HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX
Resenha do filme

The Hollywood Reporter ~ Kirk Honeycutt
30 de junho de 2007
Tradução: Patri­cia Abreu

Ponto principal: Harry sofre com crescentes dores enquanto este filme luta para destilar o maior livro de J.K. Rowling até agora.

As coisas de fato estão ficando mais sombrias no mundo de Potter. Em Harry Potter e a Ordem da Fênix, tanto o temperamento quanto o esquema de cores estão amargos, cinza e preto. Há rosa, para ser sincero, ele está na primeira vilã feminina da série de filmes e livros.

O aguardado filme tem como novo diretor o veterano da TV britânica David Yates, e ele e o roteirista Michael Goldenberg fazem um trabalho respeitável em manter coerente a história da romancista J.K. Rowling. O problema, entretanto, está nessa história e em sua coerência.

Esse é o quinto – e mais longo com 800 páginas – livro de “Harry Potter” em que um filme é baseado. Conseqüentemente, esse é um filme que parece uma reunião numa estação de trem em que ainda mais personagens são apresentados e velhos amigos revistos, fazendo uma disposição desconcertante de personagens para se conhecer, mesmo para quem presta muita atenção. Depois tem o fato de que esse livro – e filme – é um divisor de águas na história, com revelações e esclarecimentos da trama antes de ingressar nos capí­tulos faltantes. Então enquanto “Fênix” é um filme necessário, ele é possivelmente o menos agradável até agora.

O que não vai manter as multidões longe dos cinemas. Harry Potter já uma marca certificada. Mesmo o lançamento do sétimo e último livro de Rowling em trás semanas com a promessa de resolver todos os fios soltos não está segurando ninguém de verificar essa adaptação cinematográfica.

Ironicamente, “Fênix” termina com todos percebendo o que nós, público, já sabí­amos desde o encerramento do ultimo filme, Harry Potter e o Cálice de Fogo – que o filme é último, mas o vilão que até esse momento era quase efêmero, Lord Voldemort, voltou. Só que demoram mais 138 minutos para que todos, salvo Harry, realmente compreenderem esse fato. Conseqüentemente, ao olhar para tráss, quando a série finalmente terminar, “Fênix” pode parecer o filme problemático, cheio de trama, mas com pouca diversão.

Ele começa mal-humorado com Harry (Daniel Radcliffe, parecendo definitivamente mais velho e maduro) chateado nas férias de verão nas terras secas dos trouxas. Seu pequeno uso de magia para salvar, entre tantas pessoas, seu primo realmente detestado, Duda, resulta em uma carta quase instantânea de expulsão da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts por usar magia fora dela.

O Diretor Dumbledore (Michael Gambon) corre com uma defesa bem sucedida na corte, mas em seu retorno à escola ele descobre que a maior parte dos alunos, tirando seus camaradas Hermione (Emma Watson) e Rony (Rupert Grint), fica longe dele. Até Dumbledore se afasta.

Harry tem pesadelos, mas pior do que isso é a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, a venenosa em rosa Dolores Umbridge (Imelda Staunton). Ela é a união dos nossos piores professores de escola, uma instrutora cronicamente rí­gida e arrogante que baixa decretos sem a menor preocupação com seu impacto.

Parece que há uma guerra polí­tica em ação já que o Ministro da Magia, Cornélio Fudge (Robert Hardy), se recusa terminantemente a admitir o retorno de Voldemort. Ele prefere enxergar uma rebelião pela escola, seu diretor e aquele garoto odioso Harry. Então o filme cozinha uma série de ações e reações entre uma administração cega e um corpo estudantil repreendido.

Há um grande número de momentos interessantes, alguns com criaturas sobrenaturais, duelos mágicos até a morte, um grupo de estudos bruxos clandestino operado por Harry e um passeio à meia-noite pelos céus de Londres. Mas a magia – a magia do filme, quero dizer – está faltando nessa saída.

A série também continua sua falta de talento chocante. Isso inclui a contratação mal aproveitada da nata dos atores britânicos: Maggie Smith, Helena Bonham Carter, Emma Thompson, David Thewlis, Richard Griffiths, Julie Walter, Robbie Coltrane (que, para ser justo, foi bem usado nos filmes anteriores) e Ralph Fiennes (que, também para ser justo, vai dar sua mais contribuição como Voldemort nos filmes futuros).

Certamente o desenho, efeitos visuais, cinematográficos, figurino e edição estão à altura da modernidade da série.