DANIEL RADCLIFFE
Daniel Radliffe – entrevista à revista Época

Luís Antônio Giron
10 de julho de 2009

O ator inglês Daniel Radcliffe, de 19 anos, não parece aquela figura vitoriana dos filmes de Harry Potter. Com menos de 1,70 metro de altura, tem os trejeitos de um adolescente irrequieto. O penteado é rebelde, não usa óculos, veste camiseta da banda punk Sex Pistols e olha para os lados, como se estivesse sendo vigiado. Foi assim que ele falou com ÉPOCA em Londres.

ÉPOCA – Como você se sente com o próximo adeus a Harry Potter?
Daniel Radcliffe –
Vai ser bem estranho quando terminarmos os sete filmes. Porque, nos últimos tempos, quando fiz outros trabalhos, como (o filme) December boys, (a peça) Equus ou (o filme para a televisão) My boy Jack, eu sabia que haveria um filme de Harry Potter para voltar. Havia uma segurança nessa expectativa. Ao mesmo tempo, abandonar Harry será uma libertação. Atualmente, recebo roteiros fantásticos, mas tenho de dizer: “Infelizmente, estou ocupado até 2030!” (risos). Mas é fantástico estar na série. São meus melhores amigos, o pessoal da equipe e os atores. Será mais triste deixar de vê-los todos os dias que deixar o papel de Harry.

ÉPOCA – É o primeiro filme de Harry lançado quando todos já sabem o final da série. Isso diminui o interesse pelo longa?
Radcliffe –
Não, porque todo mundo sabia o que acontecia no quinto livro quando o quinto filme foi lançado. Mesmo conhecendo o sétimo livro, as pessoas certamente vão sentir curiosidade para ver o sétimo filme.

ÉPOCA – E o fato de o sétimo livro ter sido dividido em duas produções?
Radcliffe –
Sim, vamos filmar os dois de uma vez. Fiquei contente com a divisão. Fomos obrigados a cortar muita coisa antes. Isso não seria possível no sétimo filme.

ÉPOCA – Você vai ganhar dobrado?
Radcliffe –
(Risos.) Em teoria, sim! Acho que sim (risos). Gosto do jeito como você pensa!

ÉPOCA – Você trabalha por dinheiro?
Radcliffe –
De jeito nenhum. Dinheiro é uma coisa pela qual sou muito, muito grato. Não me preocupo com ele. Mas certamente isso ocorre porque o tenho. Essa é a verdade. Não quero ser um ator que faz coisas por grana. Ou melhor, uma das coisas pelas quais adoro George Clooney é que ele fez filmes ótimos e comerciais, como a série Onze homens e um segredo, e tira dinheiro daí e faz Syriana ou Boa noite e boa sorte, filmes que não vão render muito dinheiro, mas são ótimos. É isso que respeito.

ÉPOCA – Qual trabalho dá mais prazer: cinema, teatro ou televisão?
Radcliffe –
No palco, você tem aquela plateia na sua frente, o que é muito empolgante. Na televisão, o bacana é a rapidez. Quando faço Harry Potter, o processo é lento. Levamos 11 ou 12 meses numa produção. Se conseguimos uma cena inteira em um dia, é um dia muito bom. Em My boy Jack, fazíamos seis ou sete cenas por dia. Isso exigia muito mais em termos de aprendizado. A diferença é que a televisão é uma corrida de 100 metros rasos, enquanto o cinema é uma maratona. Porque o desafio, em Harry Potter, é manter os níveis de energia altos e manter a resistência por 12 meses. Se eu tivesse de escolher um dos três, diria que amo o teatro e reconheço que ele me dá mais prazer.

ÉPOCA– Como foi aparecer nu na Broadway, na peça Equus, de Peter Schaffer?
Radcliffe –
Uma situação interessante. Mesmo quando fiz em Londres, os americanos ficaram perturbados. Ora, estava a milhas de distância… O problema é que eu era menor de idade. Agora sou maior. Não vejo por que haveria problemas, mas sempre tem gente que reclama. Um dos problemas do mundo são as pessoas que querem forçar suas opiniões para as outras. Isso realmente me irrita. Claro que existem regras boas, como “não mate”. Mas, quando falam “não fique pelado no palco”, eu pessoalmente discordo.