HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX
Telegraph ~ Charles Frederick
29 de junho de 2007
Tradução: Patricia Abreu

Filme de Potter é o melhor e mais sombrio até agora

Quando Daniel Radcliffe apareceu em um terno branco para a premiere japonesa de Harry Potter e a Ordem da Fênix ontem em Tóquio, centenas de garotas japonesas começaram a gritar em uní­ssono: “Kakkoiiii! Kochi mite!” Ou, numa tradução livre, “Você é tão legal! Olhe pra cá!”

Elas provavelmente não gritarão “Harry, você é tão legal” quando virem o filme. Pra começar, ele está cheio de angústia adolescente: conflitos, freqüentemente isolado e às vezes com uma fúria assassina.

E aquele beijo tão aguardado com sua pupila e companheira Cho pode decepcionar muita gente. Ele demora um pouquinho demais e não há quí­mica suficiente.

Ainda assim o filme é sombrio o suficiente pra prender os adultos, familiar o suficiente para nos acalmar e acelerado o bastante para resumir 766 páginas em duas horas e 18 minutos.

E quem pode ver Harry e seus amigos voando em formação sobre o rio Tâmisa e não sonhar em poder se juntar a ele?

Cada novo filme da série Harry Potter coloca camadas profundas enquanto a trama se move para lugares compensadores. Personagens existentes se desenvolvem ricamente e se tornam mais complexos enquanto os novos temperam a história.

Em Ordem da Fênix, Dolores Umbridge – a burocrata oficiosa enviada pelo Ministério da Magia para impor sua vontade em Hogwarts – é apropriadamente hipócrita, alegre e intimamente nauseante. Helena Bonham Carter, como a prima louca de Sirius Black, consegue combinar loucura e sex appeal.

Harry não está mais apenas lutando contra monstros em batalhas impressionantes. Está lutando contra o medo de falhar e seus demônios interiores que destroem a paz de sua mente. Hogwarts não é mais um santuário, já que o Professor Dumbledore e Hagrid foram expulsos.

É difí­cil não procurar significados escondidos enquanto a luta se torna polí­tica. Harry sabe que Voldemort voltou, mas o ministro da magia insiste cegamente em dizer que não. A mí­dia subserviente faz eco à ofensiva ministerial contra Harry.

Pior que tudo isso é a tentativa de forçar um comportamento repreensivo e conformista em Hogwarts. Estudantes são proibidos de aprender qualquer coisa que possa ser útil em batalha porque não ameaça, segundo o pensamento oficial. Inevitavelmente, os exames preenchem o lugar do aprendizado real.

No filme há um momento marcante de pura alegria, é o festival criado pelos gêmeos Weasley quando invadem o salão de exame e tocam o terror.

Há momentos banais. O perigo de Harry chegar ao clí­max quando se esforça para resistir a Voldemort entrando em sua mente. Mas ele consegue vencer porque ele vê seus amigos e entende que é amado.

Hermione e Rony estão sempre presentes, mas sua importância na história tende a vacilar conforme Harry cresce. Mas enfatizar algumas fraquezas seria negligenciar o ponto óbvio – que Harry Potter está mais velho, maior e mais sombrio do que nunca. E ninguém quer perder sua jornada.