McLean, Craig. “Harry audacioso”. The Observer, 11 de fevereiro de 2007.

De mago de óculos ao atormentado empregado de um estábulo, a trajetória de Daniel Radcliffe, de ator juvenil à ascendente estrela do palco, não poderia ser mais diferente – ou ousada. Mas sob a aparência madura do nascente protagonista existe um adolescente comum prestes a saborear legalmente sua primeira bebida – sem mencionar sua primeira cena de nudez.

Vamos ao que interessa. Enquanto ele tira seu velho boné verde e se livra de seu suéter volumoso, falando de forma educada e ansiosa, Daniel Radcliffe me informa que, não, ele não está deixando crescer um “bigode rebelde de adolescente”. Ele foi instruído a não se barbear antes de aparecer de novo para trabalhar. “Já faz dois dias,” ele fala com um sorriso esperançoso, coçando o rosto com um pouco de barba por fazer, “então, eu estou chegando lá”.

Nós falamos um pouco sobre pêlos. Ele tem 17 anos e esse é um assunto pertinente. Enquanto ele tira a roupa, ficando apenas de camisa, calça jeans e tênis desgastados – eu me permito uma olhadela nos vários pêlos que saem do umbigo de Radcliffe e descem até sua virilha.

“É isso que me chateia!” ele berra. “Começa na sua cabeça e então surge em todo lugar”. Seu pai, Alan, tem uma cabeleira descente, porém, ficou grisalho muito jovem. “Mas ele é um grisalho digno, eu gosto de pensar. Espero que eu esteja no mesmo caminho. Mas as mulheres têm uma lida árdua quando se trata de pêlos – elas supostamente não deveriam ter nenhum, mas, ocasionalmente, você vê mulheres que chegam aos 60 anos com um buço peludo. Isso é terrível!” Os olhos de Radcliffe arregalam-se de horror.

Enquanto nos acomodamos em nossos lugares em uma sala de um hotel boutique localizado em Chelsea, não muito longe da casa que Radcliffe – filho único – divide com os seus pais em Fulham, nós mudamos o assunto para música. Ele é um fã ferrenho, principalmente de bandas independentes, e eu lhe trouxe cópias de alguns álbuns ainda não disponíveis nas lojas. Ele fica especialmente feliz ao receber uma cópia do segundo CD do Bloc Party. Ele conheceu o cantor Kele Okereke no Reading Festival. Okereke não sabia quem ele era até que um amigo do ator lhe disse, “Uh, esse é Daniel Radcliffe…” “Então ele meio que entendeu e foi uma daquelas situações um tanto embaraçosas por um momento”.

Ele revira a pilha, animado. “O que é legal é que eu menciono, ocasionalmente, o nome de uma banda em uma entrevista – como eu mencionei Arcade Fire em uma entrevista a Rolling Stone ano passado. Olha só, um mês depois uma caixa de coisas do Arcade Fire apareceu!” Ele sorri.

Ah, os benefícios do ofício quando se é o adolescente mais famoso da Grã-Bretanha. Ou, talvez, a mais famosa estrela de filme adolescente do mundo. Não que ele precise Não que ele precise ganhar presentes. O sucesso global do quarto filme de Harry Potter fez de Daniel Radcliffe – vamos chamá-lo de Dan, todos o chamam – o jovem mais rico da Grã-Bretanha. Desde que derrotou 400 mil garotos esperançosos em quatro audições quando tinha 11 anos, Dan tem visto seu cachê por filme aumentar incrivelmente. Pelo filme de estréia, Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001), ele foi pago supostamente 60 mil libras; pelo último, Harry Potter e o Cálice de Fogo, 6 milhões de libras. Com Dan recebendo também uma parte do rendimento das vendas de produtos relacionados ao filme, o valor de seu lucro líquido perto da estréia do quinto filme, Harry Potter e a Ordem da Fênix, nesse verão, deverá estar em torno de 20 milhões de libras.

Mas como Harry Potter bem sabe, a fama e o sucesso também atraem forças negativas. Dan entende que agora que está se tornando adulto, o fato de ser famoso significa que os paparazzi – e cidadãos armados com celulares com câmera – os vê como alvo fácil. Mesmo se você não é o tipo de estrela que vai a festas sem usar calças, você tem que ser cauteloso.

“Se (os paparazzi) tirassem uma foto minha aos 15 anos tomando vodka – o que, a propósito, eu não fiz – então eles fariam a festa. Eu tenho mesmo que ser cauteloso ao sair e coisas do tipo”. No Reading Festival, um amigo pediu a Dan que segurasse uma bebida por um instante; ele teve que se negar. Ele está nesse jogo tempo suficiente para imaginar a manchete que isso daria: “Harry Cachaceiro”.

Ir para shows, ele diz, é relativamente seguro, mesmo se você for uma estrela do Vanity Fair. “As pessoas vão pra lá pela música. Então, na maior parte do tempo eles não te reconhecem. Eu fui ver Radiohead no Hammersmith e não havia uma única pessoa que não estivesse concentrada no palco”. Boates estão fora de questão, mas ele não se interessa pela música que elas oferecem.

Ele conta a estória de um amigo a quem foram oferecidas 200 libras pela foto de uma jovem celebridade, famosa por freqüentar a vida noturna, usando cocaína; ele ficou horrorizado, e sabe que deve haver uma recompensa mais alta por fotos comprometedoras dele mesmo.

“Eu não sou de jeito algum um monarquista,” ele continua, “mas eu sinto muito mesmo pela pobre da Katie não-sei-o-quê. Qual o nome dela? Midleton. Aquelas fotos dela saindo de sua casa um dia desses…” Ele balança a cabeça ao pensar na imagem da namorada do Príncipe William passando a manhã do seu aniversário sendo criticada por paparazzi. “O que eu fiquei pensando foi no fato de que todos eles estão dizendo que ele se casará com ela – e se não for? Isso deve criar alguns momentos embaraçosos durante o jantar.

Até bem recentemente, a atenção de admiradores do sexo feminino era um pouco mais do que uma curiosidade divertida para Dan. Uma multidão estimada em 6 mil fãs lotou a frente do Radio Music Hall de Nova Iorque na estréia de o Prisioneiro de Azkaban, em 2004. Mas em 2005, na premiere americana de o Cálice de Fogo, a Pottermania surtou: “Rupert (Grint, também conhecido como Rony Weasley) foi atingido com roupas íntimas!” ele ri. Uma garota em um carro seguiu a limusine de Dan pelas ruas de Manhattan; quando eles pararam no sinal ela tentou subir pela janela do passageiro. “Aquilo foi muito, muito estranho”. Outra garota segurava um cartaz: “A Sra. Radcliffe está aqui”. Sua mãe ficou confusa com aquilo, “porque ela é a Sra. Radcliffe”. Ela não compreendeu imediatamente que seu garotinho é agora um objeto de desejo.

Quer dizer, mesmo quando ele estava promovendo o primeiro filme Potter na América, Dan se recorda da garota que esperou por ele, vestindo apenas uma toalha. “Eu tinha uns 11 anos quando isso aconteceu. Eu não sabia o que fazer. Eu ainda estava descobrindo como as coisas funcionavam!” Ele diz gaguejando. “Aquilo foi muito legal, na verdade. Eu queria que acontecesse de novo. Pelo que eu me lembre, ela era muito atraente. Eu teria feito alguma coisa hoje em dia!”

A publicitária e conselheira de Dan, Vanessa Davies – que tem sido sua consultora de mídia por seis anos – aparece da sala ao lado. “Você não vai querer dizer isso em uma entrevista…” Disciplinado, Dan rapidamente sossega seus hormônios. Eu vislumbro por um momento a pressão que ele deve enfrentar diariamente: ser uma criança em um mundo super amadurecido.

Quando pergunto se ele precisa se preocupar com seus relacionamentos serem expostos demais – ou sobre qualquer assunto relacionado a namoradas – ele lança um olhar com Davies antes de responder. E então continua, sem se preocupar. “Eu não tenho uma namorada no momento. Eu tive provavelmente duas do que eu acho que você pode chamar namoradas sérias. Mas eu nunca me preocupei com isso, ou com elas fazendo qualquer coisa. Geralmente eu prefiro arriscar se eu gostar mesmo de alguém. Eu acho que eu geralmente seria capaz de discernir. Eu tenho um bom instinto para pessoas.

“Claro que você tem que ter um pouco de cuidado, eu tenho certeza que terá várias garotas que… Bem, eu espero que haja várias garotas apenas tentando sair na mídia! Alguém me disse outro dia, ‘Você se preocupa se as garotas só te dão atenção por causa de quem você é?’ Eu respondi algo como, ‘Eu tenho 17 anos, eu não me importo! É maravilhoso!’”

O que os fãs de Potter acharão do seu próximo trabalho é difícil de prever. Esse mês ele começa uma temporada de quatro meses no Teatro Gielgud em Londres, na peça de Peter Shaffer, Equus. É a primeira grande produção de Equus desde a original, há mais de 30 anos. Dan faz o papel de Alan Strang, um perturbado jovem empregado em um estábulo que cega seis cavalos com uma estaca de metal – e que não faz a barba. Richard Griffiths (The History Boys e, é claro, Tio Valter Dursley nos filmes Potter) faz o papel do Dr. Martin Dysart, o psiquiatra encarregado de tratar o rapaz. E, como reverência à adaptação cinematográfica da peça Equus por Sidney Lumet em 1977, Jenny Agutter é Hesther Saloman, a magistrada que menciona o rapaz a Dysart. Na versão das telonas Agutter fazia o papel de Jill Mason, a moça atraente do estábulo que seduz Alan. É a relação sexual precoce entre os dois no estábulo que causa a obsessão sexual e religiosa de Strang por cavalos e seus espíritos místicos (“equus”) a terminar em um selvagem ataque aos animais nas celas.

Equus é uma mudança ousada na carreira de um jovem ator até agora conhecido como bruxinho de óculos. Ano passado Dan fez seu primeiro papel fora da série Potter como convidado na segunda temporada de Extras. Ricky Gervais e Stephen Merchant lhe deram o papel de um adolescente mimado e viciado em sexo que acidentalmente deixa sua valiosa camisinha cair na cabeça de Dama Diana Rigg. Ele amou cada minuto disso, “brincando com o juízo que todos têm de você como um ator juvenil – que você será realmente convencido e cheio de si”.

Mas por que ele decidiu fazer esse papel árduo e psicologicamente desafiador? “É uma peça muito intensa, sexual e, de alguma forma, violenta,” ele admite. “E uma parte da platéia poderá ficar chocada. As pessoas podem até mesmo pensar que eu não deveria estar na peça por causa dos fãs de Potter. Mas eu acho que isso seria um erro… a pessoa posicionada no centro das atenções deve ser sempre aquela que direciona a atenção”, ele conclui firmemente com um aceno de quem já é experiente. E aqui eu vejo o outro lado de Dan. Essa combinação, de inexperiência e sabedoria, é especialmente agradável. Você gostaria de tomar uma cerveja com esse cara, você pensa. Quando isso já não for ilegal, é claro.

Eu pergunto ao Dan o que J.K. Rowling pensa sobre a nova aventura dele.

“Ela vira assistir!” ele diz, sorrindo. “Ela está muito animada em relação a isso, o que é ótimo! Eu acho que será estranho pra ela porque – eu não sei até que ponto isso é verdade – alguém disse que quando ela me viu pela primeira vez no meu teste ela disse algo sobre ter achado o filho que ela nunca teve. Então será muito estranho pra ela ver seu filho, há tanto perdido, cegar cavalos! Estou ansioso pra ouvir a opinião dela”.

É um grande ano em vários sentidos para Radcliffe. Em Agosto ele filma seu primeiro grande papel na TV – o protagonista em My Boy Jack, um drama sobre o filho de Rudyard Kipling, de quem a morte na Primeira Guerra Mundial assombrou o escritor pelo resto da sua vida. Como um garoto típico, Dan está animado com a perspectiva de filmar as cenas nas trincheiras, que estão sendo recriadas na Irlanda. “É também uma desculpa pra assistir um monte de filmes sobre a Primeira Guerra Mundial e ler Birdsong¹.

Setembro deverá ver o lançamento de outro projeto fora do mundo Potter. Um verão para toda a vida (December Boys), um filme de baixo orçamento feito na Austrália, é um drama que se passa nos anos 60, no qual Dan faz o papel de um dos quatro órfãos competindo a atenção de potencias pais adotivos. Ele e seus pais têm uma casa em Melbourne, da qual visitam freqüentemente no inverno britânico – foi ótimo me ajustar em trabalho menor, especialmente em um filme de filmagem curta, comparado com os nove ou dez meses necessários para cada filme Potter.

Mas o verão traz uma evolução ainda mais essencial em sua jovem vida: em 23 de julho, Dan completa 18 anos e terá acesso a sua considerável fortuna. Ele não é um exibicionista mas ele considera comprar um Toyota Prius (não que ele tenha passado no teste de direção, e não que ele seja um ambientalista de verdade – ‘eu sempre esqueço de desligar as luzes’); Ou ele poderá ceder à sua paixão pela arte moderna; ele ama o trabalho de Jim Hodges, apesar do seu artista favorito ser Jackson Pollock.

Ele também está pensando em comprar um lugar só pra ele, e está ansioso para ir até um pub e segurar uma bebida sem temer o flash de uma câmera de celular. Uma coisa que ele não vai querer, entretanto, é dar uma festa. Ele seria inútil para organizar uma, ele diz, “Eu não sou muito de festas. Eu não sei como agir quando estou em uma”.

Julho também vê o lançamento de Harry Potter e a Ordem da Fênix, o quinto filme, e a publicação do sétimo e último livro, Harry Potter e as Relíquias da Morte. Dan deixa escapar que o último estará chegando em 07/07/07. Davies o reprime novamente. Essa data não está confirmada, ela diz. Corando, Dan diz que sua grande preocupação é que o livro será lançado apenas alguns dias antes da premiere americana do filme em 13 de julho. Ele não terá tempo de lê-lo, e algum jornalista no tapete vermelho certamente perguntará sua opinião sobre o final… Agora, sabe-se que a data de publicação do livro será 21 de julho, então ele realmente não poderá responder nada.

Há um sentimento de alívio pelo fato de a série finalmente terminar nesse verão?

“Era um alívio há até pouco tempo, quando eu comecei a pensar, ‘Meu Deus, isso terá sido nove anos da minha vida no final’ Eu conheci tanta gente, e pessoas chegaram e saíram da minha vida nesse tempo, e eu fiz algumas amizades maravilhosas. E algumas amizades que começaram e então” – ele ri e tosse – “acabaram não dando certo”.

Ele reflete na maneira que atuar, e Harry Potter, definiram seus 17 anos. Tendo passado grande parte da sua adolescência em companhia de adultos, famosos aliás, significa que ele conta como amigos não os colegas da escola, mas pessoas como Gary Oldman, Imelda Staunton e Kenneth Branagh (foi Branagh – que interpretou Gilderoy Lockhart no segundo filme, a Câmara Secreta – que sugeriu a Dan que ele fizesse Equus, e que trabalhou com ele em versões iniciais da peça em 2005). Às vezes, ele pensa que adquiriu características de um “homem mais velho” devido a todas as companhias adultas que mantêm.

“E os anos da adolescência,” ele continua, “são os anos da sua vida em que tudo está acontecendo – você se apaixona pela primeira vez, você faz todas essas coisas. E junto com tudo isso acontecendo na minha vida esteve Harry Potter. Será animador de certa forma porque eu estarei livre de tudo isso. Mas esse tem sido o palco em que os meus anos de adolescente se desenrolaram. Então será muito triste quando eles finalmente terminarem”.

Por todo o surrealismo de sua existência na lista Vip, a principal dívida de Radcliffe à Harry Potter é mais banal. Pergunte a ele se ele poderia imaginar a vida sem os filmes e ele responde, “Eu acho que teria sido uma bosta, pra ser honesto”. Não porque ele não teria tido o dinheiro, a fama, a diversão – “mas em termos de freqüentar a escola”. Ele foi a sua primeira audição para uma versão televisiva de David Copperfield aos 9 anos, por sugestão de um agente de filmes amigo de seus pais. “O motivo de eu ter feito aquilo foi por eu não estar indo particularmente bem na escola”.

Então, fazer os filmes Potter era, a princípio, “apenas diversão. Eu era uma criança em um set de filmagem e isso era incrível e eu brincava no estúdio”. Mas já no terceiro filme, o Prisioneiro de Azkaban, “Eu realmente comecei a entrar no processo da coisa. E essa diversão só aumentou à medida que os filmes se desenrolavam”.

O ciclo de produção dos filmes também fez suas experiências escolares de adolescente melhores. “Eu nunca fui bom em esportes, e eu não era muito estudioso também, eu teria achado tudo isso muito difícil e frustrante. Então, ser instruído individualmente por um tutor no set tem sido ótimo”. Ele credita seu tutor inglês – “uma grande inspiração” – por ter aberto seus olhos para as maravilhas da poesia. Escrever poemas é um de seus hobbies. “Muitos deles falam sobre como estou me sentindo, ou sobre certos eventos na minha vida. Muito mais divertido do que escrever um diário”. Seu poeta moderno preferido é Tony Harrison, cuja parceira é, coincidentemente, Sian Thomas, atriz que interpretará Amélia Bones no próximo filme Potter. “Então eu fui sortudo o bastante em poder escrever pra ele”.

Apesar de a Ordem da Fênix ser a mais longa dos seis romances sobre Potter já publicadas, a sua produção foi a mais curta, porque Dan pôde dedicar mais tempo às filmagens depois de sair da escola City of London no verão passado, no meio das gravações. Ele está sem palavras pelas suas notas: nota A em todos os seus três “exames AS Level²”(religião e filosofia, história, literatura Inglesa). Mas ele não irá para a universidade; ele nem ao menos está certo de quando – ou se – ele voltará para conseguir seus “A-levels”. “Eu gosto muito mais da idéia de me educar apenas lendo sem parar, coisa que eu estou perfeitamente feliz em fazer”, ele sorri. Sua leitura atual: Laughter in the Dark3, do autor Nabokov. “Muito mais fácil que Lolita, na verdade”.

Fênix é o filme mais sombrio, mais intenso, e mais complexo, sem dúvida. “Foi também o que eu mais me diverti,” ele diz. Não porque há cenas de amor e beijo – “apesar de elas terem sido ótimas!” – mas porque ele é um grande fã do diretor David Yates. E porque ele teve que trabalhar seriamente com Oldman (Sirius Black) e Staunton (Dolores Umbridge).

Dan é notavelmente maturo e confiante para alguém que ainda não é legalmente adulto. Mesmo com seus comentários um tanto artificiais, ele é o adolescente “superstar” milionário menos presunçoso e mais encantador que você poderá conhecer. “Alguém, recentemente, achou que eu tinha 19 anos, apesar da minha estatura diminuta (ele mede 1.65 m) ele diz orgulhosamente.“Isso foi bem legal. Eu devo emanar uma áurea de maturidade o tempo todo”, ele declama com um escárnio vaidoso e teatral.

David Heyman, produtor dos filmes Potter, diz que a sétima e última produção estará pronto em 2010. Mas em 2010, Dan terá 20 anos. Ele está comprometido com o sétimo filme Potter? Pela primeira vez, sua conversa fluida vacila. “Hum, não tenhoooo… certeza. Mas se eu fizer o sexto, que eu provavelmente farei, acho que será muito estranho não fazer o último. Se você foi tão longe, você deve terminar o que começou”.

O que ele acha que acontecerá no último livro? Ele vai morrer?

“Acho que vou. Eu meio que espero morrer, na verdade. Acho que essa é realmente a única maneira de Jo finalizar, se Harry e Voldemort… Talvez um só possa morrer se o outro morrer. Eu não tenho certeza disso. Mas eu estou ansioso para fazer uma cena de morte, se eu tiver essa oportunidade”.

Mas honestamente, ele diz, ele não faz idéia de como a série terminará. E nem quer saber. Ele é um fã de Potter, como todos os outros. “Jo veio até o set um dia desses e eu disse, ‘Oi, por que você está aqui hoje?’ E ela disse, ‘Ah, eu só preciso dar um tempo do livro – Dumbledore está me dando muito trabalho.’ E eu disse, ‘Mas ele não está morto?’ E ela disse, ‘Bem, está, mas é mais complexo…’ E eu falei (rapidamente) ‘OK, eu não vou perguntar mais nada! ’”.

Nosso tempo está terminando. Encontramos-nos em um domingo à tarde porque esse é o único tempo livre que ele tem – a diretora Thea Sharrock está pondo seu elenco sob um vigoroso programa de preparação. Até agora, ele só tirou a camisa no ensaio, “o que foi tranqüilo”. A atriz que interpreta Jill Mason ficará nua também, “então, pelo menos, eu não estarei sozinho. Mas, hum, eu acho que será muito, muito sensível, o que é legal. A nudez é só algo que eu terei que fazer, na verdade,” ele diz, de forma tão casual, que quase se atrapalha. “É só parte da peça”.

Ele está entrando em forma secretamente?

“Eu tento ficar relativamente em forma, mas eu não estive tomando um monte de anabolizantes ou esse tipo de coisa! Esse seria o pior que eu poderia fazer, na verdade”, ele ri. “Isso não faz as suas bolas encolherem?”

Será que ele teve que pensar longa e duramente sobre fazer… Dan me interrompe com uma risada abafada. “Desculpe! Longo e duro!”

Perdoe-me, escapou. Enfim. A decisão de fazer Equus é algo confirmado?

“Sim, definitivamente. Eu só quero deixar claro que posso fazer outras coisas. E que não estou com medo de fazer coisas muito, muito diferentes de Harry. Harry é um papel incrivelmente desafiador. Mas Alan é tão diferente”.

“E com a coisa da nudez… O certo é que, se eu tivesse feito a primeira produção de Equus há 30 anos e não tirasse a roupa na cena mais marcante da peça, as pessoas falariam, ‘Ele não está realmente comprometido com isso!’ Tem que ser feito, é um ótimo momento na peça. Me faz parecer muito mais vulnerável, sabe, se eu não estiver usando calças, do que se eu estiver usando!”

E Daniel Radcliffe bufa como um adolescente. Embora um adolescente riquíssimo, famosíssimo, muito talentoso e particularmente esperto e decente.

As pré-estréias de Equus começam em 16 de fevereiro no Teatro Gielgud (http://www.dielgud-theatre.com)

N. T.
1 Romance sobre a Primeira Guerra Mundial de Sebastian Faulks.
² Advanced Subsidiary levels (o primeiro dos dois exames necessários para se obter a qualificação A-level, que é pré-requisito para o ingresso no ensino superior).

N. R.
3Romance, publicado em 1932, por Vladimir Nobokov (mesmo autor de Lolita) sobre um homem de meia idade que se apaixona por uma mulher muito mais jovem.

Traduzida por: Tiago Monteiro em 29/03/2008.
Revisado por: Fabianne de Freitas em 28/09/2008.
Postado por: Vítor Werle em 08/10/2008.
Entrevista original aqui.