Davies, Frank. “Joanne Kathleen Rowling, criadora de Harry Potter”. Sunday Gazette-Mail (Charleston, SC), 14 de novembro de 1999.

WASHINGTON – Joanne Kathleen Rowling, criadora do fenômeno literário Harry Potter, adquire com uma expressão de tédio quando ela ouve as mesmas perguntas: Qual o seu segredo? De onde vem a sua inspiração?”.

“Se eu soubesse de onde ela vem, eu teria ido morar lá”, ela brincou durante uma recente aparição no National Press Club. “A maioria das idéias apenas aparece, embora em algumas eu realmente tenha que trabalhar um pouco”.

E o que falar sobre o seu incrí­vel cortejo? Seus três primeiros livros de Harry e suas fantasmagóricas aventuras na Escola de Magia de Hogwarts atingiram o topo das listas de mais vendidos com mais de 7 milhões de cópias só nos EUA. Mas ao contrário de “Star Wars“, “Tarzan” ou “Pokémon” isso não é resultado de uma máquina mundial de publicidade.

Isso é trabalho de uma pequena escritora inglesa, 34, que estava desempregada há alguns anos atrás e se sentava curvada numa mesa de uma cafeteria de Edimburgo inventando Harry e seus amigos. Ela confiava apenas em sua irmã. E foi recusada por várias editoras.

Bloomsbury lhe deu uma chance, mas deixou o nome da autora como J.K. Rowling, pois os garotos não se interessariam em ler o livro se eles soubessem que ele foi escrito por uma mulher.

Por que é tão popular? “Já me perguntaram isso inúmeras vezes”, ela disse, rindo. “Eu não quero analisar isso. Não tenho uma iluminação mágica. E eu não escrevo com um grupo foco dentro da minha cabeça”.

Numa cena própria de um rock star ou um herói dos esportes, Rowling foi cercada de jovens fãs do Press Club, numa viagem de duas semanas aos Estados Unidos. Ela assinou mais de 400 livros, e mostrou um humor inocente e um estilo natural pra responder as perguntas das crianças e seus pais:

Aviso aos que querem ser escritores: Leia o máximo que você puder. Entenda que muito do que você vai escrever é lixo. Preserve.

Aviso aos pais dos jovens escritores: Não lhes diga que o que eles escrevem não é realista.

Sobre a série Harry Potter: Vou escrever sete livros. Quando eu terminar só posso esperar uma certa tristeza. Serão 13 anos de trabalho.

Sobre o destino de Harry: Eu sei o que vai acontecer com o Harry no livro 7, mas eu não vou te contar — ele tem uma agenda cheia, pobre garoto.

Como ela teve a idéia do Quadribol, o esporte jogado em cima de vassouras e parte central das histórias: toda sociedade secreta precisa de um esporte, então eu decidi por esse perigoso jogo. Como cricket, o quadribol pode durar anos e anos até o pomo de ouro ser pego.

Sobre se Harry e sua amiga Hermione vão namorar quando eles crescerem: Não, mas eu não vou responder isso pra mais ninguém — nem mais uma palavra.

A febre Harry Potter pode crescer mais ainda. O quarto livro deve sair no próximo ano e o filme do primeiro livro, Pedra Filosofal, deve sair pela Warner Bros. em 2001.

Alguns crí­ticos reclamaram da magia e da violência, mas Rowling disse que ela escreve livros éticos com Harry, Rony e Hermione como crianças boas por natureza.

Além disso, ela acrescentou: Se você quiser proibir todos os livros que tiverem magia ou algo sobrenatural você jogaria fora três quartos da literatura infantil.

Traduzido por: Milla Parkinson em 18/01/2006.
Revisado por: Patrí­cia Abreu em 07/05/2007 e por Vinicius Alvarez em 20/02/2008.
Postado por: Fernando Nery Filho em 04/05/2007.
Entrevista original no Accio Quote
aqui.