STEVE KLOVES
Por Glenn Lovell – Tradução Nathália C.
www.harrypotterofilme.com
As crianças se perguntam (e até mesmo os adultos trouxas querem saber):

Terão os monstruosos Trasgos?
Como se parece uma Nimbus 2000?
E, mais importante, a versão do filme Harry Potter e a Pedra Filosofal será curta demais ou permanecerá fiel ao tom deliciosamente obscuro de J.K. Rowling?

Após quase dois anos dentro deste projeto, o roteirista Steve Kloves pode tirar um pouco de seu conhecimento sobre o misterioso mundo de Potter e compartilhar. Em uma exclusiva entrevista, ele fez isso, levantando o véu de segredos que cerca o evento fantástico mais esperado do ano. O primeiro e intrigante trailer de Harry Potter, que estréia em 16 de Novembro, já pode ser conferido nos cinemas.

Os primeiros quatro livros (numa série de sete) best-sellers tanto para crianças quanto para seus pais, narram as aventuras de um jovem órfão e seus amigos Rony e Hermione na Escola de Bruxaria e Feitiçaria de Hogwarts, onde eles aprendem a lançar feitiços, voar em vassouras e vencer no Quadribol (uma espécie de futebol aéreo). Como Luke Skywalker, Harry tem um desafio pessoal: descobrir o que aconteceu com seus pais e impedir o arquiinimigo Lord Voldemort de colocar o mundo num caos.

Algum monstruoso Trasgo?
“Não posso dar certeza, mas Harry enfia sua varinha no nariz de um trasgo, onde fica uma meleca” responde Kloves, que cresceu em Sunnyvale e ganhou um Oscar por Garotos Incríveis, “E então, Harry tem que RE-TI-RAR a varinha”, diz Kloves dividindo as sí­labas.

A Nimbus 2000?
“Parece bem real, o galho perfeito de uma árvore real”, explica o roteirista. “Tem belas cerdas na parte de trás com um bonito formato. Sem engrenagens ou alavancas. Nada daquilo”.

O Robin Williams será um fantasma travesso, como muitos falaram na Internet?
“Não, ele não estará nem no primeiro nem no segundo — o elenco todo é inglês”, responde Kloves, que agora está adaptando o segundo livro, “Harry Potter e a Câmara Secreta,” que será lançado no verão de 2003.

Kloves acaba de voltar de sua segunda visita ao Estádio Leavesden, nos arredores de Londres, onde o primeiro filme Potter foi filmado. Ele fez um tour pela biblioteca de Hogwarts e a torre dos dormitórios. Ele não se encontrou com Rowling, mas eles trocam e-mails constantemente, já que ela vive em Edinburgo. Ele declara que a autora continua protegendo ferozmente o mundo que criou.

“O que eu vi nas passagens de som foi algo incrivelmente fiel ao livro”, ele diz. “Em Leavesden, eu entrei no mundo de Jo. É como um lugar real. Você realmente visita a loja de varinhas do Sr. Olivaras, onde pequenos sacos de ervas mágicas pendem nas paredes”.

O castelo (onde Harry – Daniel Radcliffe, Hermione – Emma Watson – e Rony – Rupert Grint- estudam e exploram) emite uma morna aura à luz de velas. A biblioteca e o salão comunal são mobiliados com escuras mesas de mogno e grandes poltronas. “Você irá querer se sentar e ler um livro” diverte-se Kloves.

Dickens encontra-se com Dahl
A impressão total é uma aventura retrô — Vitoriana Dickens (“Oliver Twist”) encontra Roald Dahl’s (“The Witches”). Richard Harris debaixo de uma barba parecida com a de Merlim, atua como o diretor, Alvo Dumbledore; Maggie Smith é a rigorosa professora Minerva McGonagall; Robbie Coltrane é o gigante mentor de Harry, Hagrid; e Alan Rickman atua como o ameaçador professor Severo Snape.

“Posso lhe dizer que não parece um filme infantil,” assegura o roteirista.

Dificilmente conhecido como especialista em filmes infantis (além de “Garotos Incríveis”, seus créditos anteriores incluem ‘Racing With the Moon” e “Suzy e os Baker Boys”), Kloves, de 40 anos, reconhece que para um leigo ele poderia parecer uma escolha improvável para a adaptação dos livros Potter”. Mas numa analise mais profunda, Kloves — que perdeu a mãe muito jovem e pai de duas crianças — pode ser, em suas próprias palavras, “o ajuste perfeito”.

“Aqui está Harry, uma criança que cresce na escuridão — literalmente num armário debaixo da escada. Aqui está este garoto que nunca conheceu seus pais. Isso me encantou. Numa maneira estranha isso se relaciona com o que tenho feito. Muito do meu trabalho tratou de famí­lias desfeitas ou danificadas de algum modo.”

Para se colocar realmente no lugar de Harry, Kloves voltou-se para fontes ao seu redor: sua filha de 8 anos, Callie e seus amiguinhos. Enquanto levava eles para a escola, ele perguntava sobre o mundo de Harry Potter. O que eles gostavam mais nos livros? O que eles queriam ver no filme?

Uma pesquisa adicional foi feita enquanto acompanhava ela indo ao Dia de Apreciação de Harry Potter da sua escola. Lá, a maior preocupação dos estudantes foi: “O filme será emocionalmente real a história de Rowling?”.

As crianças também questionavam: esse não será um filme pra criancinha, não é?

Kloves respondeu: “Nós estamos sendo fiéis ao livro. Esperançosamente, isso irá abranger crianças menores, como os livros fazem, mas também sua idade. E até mais velhos”.

O que nos leva a questionar sobre avaliações adequadas. Tanto filmes como “Os Gremlins” e “As Bruxas” apesar de que os pais os consideram muito intenso para as crianças. “Harry Potter” cutuca no medo de toda criança. O do abandono e morte de seus pais.

A adaptação do filme, promete Kloves, irá receber uma censura para “orientação dos pais”.

“Harry Potter 1″ é apropriado para crianças de 3 anos? Provavelmente não, o que leva a um certo ní­vel de crianças que leram os livros e não sentem que ele foi escrito para crianças, porque existe realmente uma escuridão, um limite real.”

Jovens espectadores podem esperar um dragão feito digitalmente e aquele enorme trasgo fedido. Não esperem que os centauros da Floresta Proibida se pareçam com o Di’Caprio, diz Kloves. “Eles terão uma aparência de feras.” E a parte da resistência, é claro, será a face de Lorde Voldemort na nuca de Quirrell, que Kloves descreve como ” A aparência quase humana do Dracula, mas não humana”.

“Mas esse filme, ultimamente, não tem enormes efeitos especiais e assustadores. É realmente sobre três amigos, Harry, Rony e Hermione. O propósito real do trasgo é transformar os três num time”.

Kloves percebe que a fenomenal popularidade dos livros poderia, no final, gerar um efeito boomerang para os produtores. Já que os crí­ticos reclamaram da escolha de Chris Columbus (“Esqueceram de mim” e “Uma babá quase perfeita”) para diretor.

As apostas já foram feitas!
“Não tem nada na filmografia de Columbus” desdenhou o New York Times, “que sugira que ele tenha algum entendimento da vida secreta e da imaginação das crianças” — mas, serve para Rowling.

“Podemos sentir suas afiadas facas”, diz Kloves. “Algumas têm haver com o Chris e outras têm haver com o sucesso dos livros, e uma grande estréia em Hollywood”.

Por mais acessí­vel que Kloves seja, ele põe um limite na divulgação dos Doze usos de sangue de Dragão, descobertos por Dumbledore, comentado, mas não explicado, nos primeiros quatro livros. “Posso lhe dizer que sangue de dragão é um ótimo produto de limpeza – A mãe do Rony jura!”

“Isso é tudo que vocês tiram de mim.”