Gilson, Nancy. “Um fantástico sucesso para J.K. Rowling”. Columbus Dispatch, 28 de outubro de 1999.

Em sua frenética turnê americana, a autora britânica J.K. Rowling estava autografando cópias de Harry Potter e a Pedra Filosofal quando um pequeno garoto avidamente se aproximou dela.

Sua palavras saíram em um fólego:

“Eu sei qual é o ti­tulo do seu próximo livro. Eu sei qual é. É ‘Harry Potter e a Copa Mundial de Quadribol!'”

Rowling, uma modesta mulher com cabelos louro-morango, parou para recordar o episódio , então falou novamente em seu rápido sotaque britânico.

“Todas as outras vezes que uma criança disse isso a mim, eu respondi, ‘Não, isso é um rumor, não é o titulo.’ Mas ele estava tão satisfeito consigo mesmo por pensar que sabia o ti­tulo, ele só tinha aproximadamente 5 anos, então eu disse: ‘Certo. Está completamente certo.’ E eu pensei, ‘Ele vai lidar com isso depois’.

A anedota demonstra não somente a imensa popularidade da fantasia da série de Harry Potter mas também sua compaixão pelos jovens leitores.

Joanne Kathleen Rowling (rima com bowling – boliche em inglês) está bem ciente que tais fanáticos seguidores que consideram Harry, Hermione, Ron e outros membros da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts como uma família.

Seus primeiros três livros de Harry Potter estão na listas de livros mais-vendidos. Mais de 8,2 milhões de cópias dos livros, que foram traduzidas em 28 li­nguas, foram impressas nos Estados Unidos.

Como mãe solteira que passou alguns meses dependendo do auxi­lio-desemprego, Rowling escreveu parte de Harry Potter e a Pedra Filosofal (Philosopher’s Stone, trocado para Sorcerer’s Stone na versão americana) em um cafe escocês, tomando uma xí­cara de café enquanto sua jovem filha dormia.

Ela nasceu perto de Bristol, Inglaterra, e sabia desde os 6 anos que queria se tornar uma escritora. Um brilhante aluna, ela frequentou uma escola estadual (não é um internato) em Chapstow, e então a Exeter University. Ela se especializou na França, ensinou para o colegial em Portugal, casou-se, divorciou-se, e então retornou aá Inglaterra.

Lá, enquanto pegava um trem, a idéia para Harry Potter e Hogwarts veio a ela “quase completamente como um sopro”.

A popularidade dos seus livros parecem ter se lançado igualmente.

Recentemente, Rowling concedeu um entrevista no começo da tarde no Hotel Four Seasons. (Na rua abaixo, adultos e crianças, alguns deles usando fantasias e carregando vassouras, se enfileiravam em frente á livraria Borders onde ela apareceria aquela noite.)

Como Harry Potter surgiu?
Harry sempre foi um garoto, e ele sempre foi Harry, mas nem sempre foi Potter; ele tinha outros dois sobrenomes. Eu não lhe direi quais foram eles, parcialmente porque estou prestes a usar um deles em outro personagem no quarto livro.

Eu pensei porque não escolhi uma heroiína, mas não queria mudá-lo. Ele era tão real para mim, e pareceria muita invenção torná-lo feminino… Há muitas mulheres fortes nos livros.

Hermione é uma caricatura minha de quando eu era mais nova. Entre Harry, Rony e Hermione, ela definitivamente é o poder intelectual.

Harry encontrará romance no livro quatro?
Ele tenta, mas não vai muito longe.
Eles estão todos meio que atrás da pessoa errada, como na vida. Hermione tem o primeiro encontro, e é bem legal porque eu acho que dei a ela um pouco de diversão.

Harry se sobressai em Quadribol, um esporte em equipe em vassouras, é semelhante a futebol?
Não, é mais parecido com hóquei, mas eles marcam pontos através de aros como basquete.

Basquete é meu esporte favorito de assistir. Não é tão popular na Grã-Bretanha. Eu estava em Portugal quando comecei a torcer para o Chicago Bulls. Quando voltei á Grã-Bretanha, tinha que esperar até 3 da manhã para assistir basquete na televisão.

Um grupo na Carolina do Sul afirma que seus livros contém violência e promovem a bruxaria. Uma mulher quer mantê-los fora de certas salas de aula. Como você reage?
É claro que as pessoas têm o direito de decidir o que seus filhos lê-em, mas eu não acho que elas têm o direito de decidir o que os filhos das outras pessoas podem ler.

Nenhum livro infantil vai fazer todo mundo feliz, nem deviam. Literatura infantil, como qualquer outra literatura, existe para estimular as pessoas. Se eles acham que eu quero promover bruxaria, estão muito enganados.

As crianças são muito inteligentes. Isso é um mundo de fantasia onde eles se imergem totalmente e aproveitam. Depois, fecham o livro e voltam para a vida real.

As crianças sabem que uma morte ou duas irão acontecer nos próximos livros, e eles estão preocupados com alguns personagens, particularmente Ron e Hagrid, o guarda-caça. Você presta atenção a esse tipo de preocupação?
Por cinco anos, esse era meu mundo interno. Continua sendo a coisa mais maravilhosa conhecer uma pessoa, sem falar multidões de pessoas, que conhece esses personagens.

É emocionante que as pessoas se preocupem bastante que eles não se machuquem, mas ao mesmo tempo eu tenho o absoluto direito de fazer o que quiser com a minha história e personagens. Eu não vou escrever por encomenda. Já tenho planejada toda a história, e sempre soube quem iria morrer e quem iria ficar vivo e ileso, e não vou sair desse caminho.

Você já leu Harry Potter para sua filha de 6 anos?
Eu não achei que ela estava pronta para os livros, mas ela implorou e implorou , então estou atualmente lendo os livros para ela. Nós terminamos o primeiro, e estamos no meio de Harry Potter e a Câmara Secreta. Eu estava bem nervosa; é a leitura mais importante da minha vida, não é? Ela chora ao final de cada capítulo e diz: “Eu quero mais. Eu quero mais”.

As capas dos livros diferenciam a versão americana da versão inglesa. Você tem uma favorita?
Eu amo a edição americana dos livros. Elas se parecem com minha fantasia dos livros de antes de eles serem publicados.
Agora eu já vi 26 versões diferentes, e a versão americana é a minha favorita… A italiana tirou os óculos de Harry… Eu acho que eles não podiam ter um herói de óculos. Não gostei muito disso.

A alemã tem um Harry muito ri­gido. Ele parece mais duro de algum jeito.

Quais planos estão sendo feitos para Harry Potter, o filme?
Estão em estágios muito pequenos. O verão de 2001 é a data destinada. Eu tenho aprovação do roteiro, e estou em contato próximo com o roteirista.

Entre as coisas que me inclinaram para a Warner Bros. foram os filmes “A Pequena Princesa” e “O Jardim Secreto“… Eles trataram o livro com respeito e fizeram mudanças que absolutamente faziam sentido.

Haverá um programa de TV?
Não, eu acho que um filme está de bom tamanho. Haverá um pouco de mercadorias com os filmes. É assim que funciona. Se forem coisas que as crianças possam brincar de forma significativa, como roupas diferentes, isso é ótimo.

Você está surpresa com o número de adultos lendo Harry Poter?
Me sinto lisonjeada. Eu escrevi esse livros para mim. Eu escrevi o que eu queria ler, o que achava que teria gostado de ler quando era mais jovem.

Você se sente em uma armadilha por ser uma série de sete livros?
De jeito nenhum. Se eu sempre for conhecida como escritora infantil, está tudo bem… E eu absolutamente aceito o fato de que eu provavelmente nunca mais vou escrever livros tão populares. Eu sempre vou ser muito, muito orgulhosa desses livros.

Você acha que mudou a literatura infantil contemporânea?
Três de nossas editoras recusaram Harry Potter por várias razões, mas cada uma e todas disseram que era muito longo.
Eu não podia cortá-lo. Haviam muitos livros infantis com 150 páginas e que foram muito bem-sucedidos, e isso parece ser o que os vendeu. Mas eu conheci tantas crianças nesta turnê, e, quando eu disse que o 4º seria o mais longo livro até agora, eles todo disseram, “Sim!”.

Traduzido por: Frederico Oliveira em 15/01/2006.
Revisado por: Adriana Couto Pereira em 05/05/2007 e por Vinicius Alvarez em 26/02/2008.
Postado por: Fernando Nery Filho em 04/05/2007.
Entrevista original no Accio Quote
aqui.