quando as pessoas dedicam horas de seu tempo para provar que Snape é um vampiro que eu sinto que é hora de me intrometer, porque não há absolutamente nada no cânone que apóie isso.

ES: É quando você procura por essas coisas –

JKR: Sim, é depois da 15ª vez relendo quando aparece manchas na frente dos olhos, que você começa a ver pistas sobre o Snape ser o Lord das Trevas. Então, há assuntos que eu fecho porque eu acho, bem, não perca seu tempo, há coisas melhores a serem discutidas, e mesmo sendo errado, pode levar você a algum lugar interessante. Essa é minha teoria de qualquer maneira.

ES: Qual seria uma pergunta que você gostaria que alguém lhe perguntasse, e qual seria a resposta a essa questão?

JKR: Mm — [longa pausa] — muito boa pergunta. O que eu gostaria que me perguntassem? [Pausa] Hoje, só hoje, dia 16 de julho, eu estava esperando que alguém me perguntasse sobre o R.A.B., e vocês perguntaram. Só hoje, porque eu acho que é – bem, eu quis que perguntassem.

MA: Há mais que deveríamos perguntar sobre ele?

JKR: Há coisas que vocês deduzirão em leituras futuras, eu acho – bem, vocês dois definitivamente irão, com certeza – isso, sim, eu realmente esperava que R.A.B. viesse à tona.

MA: Perdoe-me se a memória me falha, mas foi Regulo quem foi assassinado por Voldemort –

JKR: Bem, Sirius disse que ele não seria, porque ele não era importante o suficiente, lembra-se?

MA: Mas isso não precisa ser verdade, se [R.A.B.] está escrevendo uma nota pessoal a Voldemort.

JKR: Isso não significa necessariamente que Voldemort o matou, pessoalmente, mas até mesmo Sirius suspeitou que Regulo foi muito a fundo. Como o Draco. Ele era atraído àquilo, mas a realidade do que aquilo representava foi demais para se lidar.

Oh, o que vocês acharam de Lupin/Tonks?

ES: Aquilo foi –

MA: Eu fiquei surpresa!

ES: Eu fiquei surpreso, mas não chocado.

JKR: Certo.

MA: Eu acho que fiquei um pouco chocada.

JKR: Alguém por aí, e não sei se foi em algum dos sites de vocês – eu quase caí da cadeira. Alguém, isso é quando eu faço minha própria armadilha – quero dizer, eu sôo como se passasse a vida inteira na internet e por isso que não termino os livros mais rápido. Eu juro que não é verdade, e gostaria de deixar isso claro para todos aparelhos em cima dessa mesa que estão gravando isso. Como eu tenho agora o meu site, eu fico procurando por FAQs e por sites de fãs que eu gosto de ver, e é assim que descubro os comentários e tal. E alguém por aí, eu não pude acreditar, tinha dito isso. Tinha dito “Ah não, a Tonks não pode casar-se, etc e tal (sabe-se Deus quem é) porque a Tonks vai ficar com o Lupin, e eles vão ter muitos filhotes lobisomens multicoloridos juntos” ou alguma coisa do tipo.

MA: Eu vi isso!

JKR: Você viu isso? Então isso estava no Leaky?

MA: Talvez – sem ofensas [para o Emerson] mas eu não tenho tempo geralmente para ler os comentários do MuggleNet.

JKR: Eu imagino, com tantas pessoas postando, que você esperaria que eles explorassem virtualmente todas as possibilidades.

ES: Ah, sim, eles já inventaram de tudo.

MA: Harry/Basilisco.

[Todos riem.]

JKR: Não é verdade?! Eu sei! Eu acho que se eu gastasse mesmo todo meu tempo lá, basicamente todo meu enredo para o futuro apareceria lá em algum lugar.

ES: Por quanto tempo você navega nos sites de fãs?

JKR: Depende. Quando meu site está quieto, é genuinamente porque estou trabalhando duro ou porque estou ocupada com as crianças ou qualquer coisa. Quando eu o atualizo algumas vezes seguidas, eu obviamente andei pela internet. Então as FAQs e esse tipo de coisa estão repletas de cópias de que eu pego aqui e em sites de fãs. Eu fico procurando sobre o que as pessoas querem respostas. É fantástico, algumas vezes é frustrante, mas quero deixar claro uma coisa. Eu não posto em comentários, porque sei que esse assunto vêm surgindo. Vocês dois têm sido muito responsáveis sobre isso, mas isso me preocupa um pouco. Eu fui mesmo à sala de bate-papo do MuggleNet, e a coisa lá estava histérica. Aquela foi a primeira vez que eu procurei Harry Potter no Google. Eu estava descobrindo essas coisas e o Leaky – na verdade eu já conhecia o Leaky, mas eu conheci o MuggleNet pela primeira vez naquela tarde e entrei na sala de bate-papo e foi tão engraçado. Eu fui tratada com completo desrespeito.

[Risos] Foi engraçado, você nem imagina.

ES: Eu gostaria de me desculpar por, uh..

JKR: Não, não não não, não de uma maneira horrível, mas “Sim, sim, cale a boca, você não é um regular, você não sabe de nada” Você pode imaginar!

MA: Uma das ganhadoras do concurso “pergunte a Jo” do Leaky, ela tem 50 anos, e vive numa pequena cidade do leste dos Eua.Eu acho que isso foi respondido no sexto livro, mas, “As memórias colocadas na Penseira refletem a realidade ou o ponto de vista da pessoa a que ela pertence?”

JKR: Realidade. É importante que eu deixe isso claro, porque Slughorn deu a Dumbledore essa patética cortada-e-arrumada memória. Ele não quis dar a de verdade, e ele de um jeito óbvio alterou e depois remendou ela.Então, o que você realmente lembra é visto na penseira.

ES: Eu estava totalmente errado sobre isso.

JKR: Sério?

ES: Eu tinha certeza de que na verdade era a sua interpretação da memória. Não fazia sentido para mim ser capaz de examinar seus próprios pensamentos numa perspectiva em terceira-pessoa. Seria como se você estivesse roubando porque você sempre seria capaz de olhar as coisas do ponto de vista de outra pessoa.

MA: Então há coisas que você não viu pessoalmente na hora, mas que você pode ver depois?

JKR: Sim, e essa é a mágica da Penseira,é o que dá vida a ela.

ES: Eu quero uma dessas!

JKR: Sim. Do contrário, ela seria só que nem um diário, não? Confinada ao que você lembra.Mas a Penseira recria o momento para você, então você pode ir a sua própria memória e reviver coisas que você não tinha notado na hora. Está em algum lugar da cabeça, e o que eu tenho certeza, em todos os nossos cérebros. Eu tenho certeza de que se pudéssemos acessar isso, coisas de que não nos lembramos estão lá em algum lugar.

ES: A nossa outra pergunta do “Pergunte a Jo” (sobre os sacrifícios feitos pelo James e pela Lily), é da Maria Vlasiou,25,da Holanda. E a terceira é da Helen Poole,18,de Yorkshire-e também uma das autoras do fan livro “Plot Thickens” . É aquela sobre Grindelwald, que eu tenho certeza de que você estava esperando que a gente perguntasse.

JKR: Uh huh.

ES: Com certeza-

JKR: Então vamos lá, me lembre. Ele está morto?

ES: É, ele está morto?

JKR: Sim, ele está.

ES: Ele é importante?

JKR: [arrependida] ohhh…

ES: Você não tem que responder, mas pode nos dar alguma coisa do passado dele?

JKR: Eu vou falar para vocês o mesmo tanto que eu falei para alguém que me perguntou isso há agora pouco. Vocês conhecem o Owen que ganhou o concurso de televisão britânico para me entrevistar? Ele me perguntou sobre o Grindelwald [pronunciado “Grindelvald” HMM…]. Ele disse, “É coincidência que ele morreu em 1945?”, e eu disse não.Impressiona-me fazer alusão a coisas que estavam acontecendo no mundo trouxa, então eu acho que enquanto tem uma guerra trouxa acontecendo, há também uma guerra no mundo mágico.

ES: Isso tem alguma conexão com…

JKR: Eu não irei fazer comentários sobre isso.

[risos]

MA: Elas alimentam uma a outra,a guerra trouxa e a dos bruxos?

JKR: Sim, eu acho que sim.Mm.

MA: Você ficou muito quieta.

[todos riem; JKR loucamente]

MA: A gente gosta quando você fica quieta, isso significa –

ES: Que você claramente está escondendo alguma coisa.

MA: A nossa próxima vencedora é de Delaney Monaghan, e tem 6 anos, via mãe, Vanessa Monaghan. Elas são de Camberra, Austrália. “Qual é o significado, se há, dos papeis de chicletes que a Sra. Longbottom sempre dá ao Neville?”

ES: Rápido, fale na gravação [o que você acha que é] antes que ela responda –

MA: Eu acho que é uma triste marca de uma mulher louca.

JKR: Isso também foi perguntado para mim nesta manhã.Essa idéia foi uma das poucas inspirada por um evento real.Contaram-me uma história que, para mim, foi muito triste, sobre a mãe idosa de um conhecido meu, que tinha Doença de Alzheimer e estava internada numa ala hospitalar.Ela estava severamente demente e não reconhecia seu filho,mas ele ia esperançoso visitá-la duas vezes por semana,e costumava levar doces. Isso era o ponto de conexão entre eles;ela reconhecia ele como o que lhe entregava os doces.Isso foi muito triste para mim.Então eu usei a história. Neville dá a sua mãe o que ela quer,e (me deixa triste pensar nisso) ela quer dar algo em troca,mas o que ela dá para ele é essencialmente inútil.Mas ele mesmo assim aceita como valioso porque ela que está dando,e então significa alguma coisa,em termos emocionais.
Mas as teorias sobre os papeis de chicletes estão por aí.

ES: Você não pode culpar elas.

JKR: Quero dizer, ela não está tentando passar mensagens secretas para o filho.

MA: Ela não é muito consciente —

JKR: Não. Você está certa. Mas isso é um exemplo clássico de “Vamos deixar isso quieto”, porque não vai nos levar a nenhum lugar muito interessante ,mesmo se elas(as teorias) estiverem erradas.

MA: É provavelmente um dos momentos mais tocantes dos livros.

JKR: Eu acho que é importante como um momento do personagem.

MA: Nossa terceira pergunta ganhadora é da Monique Padelis, 15, de Surrey. Como e quando o véu foi criado?

JKR: O véu esteve lá sempre que o Ministério existiu, e o Ministério da Magia está lá há muito tempo,só não tanto quanto Hogwarts. Estamos falando de centenas de anos. Não é importante saber exatamente quando,mas séculos,definitivamente.

MA: Era usada como uma câmera de execução eu só para estudos?

JKR: Não, só estudos. O departamento dos Mistérios é só para estudos. Eles estudam a mente, o universo, morte…

MA: A gente irá voltar para aquela sala, que estava trancada?

JKR: Sem comentários.

ES: Dumbledore não tem rivais no seu conhecimento de magia —

JKR: Mmhm.

ES: Aonde ele aprendeu tudo isso?

JKR: Eu o vejo primeiramente como alguém autodidata. Com tudo, ele em seu tempo teve acesso a ótimos professores em Hogwarts,então ele foi educado do mesmo modo que todo mundo também é. Uma linha importante de se investigar é sobre a família de Dumbledore,muito mais do que papeis de chicletes.

MA: A família dele?

JKR: Família, sim.

MA: A gente deveria falar um pouco mais sobre isso?

JKR: A gente não. Mas vocês podem! [risos]

MA: E quanto à família do Harry — seus avós — eles foram mortos?

JKR: Não. Isso nos leva a um território mais mundano. Como escritora, seria mais interessante, para o enredo, se Harry estivesse completamente sozinho. Então eu preferi eliminar toda a sua família exceto pela tia Petúnia. Quero dizer, James e Lily são muito importantes para o enredo, claro, mas os avós? Não. E, porque eu gosto das histórias do passado: os pais de Petúnia e Lily, morte normal de trouxas. Os pais de James eram idosos, já estavam ficando um pouco quando ele nasceu, o que explica ser filho único, muito paparicado,tivemos-ele-tarde-então-ele-é-nosso-tesouro, como normalmente acontece,eu acho. Eles estavam velhos,em termos bruxos, e morreram.Doença bruxa. E é isso. Nada sério ou sinistro sobre a morte deles.Eu só precisava deles fora do caminho,então eu matei eles.

MA: Isso põe um fim nas teorias do Herdeiro da Grifinória também.

JKR: [pausa] Sim. Bem — sim.

MA: Mais uma (teoria) que é derrotada.

[risos]

JKR: Bem. Aí está. Vejam, eu sei que “Half-blood Prince” não irá agradar todo mundo, porque põe um fim em muitas teorias. Quero dizer, se não pusesse,eu não estaria fazendo meu trabalho direito. Algumas pessoas particularmente não irão gostar,e muitas pessoas não irão gostar da morte,mas isso sempre esteve planejado para acontecer.
Nós não sabemos ainda se foi um furo de verdade na segurança ou o que, ou apenas especulações que estavam certas.

ES: Com este livro?

MA: Lembra das apostas?

ES: Ah é –

JKR: Sim,as apostas. Bem, agora estamos 50/50. Se vocês se lembram, na “Fênix”, a aposta era na Cho, e foi exatamente a mesma coisa. De repente alguém põe algo como £10,000 em que a Cho Chang iria morrer, e você não iria achar que alguém gastaria tanto dinheiro,então pensamos que eles achavam que tinham contatos. Na do Dumbledore,ainda não sabemos. Foi um furo genuíno ou alguém só chutou,e estava certo?

ES: Eu lembro de ter posto uma enquête no Mugglenet perguntando se as pessoas achavam que era verdade.

JKR: E qual foi o resultado? Isso é muito interessante.

ES: A maioria achou que ele iria morrer no livro 6- bem,6 ou 7. A maioria achou que era no livro 7.

JKR: Sério? É…

ES: Foi provavelmente 65/35, mas definitivamente a maioria achou que ele iria morrer.

JKR: É,bem, eu acho que se você der um passo para trás, no gênero literário em que eu trabalho,quase todo herói deve prosseguir sozinho.É assim que deve ser,todos sabemos isso,então a questão é quando e como,não é, se você sabe o mínimo sobre construção desse tipo de enredo.

ES: O sábio velho mago com a barba sempre morre.

JKR: Bem,era basicamente isso que eu estou dizendo, sim. [risos]

MA: Isso é interessante,porque aquele momento — eu acho que todos nós percebemos que ele iria morrer logo que ele começou a passar todo o conhecimento dele.

JKR: Mm.

MA: E no momento que o Harry diz,” Eu percebi isso,e meus pais perceberam isso,e é uma questão de escolha.” A gente parou e disse, “ Ok,vamos todos falar sobre isso ,porque a) Dumbledore está morrendo, b) esta é a bandeira que sinaliza que iremos lutar até o fim. “ Eu sinto que aquele foi um momento definitivo para a série inteira. Você concorda?

JKR: Sim,definitivamente, porque eu acho que há uma linha entre o momento “Câmera Secreta” quando o Dumbledore diz a tão famosa frase, “São nossas escolhas que definem quem somos, e não nossas habilidades,” direto para Dumbledore sentado no seu escritório,dizendo para o Harry , “ a profecia só é importante porque você e o Voldemort escolheram fazer ela ser.” Se vocês dois tivessem escolhido ir embora,ambos podiam ter vivido! Essa é a questão. Se ambos tivessem decidido,” A gente não vai entrar nessa” e fossem embora…mas,não vai acontecer, porque para o Voldemort, Harry é uma ameaça. Eles devem se encontrar.

ES: Eu lembro de ter pensando enquanto eu lia a “Ordem da Fênix”,o que aconteceria se Harry e Voldemort resolvessem…

JKR: Dar as mãos e continuarem com suas vidas? Bem nós concordarmos em não concordar com essa atitude! [Risos]

ES: O que aconteceria se ele nunca tivesse escutado a profecia?

JKR: Foi como eu postei no meu site.

ES: Estou feliz que você tenha definido isso.

JKR: É o que acontece em “Macbeth”. Eu simplesmente adoro “Macbeth” É possivelmente a peça de Shakespeare que eu mais gosto.E foi essa a questão,não foi? Se Macbeth não tivesse conhecido as bruxas,ele teria matado Duncan? Teria algo de tudo aquilo acontecido? Aquilo foi destino ou ele fez com que tudo aquilo acontecesse? Eu acredito que ele fez tudo aquilo acontecer.

MA: Se todos decidissem dar se as mãos e irem jogar golfe tudo seria mais fácil. [Risos]

MA: Existe muito demonstrações de intensa lealdade e bravura ligadas ao sacrifício — especialmente no livro três, “Você deveria ter morrido ao invés de trair os seus amigos”. E então, temos uma tonelada de pensamentos desse tipo. Essa é uma mensagem muito intensa, muito forte para se passar para crianças de 8 ou de 10 anos que estão lendo o livro, dizer que você deveria morrer por seus amigos.

JKR: Com certeza eu pensei nisso num contexto de um desafio muito grande. Deus me perdoe — eu espero que isso nunca aconteça com uma criança de oito anos, pedirem para que essa morrer por alguém, porém estamos falando aqui de um homem adulto que, considero eu, estava em uma situação de batalha. Numa batalha total. Eu acredito que a pergunta correta seria vocês, como leitores, acreditam que Sirius teria morrido? Porque foi o Sirius quem levantou essa questão.

ES: Com certeza

MA: Sim.

JKR: Certo, bem, isso é o que eu acredito. Sirius teria feito isso. Ele, com todos os seus culpas e falhas, tinha esse profundo senso de honra, enfim, e ele teria preferido morrer de forma honrada ao viver com a desonra e a vergonha de saber que ele enviou aquelas três pessoas para a morte, as três pessoas que ele amava acima de todas as outras, porque, como Harry, ele é também é uma pessoa sem um lar e sem uma família.
Você está certo, é uma mensagem bem intensa, mas eu estou basicamente escrevendo sobre esse lado mal e, eu já tinha dito isso antes, eu acho que, eu fico surpresa quando algumas vezes as pessoas dizem pra mim “Sabe? Os livros estão ficando tão sombrios”,eu fico pensando, “Bem, que parte da ‘Pedra Filosofal’ você achou fofinha e tranqüila?”Sabe, tem toda uma inocência sobre isso, Harry é muito jovem quando ele vai para Hogwarts, mas o livro já começa comum duplo assassinato. A possibilidade da morte, creio eu, está presente durante “A Pedra Filosofal” e eu acredito que existem algumas imagens bem horrendas nesse livro. Acredito que o primeiro livro contenha imagens bem mais fortes do que no segundo, exceto pela cobra gigante, pois a imagem de uma figura encapuzada bebendo o sangue de um unicórnio é de dar arrepios. Bem, foi pra mim quando eu pensei nisso, e eu realmente, até hoje depois de todos esses anos, acho que a idéia daquele rosto atrás da cabeça do Quirrel é uma das imagens mais perturbadoras de todo o livro. (De todo o livro, eu falo de todos os livros da série).

Então, sim, é intenso, eu concordo com você, mas eu acredito se tratar de uma maneira intensa mas bonita. Tem muitas coisas nisso que são perturbadoras, intencionalmente, mas eu acredito que nunca tenha cruzado a linha entre o chocar e o chocar exageradamente. Eu acho que eu poderia justificar cada cena mórbida contida no livro. Uma cena que eu achei que talvez eu tivesse dificuldade de conseguir fazer com que os editores aceitassem é a cena em que é descrita a forma física do Voldemort antes de ele entrar no caldeirão no quarto livro, vocês lembram? Ele era tipo um feto. Eu senti uma repugnância visceral por aquilo que eu tinha acabado de criar, mas tinha uma razão para aquilo estar lá e vocês irão ver isso. E eu discuti isso com a minha editora e ela disse que tava tudo bem. O fato é que ela estava mais perturbada era com o fato do túmulo se abrir. Acredito que é mais uma vez a idéia do sacrilégio, não é mesmo? Não há nada de mais naquilo, porém mais uma vez nos deparamos com a violação de um tabu.

MA: Qual é a cor dos olhos do Rony?

JKR: Os olhos do Rony são azuis. Eu nunca havia mencionado isso? [JKR tapa os olhos]

MA: Eles estavam ansiosos para que perguntássemos isso.

JKR: Azuis. Os do Harry são verdes,os do Rony azuis e os da Hermione castanhos.

MA: Qual é a forma do patrono do Rony?

JKR: A forma do patrono do Rony? Eu também nunca havia dito isso? Ah não, isso é chocante! [Risos] O patrono do Rony é um cachorro pequeno como um Jack Russell, e essa é uma escolha bem sentimental, pois eu tenho um desses. Ele é louco!
[Nota: Como eu não sei o nome da raça do cachorro em português, resolvi deixar um link para vocês verem qual é o cachorrinho]

MA: Essa não é uma pergunta relacionada ao assunto, mas eu realmente queria lhe perguntar isso — com toda a fama e riqueza que você acumulou, como você mantém os seus filhos com o pé no chão e cientes de uma vida normal?

JKR: É a grande prioridade da minha vida. Eu acredito e espero que tenhamos uma vida completamente normal, acredite ou não. Coisas surreais acontecem quando eu saio de casa e vou de encontro aos fãs em um castelo iluminado, mas isso realmente tem uma reação mínima neles. Eu acredito que, assim como qualquer um consegue, nós também conseguimos ter uma vida normal. Nós vamos ao shopping assim como qualquer outra pessoa, passeamos pela cidade como qualquer outra pessoa. Bem, isso é o que eu sinto.Eu também acho que é importante que todos os meus três filhos cresçam vendo eu e o Neil trabalhando. Tanto eu quanto o Neil não conseguimos imaginar a possibilidade de pararmos de trabalhar, colocar os pés pra cima e ficar viajando pelo mundo ou coisas do tipo, por mais interessante que essa idéia aparente ser algumas vezes. Nós continuamos trabalhando e acredito que esse seja um ótimo exemplo para darmos as crianças, que independente da quantidade de dinheiro que você tenha, o auto conhecimento está em descobrir o que você faz de melhor. Está em fazer o seu próprio trabalho, não é mesmo?

MA: Sim. Você já conseguiu descobrir os dois estudantes da Grifinória que estão faltando?

JKR: [Tapa os olhos] Ohh! [Frustrada.] Eu ia trazer a resposta pra vocês,mas desculpa,eu não fiz isso,mas vou colocar no meu site.

MA: A Gina mandou mesmo aquele cartão no dia dos namorados para o Harry?

JKR: Sim, abençoada seja!

MA: Mas isso foi coisa dela ou do Tom Riddle?

JKR: Não, foi coisa da Gina

MA: Bem, ela recebeu troco por isso.

JKR: [Risos] Possivelmente.

MA: Eu acredito que você deixou isso claro na cena do trem [no primeiro livro], quando ele estava vendo — todos os relacionamentos, aquela cena provavelmente deixou tudo claro.

JKR: Acredito que sim. Espero que sim. Então você gostou do que aconteceu com o Harry e a Gina, não?

ES: Nós esperávamos por isso por anos!

JKR: Nossa, fico feliz

MA: Ai meu Deus, aquele beijo!

JKR: Sim.

ES: Realmente se concretizou!

JKR: Realmente aconteceu,eu sei! Eu me senti um pouco desse jeito.

MA: Você vinha tentando deixar eles…

JKR: Bem, eu sempre soube que isso iria acontecer,que eles ficariam juntos e então se separarem.

ES: Você sempre esteve… [a gente não conseguiu entender o que o Emerson disse nessa frase.]

JKR: Bem, não,não realmente, porque o plano era, e eu realmente espero que eu tenha conseguido passar isso, era de que o leitor,assim como o Harry, fosse gradualmente descobrindo a Gina como a garota ideal para o Harry. Ela é valentona, não no sentido ruim da palavra, mas ela é corajosa. Ele precisa estar com alguém que consiga entender as exigências de estar com Harry Potter, porque ele é um namorado aterrorizante em várias maneiras. Ele é um garoto marcado. Eu acho que ela é divertida, e acho que ela é uma pessoa muito confortável e compassiva. Existem todas essas coisas que Harry necessita em sua garota ideal. Mas, eu acho que — estou falando de anos atrás quando tudo isso foi planejado — inicialmente, ela se sentia assustada pela imagem dele. Tipo, ele é como a imagem esculpida de um Deus quando ela o vê pela primeira vez aos 10 ou 11 anos e ele é aquele garoto famoso. Então a Gina também tem que passar por uma jornada. E assim como aconteceu com o Rony, eu não queria que a Gina fosse a primeira garota que o Harry beijasse. Isso era algo que eu queria, que estava planejado.
Uma das maneiras que eu queria provar que o Harry tinha realmente amadurecido bastante foi – você se lembra na “Ordem da Fênix”, lembra quando a Cho entra no vagão e ele pensa “Eu queria que ela tivesse me encontrado sentado com pessoas mais legais”? Ele estava com a Luna e o Neville. Então literalmente a mesma coisa acontece no sexto livro e lá está ele com a Luna e o Neville mais uma vez, porém dessa vez, ele está mais maduro, e até onde ele tem conhecimento, ele se encontrava no trem com duas das pessoas mais legais. Eles podem até parecer que não são tão legais. Harry realmente amadureceu muito. E eu sinto que a Gina e o Harry nesse livro são totalmente iguais. Eles são perfeitos um para o outro. Ambos passaram por uma grande jornada emocional, e ambos passaram por muitas desilusões juntos. Então, eu realmente gostei de escrever isso. Eu gosto muito da personagem da Gina.

MA: Ela tem uma grande importância, aquela coisa do Tom Tiddle, bem, ela é a sétima filha…

JKR: Bem, sobre a Gina,ela foi a primeira garota a aparecer no clã dos Weasleys após gerações, porém tem toda aquela tradição da sétima filha de uma sétima filha e do sétimo filho de um sétimo filho, então é por isso que ela é a sétima, porque ela é uma bruxa talentosa, dotada. Acho que você vê umas pistas sobre isso, porque ela faz umas coisas bem impressionantes aqui e ali e vocês vão presenciar isso novamente.

ES: Por que a Sonserina…

JKR: Ainda é permitida em Hogwarts!

[Todos riem]

ES: Sim! Quer dizer, parece um stigma!

JKR: Mas eles não são todos mais. Literalmente nem todos são maus. [Pausa]. Bem, a resposta mais correta, não a relevante, seria que vc tem que aceitar todo o tipo de pessoa, você tem acolhe-las com suas faltas e todos tem os seus defeitos. O mesmo acontece com o corpo estudantil. Se eles se permitissem a união perfeita,você teria uma força que não seria detida por ninguém eeu acredito que é essa ânsia por união e por uma totalidade que faz com que eles mantenham aquele quarto da escola que talvez não englobe as mais generosas e nobres qualidades, na esperança, a maneira de Dumbledore, na esperança que de que eles irão se unir e vão atingir a harmonia. Harmonia é a palavra.

ES: Eles não poderiam…

JKR: Não poderiam apenas se livrar de todos eles? NÃO Emerson, eles realmente não poderiam

[Todos riem]

ES: Não poderiam colocar eles nas outras três casas, e talvez, bem, não seria o local perfeito para todos eles, mas talvez próximo o suficiente fazendo com que talvez eles não estivessem em um ambiente tão negativo?

JKR: Eles poderiam. Mas você tem que ter em mente que, que já havia pensado sobre isso…

ES: Até a sala communal deles é sombria…

JKR: Bem, eu não sei,porque particularmente acho que a sala comunal da Sonserina tem uma beleza fantasmagórica.

ES: Seria uma péssima idéia colocar todos os Comensais da Morte juntos em um mesmo lugar.

[Todos riem]

JKR: Mas eles não são todos- não pense que eu não entendi o que você quis dizer — nós, vocês os leitores e eu a autora,porque estou encaminhando todos vocês para esse ponto — vocês estão vendo a Sonserina sempre pela perspectiva dos filhos de Comensais da Morte. Eles são uma pequena fração da população total da Sonserina. Eu não estou dizendo que todos os outros Sonserinos são adoráveis, mas certamente eles não são o Draco, eles certamente não são, você sabe, o Crabbe ou o Goyle. Eles não são todos desse jeito, se fosse assim, não teria nem uma palavra para descrever a Sonserina, teria?

ES: Mas não existem tantos filhos de Comensais da Morte nas outras casas, existem?

JKR: Você irá encontrar pessoas relacionadas com Comensais da Morte em outras casas, sim, com certeza.

ES: Apenas em menor quantidade.

JKR: Provavelmente. Eu sei o que você quis dizer. É a tradição ter quatro casas, mas nesse caso,eu queria que eles correspondessem aos quatro elementos. Sendo assim, a Grifinória é o fogo, a Corvinal o ar, a Lufa-Lufa a terra e a Sonserina a água, daí o fato de o local em comum para todos eles ser o fundo do lago. Então mais uma vez,foi essa idéia de harmonia e equilíbrio, que você teve necessariamente quatro elementos e através da interação deles você criaria um local bem forte. Mas ele se mantém separados, como nós sabemos.

ES: Tiago foi o único que se sentiu atraído pela Lílian?

JKR: Não. [Pausa.] Ela era como a Gina, ela era uma garota popular.

MA: Snape?

JKR: Essa é uma teoria que tem chegado a mim repetidamente.

ES: E o Lupin?

JKR: Eu não posso responder a nenhuma das duas

ES: E que tal ambos? Um de cada vez?

JKR: Eu não posso responder, posso?

ES: Você pode nos dar alguma pista sem nos enganar (Emerson se confundiu; ele quis dizer “sem entregar muita coisa”)–?

JKR: Eu nunca, que eu saiba, menti quando me fizeram alguma pergunta sobre os livros. Que eu saiba, você pode imaginar, já me fizeram centenas de perguntas; é perfeitamente possível em algum ponto eu ter falado algo errado ou equivocado não intencionalmente, ou eu posso ter respondido sinceramente na hora e então mudado de idéia em um livro subseqüente. Isso me deixa cautelosa ao responder alguma pergunta com muitos detalhes porque eu tenho que ter um espaço adicional para chegar lá e fazer do meu jeito, mas nunca em uma parte importante da história.
Lupin gostava muito da Lílian, vamos colocar deste jeito, mas eu não gostaria que ninguém saísse pensando que ele competiu com o Tiago por ela. Ela era uma garota popular, e isto é relevante. Mas eu acho que vocês já viram isso. Ela era um bom partido.

MA: Como eles acabaram juntos? Ela odiava o Tiago, pelo o que vimos.

JKR: Será mesmo? Você é uma mulher, você sabe o que estou dizendo. [Risadas]

ES: Como foi que o Fred e o Jorge sabiam que a Irlanda ia ganhar o jogo e a Bulgária capturaria o pomo?

JKR: Bem, eu acho que se você realmente entendesse de quadribol você poderia ter previsto isto. O que eles tinham —

ES: Mas como você pode prever isso, porque você não sabe quando o pomo irá aparecer.

JKR: Era um risco. Eles arriscaram tudo nisso. Isto é Fred e Jorge, não é? Eles são os que correm risco na família. Você tem o Percy de um lado da família — conforme, faz tudo correto — e você tem Fred e Jorge, que levam um caminho totalmente diferente de vida e que estavam preparados para arriscar tudo. Eles arriscaram tudo o que eles tinham, o que é o tanto que qualquer um pode fazer.

MA: Como eles descobriram como fazer o mapa funcionar?

JKR: Você não — bem. Foi assim que eu me expliquei na época, e isto parece improvisado. Você não acha que seria uma coisa de Fred e Jorge dizer de brincadeira, e então ver esta coisa transformar?

MA: Sim.

JKR: Você não pode simplesmente vê-los?

ES: Mas a combinação exata das palavras? Isto é muita sorte, ou Felix Felicis —

JKR: Ou, o mapa ajudou.

MA: Sim, sim. Você consegue vê-los meio que respondendo e brincando com os outros —

JKR: E o mapa ganhando vida aqui e ali quando eles chegavam cada vez mais perto, e finalmente eles chegaram na combinação exata das palavras e simplesmente irrompeu.

ES: O que raios Aberforth Dumbledore estava fazendo com aquelas cabras?

[Grandes risadas de todos]

JKR: O seu palpite é tão bom quanto o meu! [Risada maligna!]

MA: Excelente. E Dumbledore faz uma pequena piada sobre ele nesta, sobre conhecer pessoas em bares.

JKR: Sim, absolutamente. Sim, está certo. E vocês é claro vêem o Aberforth muito brevemente.

MA: O brilho de triunfo ainda irá fazer uma aparição?

JKR: Isto ainda é imensamente significante. E vamos encarar, eu não disse a vocês muito sobre imensamente significante, então vocês podem deixar a imaginação de vocês correr livremente aí.

ES: Eu acho que todo mundo percebeu que era significante quando leram, mas não vimos se materializar no 5 ou 6.

JKR: Bom, ainda é.

ES: Nós estivemos meio que esperando pela grande revelação.

JKR: Absolutamente, isso fica para o sétimo. Isso pertence ao sétimo.

MA: No final desse livro você meio que tem a sensação que sabe o que o Harry irá fazer, mas isso irá mesmo ser a trama central do resto da historia?

JKR: Não é tudo isso. Obviamente não pode ser tudo isso, mas mesmo assim, esse é o jeito para matar Voldemort. Isso para não dizer que será uma torturante e interminável jornada, mas isso é o que ele precisará fazer. Harry sabe — be m ele acredita que ele sabe — o que ele está por enfrentar. Dumbledore nunca tem palpites que ficam longe da realidade. Eu não quero entregar muitas coisas aqui, mas Dumbledore diz, ‘Existem quatro lá fora, você precisa se livrar de quatro e então você irá atrás de Voldemort’. Então é aí que ele está e é isso que ele precisa fazer.

ES: É uma missão dificil.

JKR: É uma missão enorme. Mas Dumbledore deu para ele muitas dicas importantes e Harry, também, ganhou mais conhecimentos do que ele imagina. Isso é tudo que eu posso dizer.

ES: Parece que seria impossível. Se Harry tivesse ido sozinho à caverna ele não conseguiria, é o que parece.

JKR: Bem, eu estou disposta a apostar com você, que ate o final dessa semana, os leitores mais cuidadosos serão capazes de achar pelo menos um Horcuxes nos livros.

MA: Alguém disse ontem a noite que, e se Gina, com o diário –

JKR: Harry definitivamente destruiu aquele pedaço de alma, você viu ele tomar a forma, você viu ele ser destruído, ele não existe mais. E Gina não está de jeito algum possuida por Voldemort.

MA: Ela ainda é Ofidioglota?

JKR: Não.

MA: Ela tem uma dívida de vida com Harry pelo livro dois?

JKR: Não. Já Rabicho é diferente. Sabe, parte de mim adoraria explicar a coisa toda para você, é a historia do sétimo livro, sabe, eu honestamente queria contar…

ES: Nós não gostaríamos de escutar.

JKR: “Ah sim, continue, não vamos escutar!” [Risos.]

ES: Quem é a madrinha de Harry?

JKR: Ele não teve madrinha.

ES: Sério?

JKR: Bem, Sirius nunca teve tempo para arrumar uma namorada, muito menos para casar.

ES: eles poderiam ter escolhido alguma amiga próxima deles…

JKR: No momento que Harry foi batizado eles estavam escondidos. Não seria um batizado com uma grande cerimônia, porque eles já estavam em perigo. Então isso foi algo que eles fizeram em silencio, com poucas pessoas, eles queriam ter esse compromisso com Sirius. E — sim, não posso dizer mais.
[começamos a perceber que o tempo da entrevista estava acabando]

MA: Podemos fazer isso de novo??

[Risos]

JKR: É uma possibilidade.

MA: Eu quero dizer, por uma semana!

[Todos riem]

JKR: Ah, isso, me tranquem em um porão…

MA: Bem, minha família é Siciliana, Jo.

[Risos]

MA: Espere, temos que perguntar mais uma coisa [Melissa põe um óculos verde e pega uma pluma verde para fazer uma piada com Jo.]

[Todos riem muito]

JKR: RITA! Eu senti a sua falta!
Vou te dizer, existe apenas uma maneira para poder lidar com os artigos da Rita, risos, de outra forma você ficaria maluco. E é claro, eu agora tenho a minha cesta de lixo [no meu site]. É realmente incrível o quão isso te liberta, ser capaz de dizer diretamente para as pessoas para as pessoas que lêem os livros, “isso é lixo”. Nunca são coisas muito importantes, mas eu acredito que se tratadas como um todo, podem realmente desencaminhar uma pessoa. Em todo o caso Rita, eu gosto muito disso.

MA: Mas isso não é engraçado? Eles fizeram isso pra mim.

JKR: Isso é fantástico.Você sabia que a Miranda Richardson está interpretando a Rita no quarto filme? Estou ansiosa para ver o resultado.

MA: Nós vimos, nós visitamos o set defilmagens em um dos dias que ela estava gravando

JKR: Vocês foram?

ES: Ela parece fantástica no papel.

JKR: Ela é uma atriz incrível.

ES: Ah, eu tenho uma pergunta sobreisso. Quando você escreve os livros agora, você imagina os atores dos filmes ou os seus próprios personagens?

JKR: Meus próprios personagens. Todo o tempo.

ES: A imagem dos atores não aparece para você enquanto escreve?

JKR: De forma alguma. Eu ainda vejo o meu Rony, eu ainda vejo o meu Harry, eu ainda vejo a minha Hermione. Eu já os escrevia por tanto tempo antes dos filmes começarem a serem feitos que não tem como a imagem dos atores substituírem as que já estavam em minha mente. Eu tive sorte nesse sentido. Eu vive com esses personagens por tanto tempo, que não tem como outros terem efeito algum. Ocasionalmente eu — sobre o Rony e a Lilá, eu até que imaginei o Rupert. Tipo, obviamente tudo já estava planejado daquele jeito, mas eu meio que, quando dava uma pausa para tomar um café e pensava nisso ficava com aquele sorriso travesso no rosto pensando no Rupert.

MA: Fazendo aquela cena?

JKR: Não necessariamente fazendo aquela cena, com certeza ele vai estar mais que apto para essa tarefa, foi mais pensar nele participando dos testes de elenco para encontrar a Lilá, coisas desse tipo.É o fato de você sorrir imaginando as pessoas que estão interpretando os personagens. Mas eu realmente falei sério quando disse antes — você teria que percorrer um longo caminho até achar três atores melhores — ajustar aos personagens, passar a experiência que aqueles três já vêm passando, Rupert, Dan e Emma são incríveis.

[Pausa enquanto a gente olha para o relógio]

JKR: Eu sei.

ES: Sessenta e seis páginas de perguntas, Jo.

JKR: Oh meu Deus.

ES: Vamos continuar a fazer as perguntas até ela nos expulsar.

[Todos riem]

ES: Hagrid é o guardião das chaves. Esse título significa algo?

JKR: Simplesmente que ele permite que você entre e saia de Hogwarts, bem, é um pouquinho mais interessante que isso, mas também não tão interessante assim. Então, mais uma vez, se trata de um fato que as pessoas não precisam ficar tão interessadas em descobrir.

ES: Existe alguma possibilidade de Rony e Harry finalmente lerem “Hogwarts, uma história”?

JKR: Nunca. [Risos.] Isso pra mim é um presente, porque tudo o que eu quero dizer, é dito quanto a Hermione diz “Quando vocês vão ler o livro?” Então assim ela responde aos leitores de um jeito que eu responderia.

MA: O Dobby sabe sobre a profecia?

JKR: Não.

MA: Ele sabia sobre os Potters…

JKR: Ele sabia a história deles,mas obviamente o conhecimento dele era limitado ao que os Malfoys sabiam.

MA: Ah, aqui tem uma [dos nossos fóruns] que eu realmente gostaria de te perguntar. O Snape alguma vez foi amado por alguém?

JKR: Sim, ele foi, o que o faz, de certas maneiras até mais culpável que Voldemort que nunca foi. Certo, mais uma pergunta pra cada um.

ES: Por que os bruxos e as bruxas não desaparatam quando estão em perigo?

JKR: Bem. Eu diria assim…É tedioso parar e dizer ao leitor quando você está escrevendo uma cena de ação que a pessoa desaparatou, mas existem maneiras de impedir que isso aconteça. Algumas vezes eles desaparecem sim, mas não muitas vezes, quando você está vendo esse tipo de cena em um lugar onde você não pode desaparatar, Hogwarts por exemplo. Sendo assim, essa não é uma opção para Harry quando ele está na escola. Existirão outros motivos pelos quais você não poderia desaparatar. O fato de você querer permanecer e lutar. Mas eles desaparatam algumas vezes. Tem que haver uma ação contra e a favor
[para Melissa] Vai, manda ver.

MA: Existia alguma outra pessoa presente em Godric´s Hollow na noite em que os pais de Harry foram mortos?

JKR: Sem comentários.

[Todos riem.]

JKR: Desculpa!

Traduzida por: Carmem, Gabi, Pati e Carol em 24/07/2005.
Revisado por: Antônio Carlos de M. Neto em 16/03/2008.
Postado por: Fernando Nery Filho em 03/05/2007.
Entrevista original no Accio Quote:
1ª Parte, 2ª Parte, 3ª Parte.