“Harry Potter e Eu”. Biografia A&E, 13 de novembro de 2002.

Essa é a versão americana do Especial de Natal de 2001 da BBC.

Narrador: Apenas alguns anos atrás, J.K. Rowling estava sem dinheiro e desempregada, uma mãe solteira que passava as tardes escrevendo nos Cafés de Edimburgo enquanto seu bebê dormia. Hoje ela é rica e famosa, a autora de histórias infantis mais popular do planeta.

“É mágica”, brinca

Os livros sobre Potter que ela criou tornaram-se bestsellers mundiais e o primeiro filme sobre Harry Potter foi um sucesso arrasa-quarteirão. As legiões de fás estão ansiosas pelo próximo capítulo das aventuras do bruxinho. Mas a história mais fascinante de todas, é da própria J.K. Rowling; somente agora ela concordou em nos contar com suas próprias palavras.

J.K. Rowling: Muita besteira tem sido publicada. Não necessariamente besteira maldosa, mas as coisas têm sido exageradas e distorcidas e eu pensei que talvez chegou o momento para uhm, contar como aconteceu. De forma confiável. E então eu posso pelo menos deitar na minha cama e pensar, bem, a verdade está lá fora. E as pessoas podem aceitar ou ignorar.

Narrador: A chegada de Harry no batente da porta de seus parentes trouxas, ou não-mágicos, os Dursleys, é o inicio dessa jornada épica. Harry cresce pensando que é apenas um garoto comum até descobrir que no mundo mágico seu nome é lendário e ele é destinado a cursar a Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts.

Então as aventuras de Harry começam realmente e ele e seus colegas de turma, Hermione e Rony, lutam contra as forças do mal; uma história que J.K. Rowling meticulosamente planejou contar em sete livros, um para cada ano da escola.

É uma jornada que começou em 1990.

J.K. Rowling: Eu estava no trem indo de Manchester para Londres, sentado ali, pensando em algo nada a ver com escrita e a idéia veio do nada e eu podia ver Harry muito claramente, este garoto pequeno e magricelo e foi uma sensação física de intenso excitamento. Eu nunca me senti tão excitada com algo que envolvesse escrita. Eu nunca tive uma idéia que me desse tal resposta física. Então eu estou vasculhando na bolsa para tentar achar uma caneta ou lápis ou qualquer coisa. Eu não tinha nem mesmo um delineador de olhos em mim. Então eu tinha que apenas sentar e pensar. E por quatro horas, porque o trem estava atrasado, eu tinha todas aquelas idéias aparecendo na minha cabeça.

Trecho de Pedra Filosofal lido por Stephen Fry: Harry era pequeno e pálido, com olhos verdes brilhantes e cabelos cor de azeviche que estavam quase sempre despenteados. Ele usava óculos redondos e na sua testa tinha uma cicatriz fina em forma de raio.

Eu não posso descrever o excitamento para alguém que não escreve livros, só posso dizer que foi aquele sentimento incrivelmente exaltado que você tem, quando encontra alguém pelo qual pode se apaixonar. Foi… Foi aquele tipo de sensação que saiu de mim no trem. Como se eu tivesse acabado de encontrar alguém maravilhoso e nós estivéssemos começando aquele caso maravilhoso. Aquele tipo de rejubilamento, aquela luz sem nexo e aquele excitamento. E, uhm, eu volteu para meu flat em Clapham Junction e comecei a escrever. E agora eu tenho escrito por 10 anos, então tem sido um bom caso.

(Imagens e Vídeo da Estação King’s Cross)

Para mim, King’s Cross é um lugar muito, muito romântico. Provavelmente a estação mais romântica simplesmente porque meus pais se conheceram lá. Por isso sempre foi parte do meu folclore infantil. Meu pai tinha acabado entrar na Marinha, minha mãe tinha acabo de entrar na Wrens. Ambos estavam viajando de Londres para Abroath, na Escócia, e eles se conheceram no trem partindo de King’s Cross. Eu sou um pouco nerd em relação a isso e obviamente tinha que ser King’s Cross.

Trecho do filme Pedra Filosofal:

Harry: Com licença, senhor, pode me dizer onde eu fica a Plataforma 9 1/2?
Condutor: Está de brincadeira?

Como muitas vezes nos livros de Harry Potter, era realidade com uma distorção. Eu queria encontrar uma outra entrada para o mundo mágico, mas eu não queria uma espécie de lapso de tempo. Eu gosto das entradas para os lugares que você só pode encontrar se você tiver o conhecimento. Então qualquer pessoa que corresse em direção a barreira com confiança suficiente seria capaz de atravessá-lo, uhm, para esta plataforma, entre a plataforma 9 e a plataforma 10.

Trecho do filme Pedra Filosofal:

Sra. Weasley: Você pode ir correndo se estiver nervoso.
Gina Weasley: Boa Sorte!

Eu escrevi Plataforma 9 1/2 (9 3/4, no original) quando eu estava vivendo em Manchester e eu visualizei erradamente as plataformas e eu estava na verdade pensando em Euston. Uhm, então qualquer pessoa que esteve nas plataformas 9 e 10 reais na King’s Cross vai perceber que eles não tem muita semelhança com as plataformas 9 e 10 descritas no livro. Isso foi apenas eu me esclarecendo lá. Eu estava em Manchester. Não poderia checar.

Passaram-se cinco anos da viagem de trem onde eu tive a idéia original para terminar o livro. E durante esses anos foi gerado este amontoado de material, alguns dos quais nunca vão entrar no livro – nunca vão precisar estar nos livros – são … são apenas coisas que eu preciso saber para meu próprio prazer – em parte para meu próprio prazer e em parte porque eu gosto de ler um livro onde eu tenho a sensação de que o autor conhece tudo. Eles podem não estar contando tudo para mim, mas você tem a percepção de que o autor realmente conhece tudo.

Rowling no chão, papéis em todos os cantos, passando por anotações, papéis, cadernos do universo Harry Potter

Ok, então isso é uhm, pode parecer para olhos desatentos como uma pilha de papéis desperdiçados, mas uhm, isso são 10 anos de trabalho. Como você pode ver eu arquivo meticulosamente. E eu sei onde cada pedacinho de papel está (tosse de sarcasmo). Eu tenho jogado fora alguns poucos trechos e pedaços.

Então isto é o nome de todo mundo no ano escolar de Harry. E todos estes símbolos pequenos significam em qual casa eles estão, o quanto mágico eles são, os parentescos é porque eu precisava disso mais tarde para os comensais da morte e outras coisas e as várias alianças que poderiam ser formadas na escola.

Eu gosto desse. Este foram anos – era ’98 e eu estava tentando achar palavras para os Dementadores. Então eu tenho todas essas palavras em Latin escritas todas dentro do meu diário.

Eu costumo guardar qualquer coisa que tenha a ver com escrever como você pode ver. Essa é a minha aplicação para o beneficio da casa em Gardiner’s Crescent 28 onde eu estava – o primeiro lugar em que vivi obviamente, quando eu estava em Edimburgo uhm, tratada por mim com total falta de cuidado.

Primeiros capítulos descartados do livro um. Eu calculo que devo ter por volta de quinze diferentes capítulos alternativos do livro um. A razão pelo qual descartei cada um deles é porque eles deixam muita coisa exposta. E de fato se você colocar todos aqueles capítulos descartados juntos, quase todo o enredo é explicado.

Esse é um caderno antigo no qual eu trabalhei, e novamente eu não queria que vocês chegassem tão perto, que é a história dos Comensais da Morte.

Onde foi parar meu diário em português? Aqui está. Então, esse é um diário em português, como você pode ver. Não concluído. Porque eu nunca concluí um diário na minha vida. Mas ele tem papel escrito nele. Logo temos outro rabisco do livro um, capítulo um.

Eu fiz muitos desenhos. Eu os desenhei para ninguém mais além de mim. Eu apenas queria ver como os personagens pareciam. Então, de qualquer forma, este era Argo Filch. Sem prêmios. Obviamente Snape. Este é uhm, Harry, chegando na Rua dos Alfeneiros com a Professora McGonagall, e Hagrid, e Dumbledore. Este foi um vagonete do Gringott. Espelho de Ojesed. Estes são os Weasley. Professora Sprout. Eu gosto desse. Na verdade eu pensei que tinha perdido esse desenho. Porque eu iria mostrar para o Chris Columbus. Uhm, e verdade seja dita eu encontrei somente quando não era mais útil e eles já tinham, já tinham filmado aquele pedaço. Mas isto é como se parece a entrada do Beco Diagonal na minha imaginação. Então Chris vai me matar quando descobrir que eu tinha um desenho de tudo e ela tinha perguntado como era. Mas isto estava escondido em caixas.

Trecho do filme Pedra Filosofal – entrada no Beco Diagonal.

Hagrid: Bem vindo, Harry, ao Beco Diagonal.

Narrador: À medida que J.K. Rowling continuou a construção do mundo de Harry, o seu próprio ficou pra trás. Ela chegou em Edimburgo em 1993, após um curto tempo ensinando inglês em Portugal. Então ela se casou, teve um bebê, e então deixou o marido. Ela não tinha um trabalho, praticamente estava sem dinheiro, e tinha uma filha pequenininha para sustentar.

J.K. Rowling: Foi a fase quando aquele tipo de etiqueta “mãe solteira sem dinheiro” acompanhava meu nome, o qual é verdade. Mas não era suficiente dizer que eu era uma mãe solteira sem dinheiro, eu tinha que escrever em guardanapos porque eu não podia fornecer papel e então nós começamos a perder-se na esfera do ridículo. Não vamos exagerar aqui, não vamos fingir que eu tinha que escrever em guardanapos, porque eu não tive. Eles meio que começaram a adicionar pequenos pedaços que nem eram necessários porque a realidade já era ruim o suficiente.

Tomada do lado de fora do antigo apartamento de Rowling em Edimburgo

Eu não tinha voltado aqui desde 1994, quando eu me mudei. E uhm, eu não gosto de voltar aqui, o que não é uma ofensa ao local, mas eu tenho uhm, eu tenho meio que evitado este lugar desde que eu me mudei, somente uma conseqüência do fato de que foram seis meses um tanto infelizes. Eu escrevi muito aqui. Eu poderia dizer que aqui é que o primeiro livro se tornou realmente um livro, em oposição a três capítulos e uma coleção de anotações. Então nós vamos entrar? Vamos nessa.

Você não poderia olhar ao redor objetivamente e dizer “Bem, você tem feito sucesso na sua vida”. Eu tinha 28, eu estava vivendo de benefício. Eu estava vivendo com 70 libras por semana, eu não tinha trabalho. E então, subitamente estando numa situação onde de fato eu não podia sustentar a mim mesma porque obviamente qualquer pessoa que já tentou conseguir auxílio governamental para criança sabe que você é muito sortuda se receber o tipo de auxílio que signifique que você pode trabalhar parte do tempo. Então era tudo realmente um abalo à situação.

Dentro do apartamento

Oh Meu Deus. Isto é uhm. Isto está tão diferente. Isto… oh meu Deus. Oh Uau. Isto está tão tão diferente em relação ao que era quando eu estava aqui. Isto é legal. Isto é realmente legal. E eu estou realmente agradecida. Você espera que o tempo pare mesmo quando você tem saído de um lugar, que e eu deveria conhecer melhor. Eu tenho… cada vez que venho a qualquer lugar perto daqui ou passo num ônibus ou táxi, eu imagino ele como era quando eu… quando eu morava aqui. E tem sido, tudo tem sido… Eu poderia ter prazer em morar aqui. Isto na realidade é maravilhoso. É. É como um exorcismo. Tudo era muito, muito arruinado. E sempre sujo, o que não era culpa do flat, era geralmente a minha culpa porque as pessoas muitas vezes me perguntam para mim “como você fez, como você cuidou de um bebê e escreveu um livro?”. E a resposta é – Eu não fiz limpeza de casa por quatro anos. Eu não sou a mulher maravilha. E uhm, vivia numa imundice, era a resposta.

Durante o dia eu escrevia em Cafés como todo mundo sabe muito bem. Mas eu posso dizer agora para uma gravação, de uma vez por todas, porque está realmente me irritando, eu não escrevia em Cafés para evitar meu flat sem aquecimento. Porque eu não sou tão estúpida para alugar um flat sem aquecimento em Edimburgo no meio do inverno. Ele tinha aquecimento. Eu saía para escrever em Cafés porque o meio de fazer Jéssica dormir era manter ela em movimento no carrinho. Então eu costumava sair com ela, cansar ela, colocar no carrinho e, no momento que ela adormecia caminhar para o café mais próximo e escrever.

Entrada no Nicolson’s Cafe

Então aqui é o Nicolson, onde eu escrevi uma boa parte do livro. Uhm, isto aqui realmente era um lugar excelente para escrever porque existem muitas mesas aqui então eu não me sentia muito culpada em ocupar uma mesa por muito tempo. E, uhm, aquela era minha mesa favorita. Eu sempre queria tentar e conseguir aquela porque era fora do caminho no canto.

Palavras na tela: De volta a 1997. Rowling mostrada na janela do canto do café escrevendo.

Era ótimo olhar para cima enquanto você escreve e parar para pensar sobre as coisas e poder olhar para a rua que estava bem movimentada. Eles foram bastante tolerantes comigo aqui, em parte porque um dos proprietários é meu cunhado. E eu costumava dizer para eles “Bem, vocês sabem, é publicado e eu vou tentar conseguir muita publicidade”. E era tudo apenas uma grande piada. Ninguém nunca pensou por um momento sequer que poderia acontecer.

Para reunir força de vontade para continuar sem promessa de publicação, obviamente eu realmente tinha que acreditar na história e eu acreditava. Eu realmente acreditava. Mas era apenas um sentimento – Eu tinha que fazer bem esse livro – Eu tinha que dar o meu melhor. Mas ao mesmo tempo meu lado realista me lembrava que um autor completamente desconhecido sempre tem uma batalha para conseguir publicar. E quem sabia? Só porque eu achava que era ótimo não era garantia de que mais alguém iria gostar.

Narrador: J.K. Rowling mandou seu manuscrito e arranjou um agente literário, para somente acharem editoras atirando Harry na pilha de rejeitados.

Christopher Little (Agente Literário): Bem no inicio nós estávamos muito excitados sobre ele, na agência. Mas era um livro muito difícil de vender. Uhm, e um número relativamente grande de editoras rejeitaram-no. Era muito longo, concordava com abandono a escola, que era algo relacionado como politicamente errado.

Barry Cunnigham (Editor atual da Bloomsbury): Bem, é claro que agora todos negam ter rejeitado. E, uhm, uhm, e querem distanciar a si mesmos desse erro terrível.

J.K. Rowling: Seria legal apontar nomes? Você está acenando, mas eu não acho que seria muito legal apontar nomes.

Christopher Little (Agente Literário): Foram todas as maiores editoras que conhecemos.

Barry Cunnigham (Editor Atual da Bloomsbury): Entre eles com certeza Puffin e Collins. É como rejeitar os Beatles, né? A primeira pergunta que ela me fez foi “Como você se sente sobre sequências?”. E então ela me contou toda a história de Harry Potter, para todas as séries. Eu percebi claro que ela sabia tudo sobre esse mundo e para onde ia e quem iria ser incluído, como o personagem iria se desenvolver e é claro que era fascinante porque isso geralmente não acontece. Personagens de livros infantis geralmente não crescem em tempo real, você sabe, eles estão parados no tempo em que vivem e as seqüências são voltas sem fim das mesmas aventuras. Mas ter um personagem se desenvolvendo em tempo real como a sua idade de desenvolvia era realmente uma idéia interessante.

Eu dei um pequeno aviso inesquecível para Jo. Uhm, após nosso primeiro almoço juntos nós estávamos sentados e eu disse, “O importante é o que é para você Jo”.

J.K. Rowling: – mantenha seu trabalho atual. Ele falou, uhm, Barry disse, e Christopher, meu agente também disse para mim.

Christopher Little (Agente literário): autores infantis, você sabe, não geram dinheiro real.

J.K. Rowling: Eles, ambos, estavam pesarosos em dizer para mim “Nós realmente gostamos do livro, mas uhm, você sabe, não é muito comercial”.

Narrador: A Editora Bloomsbury adquiriu por apenas 2500 libras o que se tornaria o maior fenômeno literário da literatura moderna. Isso é em torno de 4000 U$D.

J.K. Rowling: Aquilo foi o melhor momento da minha vida, depois do nascimento da minha filha. Christopher me telefonou na tarde da sexta e ele me disse de forma tão prática.

Christopher Little (Agente Literário): Ela ficou sem fala, pelo menos pelo período que é necessário para conseguir fôlego suficiente para um grito enorme, eu acho.

J.K. Rowling: E ele falou “Você está bem, você ainda está aí?”. E eu disse “Uhm, bem é que a ambição da minha vida acabou de se realizar”. E eu estava – aquele foi o melhor. O melhor momento. Desde então nada esteve de alguma forma tão próximo daquele fato de que eu iria realmente ser impressa. Eu iria ser um livro real numa livraria. O melhor momento, oh meu Deus.

Narrador: J.K. Rowling apresentou tanto ao Harry como aos seus leitores um mundo mágico em Harry Potter e a Pedra Filosofal. Harry descobriu não apenas que era um bruxo, mas que era um famoso. Ele tem sido reconhecido como o sobrevivente milagroso do ataque brutal do malvado Lorde Voldemort, que matou seus pais. Através de suas aventuras em Hogwarts, Harry começa a descobrir os mistérios do seu passado.

Phill Pullman (escritor): O órfão é um excelente protagonista para qualquer história porque eles são livres e não foram influenciados ainda. Eles estão livres daquilo que dá à criança o maior senso de quem ele ou ela é, e de onde eles são e aonde eles pertencem. Então eles estão à deriva num caminho estranho. Eles têm essa necessidade enorme – porque todos nós precisamos conhecer de onde viemos e precisamos encontrar aonde vamos pertencer finalmente.

Trecho do filme Pedra Filosofal:

Chapéu Seletor: Hmm. Difícil. Muito difícil. Tem muita coragem, estou vendo. Uma mente nada má também. Tem talento, ah, se tem, e uma sede de provar seu valor… Mas onde vou colocá-lo?

Harry Potter: Sonserina não, Sonserina não.

Chapéu Seletor: Sonserina não, hein?

J.K. Rowling: Quando ele vai para a escola a primeira vez ele está totalmente inseguro, ele tem os sentimentos que todos nós temos – adultos também – quando você entra num lugar novo e não sabe o que está acontecendo. Mas enormemente exagerado pelo fato de que ele está por fora até mesmo em relação a sua fama e sua ancestralidade. E, uhm, esta peculariedade, uhm, de que ele sobreviveu isto, que poderia ter sido um ataque fatal.

Ele é qualquer garoto, mas com um imprevisto.

Narrador: J.K. Rowling mistura o cotidiano com o mágico, o fato e o místico permeiam seus livros.

Trecho de Pedra Filosofal lido por Stephen Fry: “Vocês estão aqui para aprender a ciência sutil e a arte exata do preparo de poções”, começou. Falava pouco acima de um sussurro, mas eles não perderam nenhuma palavra. Como a Prof. McGonagall, Snape tinha o dom de manter uma classe silenciosa sem esforço. “Como aqui não fazemos gestos tolos, muitos de vocês podem pensar que isto não é mágica. Não espero que vocês realmente entendam a beleza de um caldeirão cozinhando em fogo lento, com a fumaça a tremeluzir, o delicado poder dos líquidos que fluem pelas veias humanas e enfeitiçam a mente, confundem os sentidos. Posso ensinar-lhes a engarrafar fama, a cozinhar glória, até a zumbificar”.

J.K. Rowling: Eu não acredito em bruxaria, embora eu já perdi as contas de quantas vezes que fui acusada de praticar bruxaria. Noventa – vamos dizer pelo menos noventa por cento, da mágica nos livros é inventada totalmente por mim. E eu usei coisas de folclore e eu usei um pouco do que as pessoas costumam acreditar na mágica somente para adicionar um certo sabor, mas eu sempre tenho distorcido eles para preencher meus propósitos. Eu quero dizer que eu tenho tomado liberdades com folclore, uhm para combinar com a minha história.

Bruxas e bruxos são uma grande parte da literatura infantil. Eles nunca vão sair de moda. Eu acho que eles nunca, nunca, nunca mesmo vão sair da moda, 100 anos, 200 anos e vão ter outros tipos de histórias com bruxos.

Narrador: Em 1997 J.K. começou tinha começado o segundo livro da série, Harry Potter e a Câmara Secreta. O Livro Um estava indo bem, mas nada perto da sua popularidade hoje. J.K. Rowling ainda sobrevivia do seu trabalho como professora.
Então algo que poderia mudar o seu mundo para sempre aconteceu. Em 1997, Harry Potter lançou seu feitiço sobre a América. Editoras americanas estavam numa guerra de ofertas pelo livro.

Arthur A. Levine (VP, Editora Scholastic): Meu chefe dizia, “Ok, você gosta disso?” e eu respondia “Sim, eu gosto”. “Ok, fique no leilão. Você gosta desses dólares todos?” “Uhm, sim”. Eu continuei dizendo sim, só que eu estava ficando cada vez mais nervoso, uhm, porque no final do dia era mais dinheiro do que eu já tinha pago para qualquer autor antecipadamente, deixar em antecipação por um primeiro romance. Era sem precedentes.
E ela disse, “Você gosta de US$ 105.000?” E eu disse, “Sim! Sim!” E ela disse, “Então vá em frente e faça a oferta”. E assim foi.

Narrador: O acordo com a Scholastic significou que finalmente J.K. Rowling poderia preencher a ambição de sua vida: se tornar uma escritora em tempo integral.

As memórias de J.K. Rowling sobre a sua infância influenciaram profundamente a sua escrita. Ela nasceu em 1965 em Chipping Sodbury e cresceu perto de Bristol com seus pais, Ann e Peter e sua irmã mais nova, Di. Ela admite ter sido reservada e mandona quando criança como um dos melhores amigos de Harry.

Trecho do filme Pedra Filosofal:

Rony: Vingardium Leviosa!

Hermione: Não, pára pára pára. Você acabar arrancando o olho de alguém. Além disso você está falando errado. É Levi-ô-sa. Não levio-sá.

Rony: Faça você se é tão esperta.

J.K. Rowling: Quando eu comecei a escrever sobre Hermione, quando eu realmente peguei numa caneta, ela veio de forma bem fácil, uhm, principalmente porque ela é como eu.

Rony: Vá em frente.

Hermione: Vingardium Leviosa. [a pena flutua]

Eu era um sabe-tudo, e eu tinha aquele, você sabe, senso de insegurança em mim. Tentando compensar isso fazendo tudo certo o tempo todo. E como a Hermione, eu projetava uma confiança falsa, o qual eu sabia que às vezes era muito irritante para as pessoas, mas embaixo disso tudo, eu me sentia completa e declaradamente estranha, por isso eu entendo perfeitamente a Hermione.

Narrador: Mesmo quando era uma criança pequena J.K. Rowling adorava escrever, terminando seu primeiro livro com a idade de 6 anos.

J.K. Rowling: O primeiro livro que eu terminei foi um livro chamado “Coelho”, uhm, sobre um Coelho chamado Coelho. Naquela época revelando a abordagem imaginativa que eu tinha para nomes, uhm, me colocando numa situação boa desde então, e escrevi as histórias do Coelho por anos até o momento onde, eram uma série, uma série de livros sobre o Coelho muito sombrios, uhm, ilustrados pelo autor.

Um livro que eu diria que influenciou especificamente meu trabalho foi, uhm, O Pequeno Cavalo Branco, de Elizabeth Goudge. Ela sempre listava a comida real que estavam comendo. Em qualquer lugar que você estivesse no livro, em qualquer momento que você tinha uma refeição, você sabia extamente o que estava nos sanduíches. E eu me lembro de achar aquilo muito satisfatório quando era criança.

Trecho de Prisioneiro de Azkaban, lido por Stephen Fry: Havia prateleiras e mais prateleiras de doces com a aparência mais apetitosa que se pode imaginar. Tabletes de nugá, quadrados cor-de-rosa de sorvete de coco, caramelos cor de mel; centenas de tipos de bombons em fileiras arrumadinhas; havia uma barrica enorme de feijõezinhos de todos os sabores, Delícias gasosas, as tais bolas de sorvete de fruta que faziam levitar que Rony mencionara.

A medida que entrei na adolescência eu me tornei muito dramática, num realismo forte, totalmente influenciado por Barry Hines e Kes. Infelizmente eu não vivia numa cidade ao norte. Minha percepção urbana não era muito desenvolvida porque eu vivia em Chepstow, no meio de muitos campos e é bastante difícil ser uma jovem urbana descontentada no meio de um campo lamoso.

Casa de campo nos arredores de Chepstow

Então isto aqui é uma casa de campo, obviamente onde eu vivi quando tinha nove anos. Meu quarto está ali longe à direita e, uhm, eu gastei terrivelmente muito tempo naquele quarto escrevendo. Eu tenho lembranças muito felizes deste lugar. De fato é muito emocionante voltar aqui, porque, uhm, eu só estive uma vez – porque meu pai deixou essa casa logo depois da minha mãe morrer. Então eu só voltei aqui uma vez desde que minha mãe morreu.
Eu me lembro sentada na janela do quarto, fumando atrás das cortinas tarde da noite. Meu pai não vai ficar contente em escutar isso. Eu não era muito esperta sobre isso também. Porque, você sabe, eu costumava deixar o cigarro, a ponta do cigarro, você sabe, embaixo da janela, quero dizer – “Oh sim, alguém do bar do pai jogou fora eles de novo no jardim”.

Foi em Wydean que eu conheci o Sean, que tem sido uma amizade muito importante na minha vida – uma grande amizade na minha vida. Eu sempre me senti um pouco de fora e isso, talvez explique porque Sean e eu éramos tão próximos porque ele veio de fora, assim como eu, ele também não tinha pronuncia local, então eu pensei, até certo ponto, nós ambos nos sentimos estrangeiros nesse lugar, e isso provavelmente formou um grande vínculo entre nós.

Então ele é, uhm, Sean, para quem é dedicado o segundo livro, e Rony tem um pouco de Sean. Eu nunca parti do Sean para descrever Rony, mas Rony tem uma frase meio Sean.

Trecho do filme Pedra Filosofal:

Rony: Puxa. Nós conseguimos. Imagina só a cara da McGonagall se visse que nós atrasamos? (McGonagall se transforma de gato para humano) Essa foi mesmo incrível.

McGonagall: Oh, agradeço pelo elogio, Mr.Weasley

Sean: Eu acho que, o personagem Rony, o que tem a ver, comigo de alguma forma, talvez eu tenha mal interpretado, é que ele, ele está sempre ali, ou por aí bem intencionado.

J.K. Rowling: Ele está sempre ali quando você precisa dele, isto é Rony Weasley. Sean foi o primeiro entre meus amigos que passou no exame de direção. E, uhm, ele tinha aquele Ford Anglia velho, o velho Ford Anglia surrado – turquesa e branco – que agora é bastante famoso como o carro que os Weasley dirigem. Bem eu obviamente ia dar aos Weasley o carro velho do Sean. E aquele carro significava liberdade para nós. E meu coração ainda dispara quando vejo um velho Ford Anglia, o que é um pouco triste.

Trecho de Câmara Secreta lido por Stephen Fry: Era como se tivessem mergulhado num sonho fabuloso. Isto, pensou Harry, era sem dúvida o único modo de viajar, deixando para trás os redemionhos e as torrinhas de nuvens branquíssimas, em um carro inundado pela luz quente e clara do sol, com um pacotão de caramelos no porta-luvas, e a perspectiva de ver as caras invejosas de Fred e Jorge quando eles aterrisassem, suave e espetacularmente, no vasto gramado diante do castelo de Hogwarts.

Ele era o cara mais legal na escola. Ele tinha um Ford Anglia turquesa –

Sean: Ford Anglia Turquesa –

J.K. Rowling: E você tinha um corte de cabelo legal eu acho.

Sean: Eu tinha naqueles dias.

J.K. Rowling: Sim.

Sean: Tudo se foi horrivelmente desde lá, mas –

J.K. Rowling: Corte de cabelo Spandau Ballet. Desculpa.

Sean: E, uhm, de noite ela me ligou e disse, “Venha me pegar”, e eu dirigi para cá e nós fomos esfriar a cabeça em algum lugar no carro. Então o carro se tornou –

J.K. Rowling: E ficávamos embaixo da ponte Severn.

Sean: E ficávamos embaixo da ponte Severn ou algum outro lugar?

J.K. Rowling: E discutíamos a vida. E bebíamos. É uma vida muito triste, não é? Isso – isso era o que nós achávamos legal quando tínhamos dezessete. Nós costumávamos sentar aqui numa Ford Anglia. Sim, aqueles garotos urbanos, não sabiam o que estavam perdendo.

Narrador: J.K. Rowling escapou da vida de pequena cidade entrando na Universidade de Exeter. Lá ela obteve a graduação em francês e literatura clássica antes de se mudar para Londres. Então uma bomba atingiu-a. Sua mãe, Ann, que estava lutando há uma década, quando a Esclerose Múltipla tirou a sua vida.

J.K. Rowling: A morte da minha mãe foi a mais profunda descarga da minha vida. A dor dela ter ido, da perda dela e de ela ter perdido uma parte tão grande da sua vida – ela tinha apenas 45 anos quando morreu, o que é muito cedo para morrer – de longe muito jovem para deixar sua família. Nunca iria saber o que iríamos fazer e etc. Mamãe teria tido uma realização particular em ser uma escritora porque ela é que era a amante real de livros. Então isso adiciona um pouco de veneno na faca, se você imagina, que aquilo que ela iria realmente apreciar ela nunca iria saber.

Talvez dois ou três dias depois de eu ter a idéia de Harry, uhm, eu tracei seus pais de uma forma – bastante brutal. Não cruel… não cruel… eu não considerei de uma forma cruel, mas a forma que eu coloquei foi feroz e seco, nada leve, nenhum debate sobre como aconteceu ou… e naquele estado, sem discussão real de como iria ser doloroso. Bem, é claro, mamãe – mamãe morreu seis meses depois de eu ter escrito minha primeira tentativa para o capitulo que abre. Uhm, e aquilo fez uma diferença enorme, uhm, porque eu estava vivendo aquilo – eu estava vivendo aquilo que, aquilo que eu tinha acabado de escrever.

O Espelho de Ojesed foi inteiramente desenhado da minha própria experiência de perder uma mãe. “Apenas cinco minutos a mais, por favor, Deus, me dê só mais cinco minutos”. Nunca iria ser suficiente.

Trecho do filme Pedra Filosofal:

Harry (no Espelho de Ojesed) Mãe? Pai?

Após cinco minutos falando sobre ela para Jessie e, você sabe, porque ela – ela tem um neto que obviamente ela nunca iria ver, e então eu estava tentando falar para ela sobre os livros e então eu percebi que eu não tinha perguntado para ela como era estar morta. Uma questão bastante significativa. Mas eu poderia imaginar bem aquilo acontecendo. Mas nunca iria ser suficiente, aquilo era o objetivo do Capítulo Dez. Você sabe, não dá para mudar na vida e você apenas tem que passar por isso.

Trecho do filme Pedra Filosofal:

Quirell/Voldemort: MATE-O!

Morte é um tema extremamente importante em todos os sete livros, eu poderia dizer que provavelmente o tema mais importante. Se você está escrevendo sobre o mau, o que eu estou, e se você está escrevendo sobre alguém que é essencialmente, um psicopata – você tem a obrigação de mostrar a maldade real em tirar a vida humana.

Trecho do filme Pedra Filosofal:

Quirell/Voldemort: (gritando) Que mágica é essa?

Mais pessoas vão morrer. E, uhm, eles, bem, há pelo menos uma morte que eu… que eu… que vai ser horrível – horrível de escrever. Para re-escrever por que na verdade já está escrito. Mas, uhm, tem que ser.

Narrador: Alguns pais têm questionado que as crianças podem arcar com o lado escuro dos livros.

J.K. Rowling: É interessante como os pais acham que eles têm o direito de ditar para você só porque você está escrevendo material para suas crianças. Eu recebi uma carta horrível para o livro dois – uma carta, muito, muito rabujenta – de uma mãe dizendo, uhm: “Isto foi um final muito perturbador. E eu tenho certeza que uma escritora com a sua habilidade vai pensar numa forma melhor de terminar o próximo livro”. Uhm – então basicamente “gostei até 2/3 do livro, mas, uhm, se você realmente poder dirigir melhor esse assunto no futuro – e eu vou entrar em contato novamente se eu achar inaceitável”. E foi naquele ponto que eu retruquei. E eu escrevi de volta e disse: “Não leia o resto dos livros. Atenciosamente, Jo Rowling”. Não existe ponto, quero dizer, não existe ponto, eu não vou aceitar ditado aqui.

Eu me preocupo com meus leitores? Profundamente e intensamente. Mas eu acho que eles devem ditar uma palavra sequer no que eu escrevo? Não. Não, eu sou a única que deve estar no controle disso. E, eu não estou escrevendo para fazer o filho de alguém se sentir seguro.

Narrador: 1999 marcou a transformação de J.K. Rowling de autor popular, para estrela internacional com o lançamento do Livro Três – Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban. Pela primeira vez, três livros de um Mesmo autor estava no topo da lista de mais vendidos do New York Times. Os seus autógrafos começaram a parecer concertos de rock. Ao toque da meia-noite em 8 de julho de 2000, a Pottermania começou pra valer com o lançamento de Harry Potter e o Cálice de Fogo. Milhares de fás esperavam na fila por horas por uma cópia.

Cenas ao acaso do lançamento de Cálice de Fogo:
Livraria Clerk: “Não leia o final antes do começo. Não faça isso”!

Leitor Jovem: “Oh, meu Deus, isso realmente não é a forma como deveria começar”.

Em Toronto, uma audiência de 12000 pessoas se juntou para a maior leitura de livros de todos os tempos. J.K. Rowling estava assustada.

J.K. Rowling: Eu nunca fui bom em falar em público, de fato, um caso-limite de fobia. E eu pensei: “O que eu fiz?”.

Trecho da leitura de Toronto:

Apresentador: Senhoras e senhores, garotos e garotas – J.K. Rowling!

E eu me senti tão patética, extremamente inapropriada para a tarefa a seguir. Somente, eu e meu livro tremendo. E eu tinha dois tapadores de ouvido, então eu podia escutar apenas de longe o barulho da multidão.

Trecho da leitura de Toronto:

J.K. Rowling: Bom dia. Eu estou satisfeita e assustada em estar aqui para ser honesta com vocês.

Então eu fiz a minha leitura. E uma vez que eu estava lá, eu fui bem.

Trecho da leitura de Toronto:

J.K. Rowling: Mas Duda manteve sua mão passando nervosamente pelo bumbum…

E então eu terminei e disse “Muito obrigada” e aquilo – o que quer que eu tenha dito – e queria escutar como pareceu. Então tirei um dos tapadores. E era como se meu tímpano tivesse explodido. Eu de fato escutei o barulho que todo mundo ouvia no estádio. Era inacreditável.
Se você me levasse de volta e você seria hábil em me dizer exatamente o que aconteceu… primeiramente eu não acreditaria naquilo. Depois se você conseguisse me convencer da verdade, eu não iria saber o que fazer porque eu pensaria, “Eu não saberia lhe dar com aquilo, eu não iria concordar com aquilo”. Então eu não sei, uhm, o que teria feito. E existirão pessoas que assistindo aquilo nunca vão acreditar que é por causa de dinheiro, mas a realidade é que algum tempo atrás aquilo era uma coisa estranha e terrível.

Que irônico que eu passei cinco anos me imaginando dentro da cabeça de um garoto que se tornou repentinamente famoso. Quero dizer, eu passei cinco anos fazendo isso – imaginando como seria viver na total obscuridade e de repente se tornar famoso.

Nunca é prazeroso quando eles invadem áreas que não tem relevância nenhuma para seu trabalho. Quero dizer, existe muita coisa na minha vida que não tem absolutamente nada a ver com Harry Potter. Jornalistas que podem permanecer sem identificação – embora eu realmente não entendo porque “porque eu acho que essas pessoas deveriam pagar por seus crimes – uhm…foram atrás do meu pai… uhm… e perseguiram-no com uma lista horrível de questões na linha de “Porque sua filha odeia você?” O que foi um pouco chocante para meu pai já que eu tinha acabado de desligar o telefone com ele. E, uhm, consideravelmente irritada. E eles vieram até a minha soleira – eles vieram até a minha porta da frente e começaram a esmurrar a porta, e, uhm, aquilo realmente me pegou completamente de mal jeito porque na minha total inocência eu pensei, “Oh se eu ficar somente em casa e trabalhar,” você sabe. Então, uhm, eu pensei e descobri que isso não riria acabar.

Narrador: E em alguns lugares os livros têm gerado controvérsia. J.K. Rowling se tornou o alvo de uma perseguição de bruxa moderna. Alguns grupos cristãos clamam que os livros sobre Potter promovem o ocultismo. Na Carolina do Sul parentes tem tentado banir Harry da sala de aula.

Trecho de um encontro do Departamento de Educação:

Nós acreditamos, uhm, que os livros, a religião da bruxaria, Wicca”. Eu estou profundamente envolvida. Eu gastei muito tempo em reza chorosa porque eu vi os efeitos em colocar pensamentos negativos na mente de nossas crianças.

J.K. Rowling: A pausa é devido a todas essas coisas muito rudes que eu gostaria de dizer a essas pessoas borbulhando e agora eu vou dizer a versão educada. E a versão educada é: Isto não é verdade. Nenhuma vez aconteceu de uma criança vir até mim dizendo, “Devido a você, eu decidi devotar a minha vida ao ocultismo”. As pessoas subestimam enormemente as crianças – eles sabem que é ficção. Quando as pessoas argumentam daquele ponto eu não acho que a razão adiante muito. Mas eu me surpreenderia se algum deles tivesse lido os livros.

Narrador: Até agora, nada pode atrapalhar o sucesso de J.K. Rowling. O muito aguardado filme de Harry Potter alcançou a maior semana de lançamento na história do cinema.

J.K. Rowling: Quanto mais perto eles chegavam, mais preocupada eu ficava, até um ponto que quando eu sentei para ver o filme eu estava assustada. Porque eu pensei, “Oh, por favor, não coloquem nada que não está no livro, por favor, não tomem liberdades horríveis com o escrito”.

Eu gostei, o que foi um alívio, como você deve imaginar. Sim, eu estou, eu estou feliz.

Estou amando escrever o livro cinco. Harry tem que ir a lugares no mundo mágico que nós não visitamos ainda. Mais assuntos garoto/garota inevitavelmente – eles tem 15 agora – hormônios trabalhando em excesso. E Harry tem que perguntar algumas coisas que eu espero que o leitor pense, “Bem, porque ele não perguntou isso antes?” Harry descobre bem mais – bem mais nesse livro, uhm, sobre o passado.

Narrador: A vida de Harry Potter não vai ser resolvida completamente até o livro sete. J.K. Rowling já escreveu o último capítulo.

J.K. Rowling: Isto era uma coisa que eu tava com muita dúvida se mostraria para você. E eu realmente não sei porque, o que isso iria revelar. Mas isso é o capítulo final do livro sete. Uhm, o que, eu ainda tenho dúvidas sobre mostrar a você. Eu não sei. Eu sinto que a câmera vai ser capaz de ver através da pasta. Então é isso aqui, e eu não vou abrir por motivos óbvios. Aqui é… aqui é de fato onde eu amarrei tudo, é o epílogo. E eu, eu basicamente falo o que acontece com todo mundo após deixarem a escola – aqueles que sobrevivem – porque existem mortes – mais mortes chegando. Era uma forma de dizer para mim mesma, “Você vai chegar lá, você vai chegar no livro sete um dia. E então você vai precisar disso!”. Então eu gostaria de lembrar todas as crianças que eu sei que vem até a minha casa e começam a mexer nos armários, que não está mais lá – eu não guardo mais em casa por razões, muito, muito, obvias. Então aqui está.

Traduzido por: Virág Venekey em 25/02/2007.
Revisado por: Patrícia M. D. de Abreu em 23/04/2007.
Postado por: Fernando Nery Filho em 29/04/2007.
Entrevista original no Accio Quote aqui.