Mccann, John. “Escritora chega ao topo da lista de livros mais vendidos”. The Scotsman, 9 de julho de 1998.

Joanne Rowling, a autora de Edimburgo que escreveu o primeiro romance num café da cidade, levou um livro infantil para o topo da lista britânica de mais vendidos.

A ex-professora de meio período na Leith Academy teve seu mais novo livro publicado somente semana passada. O livro, Harry Potter e a Câmara Secreta, é o segundo livro do herói de mesmo nome, e derrubou o livro de Terry Pratchett, The Last Continent, para a segunda posição.

Ontem, Rowling, 32, mostrou sua satisfação com o sucesso, mas insistiu que a aprovação de sua irmã, Di, era mais importante. “Ela foi a primeira pessoa que leu os livros”, disse Rowling. “Ela é muito melhor leitora que eu, então significou muito para mim ela ter gostado”.

Rowling, que cresceu em Gwent, mudou-se para Edimburgo para perto de sua irmã depois que seu casamento com um produtor de televisão português acabou em 1993, logo após sua filha Jessica nascer. Ela morava num apartamento penoso, e buscava refúgio no Café Nicholson, no centro da cidade, onde ela escrevia enquanto Jessica dormia. Rowling disse que escrever Harry Potter e a Pedra Filosofal foi um método de escapar da pobreza e continuar sã.

Sua fama fez ficar difícil para ela tentar escrever seus livros no Nicholson, mas continuou escrevendo em cafés pela cidade e disse: “Eu sou um pouco supersticiosa porque foi daquele jeito que eu escrevi o primeiro livro e não quero quebrar a maré de sorte”, “Eu fiquei encantada como pessoas adultas chegavam pra mim na turnê de publicidade e me pediam autógrafos para elas mesmas”.

Rowling sente que seu herói, Harry, atinge pessoas de todas as idades. “Ele tem um ar de fraqueza, mas não é do tipo que dá a outra face. Há muito de mim nele”.

Rowling voltou para visitar alguns de seus antigos alunos na Leith Academy depois do sucesso de seu primeiro livro. Ela disse: “Eles evitaram o assunto por metade da aula e então alguém perguntou: “Senhorita! Você é rica agora, não?”. A autora, que agora vive no centro de Edimburgo disse: “Eu falei a eles que não era rica, mas estava bem mais rica que antes”.

No entanto, Rowling sente que boletins de sua vida como mãe solteira foram exagerados: ela recebeu ajuda do governo por somente seis meses até que conseguiu um emprego. Ela disse: “Estou um pouco ofendida que algumas pessoas possam pensar que uma mãe solteira poderia fazer isso. Existem milhares de mães solteiras por aí que fazem o serviço de mais de uma pessoa e ainda assim recebem um terço do que merecem”.

Ela está agora negociando um contrato para a filmagem de seu primeiro livro, mas disse que não está com pressa de entregar seu personagem: “Se isso acontecer, será porque eu tenho certeza que serão fiéis aos livros”.

Rowling espera completar seu próximo livro, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, esta semana, enquanto escreve para um website produzido por sua editora, Bloomsbury, em resposta a mais de mil cartas de fãs. Ela disse: “O site vai permitir que as pessoas vejam o material que não chegou aos livros e saibam como os próximos livros estão sendo desenvolvidos, mas eu não entregarei muito”.

As 100 mil libras que recebeu adiantado pela publicação da versão americana do primeiro livro colocaram-a na frente de outro escritor dos mais vendidos, Josh Grisham, cujo primeiro romance, A Firma, custou às editoras 70 mil libras.

Mas ela não tem planos de adentrar na literatura mais “séria” e diz: “As pessoas me perguntam: quando você vai escrever um livro para adultos?” como se estes fossem o mais alto nível de conquista. Mas se eu continuar como escritora de livros infantis pelo resto de minha vida, tudo bem por mim”.

Traduzido por: Matheus de Almeida Barbosa em 03/02/2006.
Revisado por: Junior Gazola em 16/02/2008.
Postado por: Fernando Nery Filho em 04/05/2007.
Entrevista original no Accio Quote aqui.