Barton, Fiona e Lesley Yarranton. O medo segue o expresso de Hogwarts, Mail, 9 de julho de 2000.

A criadora do fenômeno editorial Harry Potter está sendo protegida 24 horas por dia de um homem que a persegue mandando chuvas de cartas de amor e tem sido visto do lado de fora da casa dela.

Duas guarda-costas foram contratadas por J.K. Rowling enquanto ela provome seu quarto livro da série de Harry Potter, que vem quebrando recordes desde o momento em que foi colocado à venda, à meia noite de sexta-feira.

O fã, identificado como um professor escocês de 30 anos, não fez nenhuma ameaça especí­fica para a milionária autora. Mas seu comportamento obsessivo alarmou os seus conselheiros, e seguranças particulares irão acompanhar a autora de 34 anos em sua turnê de quatro dias através da Grã-Bretanha em um trem a vapor.

Rowling pareceu muito cansada e exausta quando saiu para Londres no Expresso de Hogwarts, chamado como o trem especial que leva Harry para suas aventuras e que, como nos livros, partiu da plataforma 9 3/4 em King’s Cross.

Esta deve ter sido uma despedida triunfal. Dos 5,3 milhões de livros da primeira impressão americana e inglesa de Harry Potter e o Cálice de Fogo, 5 milhões de cópias já foram vendidas e o site de vendas Amazon até ontem já tinha vendido 370.000 livros, mais que seis vezes o recorde estabelecido em março por John Grisham com “Os irmãos (The Brethren)”.

Rowling, uma mãe solteira com uma filha de oito anos, que era pobre há três anos atrás, pode esperar ganhar 60 milhões com a venda do novo livro, além do que ganhou em direitos autorais com a venda dos 30 milhões de exemplares dos três primeiros, que foram traduzidos para 31 idiomas.

Mas, com a fama e a fortuna, um sentimento de medo sobre a segurança da autora também apareceu.

Em King’s Cross, e depois nas paradas em Didcot, Oxfordshire e Kidderminster,Worcestershire, um guarda sempre ficava perto de Rowling e outro examinava a multidão. Vai ser a mesma coisa em Manchester e em York hoje, e até o fim da turnê em Perth. As guarda-costas, ambas vestido coletes à prova de balas, vão trocar turnos para proteger a autora nas paradas.

Rowling chegou para encontrar seus fãs em King’s Cross ontem em um Ford Anglia azul claro, que foi dirigido até a plataforma para dar chance das crianças verem o carro apresentado nos livros.

Ela estava ciente que as pessoas estavam fazendo filas por todo o paí­s nas livrarias que abriram à meia-noite para começar a venda dos livros, e que estas estavam disponibilizando comida e bebidas para jovens compradores cansados pela espera.

“É um pouco chocante e eu estou espantada, no mí­nimo”, disse a autora. “Eu achava que três pessoas gostariam dos livros, incluindo minha irmã e possivelmente minha filha. Eu nunca imaginei que seria assim.” Mas a um brilho do possí­vel lado negro de todo esse sonho aparece enquanto ela anda pelas barreiras deixando que milhares crianças e os repórteres da imprensa tirem fotos.

A disputa levou a um frenesi onde um pai entusiasmado foi empurrado com sua filha e trombou em um fotografo, que mais tarde reclamou que o socaram.

O incidente explodiu em uma gritaria antes dos seguranças pararem para falar para o homem se acalmar, e chamar a polí­cia para levar o homem cuja filha agora estava em prantos.

A autora, vestindo um casaco roxo, saia estampada e sapatos brilhantes cor de rosa, olha nervosa e é puxada. Ela descreve o pandemônio que cerca a publicação como “loucura total”.

A guarda-costas, usando um discreto fone e sem ficar mais que alguns passos atrás de J.K, mais uma vez examinou a multidão.

Então seus olhos passaram pelas janelas e pelo teto da plataforma uma verificação final antes da autora finalmente entrar no Expresso de Hogwarts.

Um porta-voz de sua editora, Bloomsbury, negou que eles estavam reagindo a qualquer ameaça especí­fica, mas admitiu: “Nós estamos tendo uma boa segurança em todos os eventos. Essas pessoas estão vigiando-a enquanto ela está em turnê.” Um porta-voz da polícia inglesa disse que houveram dois incidentes em King’s Cross, quando um fã entrou na área de segurança para dar uma olhada mais de perto no trem e quando uma mulher, convidada pela tripulação do trem, entrou a bordo. Ambos foram convidados a se retirar e não houve prisões. Mas seus fãs não estavam certos se isso era mágica”;

Theo Stanton, 6 anos
Esse é muito grande. Eu gostei mais dos outros porque eles eram menores. Eu acho que eu nunca vou acabar esse livro, mesmo se eu ler durante toda a minha vida. Eu não entendi o primeiro capí­tulo na casa dos Riddle, mas achei assustador quando no final o velho morre. O chato quando ele (Harry) não está em Hogwarts é que não pode fazer mágicas quando está no mundo real. Os dois primeiros foram bons porque ele voa em um carro e em Bicuço, o hipogrifo. Já ele só voa em sua vassoura. Eu não consegui ler muito porque é um pouco enjoativo.

Serena Dhaliwal, 7 anos
Os três primeiros eram melhor porque as histórias eram mais fáceis de se entender. Esse é bem estranho de ser lido. O final do capí­tulo um está excitante, mas eu não gostei das mortes. O próximo capítulo é um pouco confuso, tem muita coisa acontecendo, mas não a história mesmo. Os personagens estão ainda muito engraçados – minha mãe pensa que eu sou igual à Hermione porque sou mandona e trabalho muito. Eu sempre odiei o Malfoy e ele está especialmente horrí­vel neste livro. Eu queria bater nele. Tem muito para se imaginar, eu achei isso difí­cil de entender. E queria que tivessem imagens.

Natasha Buckingham, 9 anos
Eu não estava certa que ia gostar deste livro no iní­cio porque o capí­tulo um é muito estranho, eu realmente não entendi até mais à frente no livro, mas então o livro voltou a ficar bom de novo. A primeira tarefa de Harry é pegar um ovo dourado do dragão. Eu sabia que ele ia se dar bem, mas fiquei um pouco nervosa. Ele está um pouco mais velho agora, você pode ver pela maneira como ele fala. Também ele está mais sensí­vel. É mais difí­cil de se ler do que os três primeiros porque é muito grande. Parece dois livros unidos em um só. Eu estava apressada e me vi pulando partes.

Andrew Forbes, 11 anos
O iní­cio foi bastante estranho e o segundo capí­tulo um pouco chato. Nada acontece até o Campeonato Mundial de Quadribol. A Irlanda vence, e eu fiquei bastante satisfeito porque eu gostei mais do mascote deles, que eram leprechauns, do que dos da Bulgária, que eram veelas.
A partida foi muito excitante, eu não conseguia parar de ler – Quadribol parece ser muito melhor que futebol. Mas então nada acontece por muito tempo. Eu não acho que o livro precisasse ser tão grande, ela (J.K) podia ter cortado todas as partes chatas entre aquelas de alguma ação.

Lucy Barton, 14 anos
O primeiro livro foi o melhor. Ele tinha tantos detalhes, eu realmente queria ir para King’s Cross e achar a plataforma 9 3/4. O primeiro livro foi a base, o segundo construiu os personagens e o terceiro deu o plano de fundo. Então eu estava excitada sobre o quarto livro. Infelizmente, havia muitas pequenas histórias dentro da principal – como Harry se apaixonando, e os elfos domésticos – e eles saí­ram da história principal que é Voldemort. Eu gostei de ler o Cálice de Fogo, mas Harry Potter e a Pedra Filosofal ainda é o meu favorito.

Traduzido por: Lucas Emmanuel em 13/09/2006
Revisado por: Adriana Pereira em 25/04/2007 e Antônio Carlos de M. Neto em 22/03/08
Postado por: Fernando Nery Filho em 29/04/2007
Entrevista original no Accio Quote aqui.