“Uma noite com Harry, Carrie e Garp: Leituras e perguntas #1”. Radio City, 1º de agosto de 2006.

Local: Radio City Music Hall, Nova Iorque, NY.
Também estrelando: Whoopi Goldberg, Kathy Bates, Stephen King, Andre Braugher, John Irving e Jon Stewart.
Contexto: leitura beneficente para arrecadar dinheiro para “Doctors Without Borders” e “Heaven Foundation”.
Vídeo: mp4 (em 4 partes)

Anunciante: Senhoras e senhores, por favor, recebam o vencedor de Oscar, Emmy, Tony e Grammy, estrela de filmes baseados em livros muito amados como A Cor Púrpura, Mudança de Hábitos e Mudança de Hábitos 2, Whoopi Goldberg! (multidão grita).

Whoopi Goldberg: Bem vindos a “Uma noite com Harry, Carrie e Garp” (a platéia grita novamente). Essa noite, no grande palco do Radio City Music Hall, este lendário local de shows da nação, nós estamos trazendo a vocês três dos mais lendários autores do mundo. Stephen King, J.K Rowling (a platéia grita) e John Irving. Três autores fantásticos, três contadores de histórias únicos, três fenômenos distintos, cada um é como uma indústria para si mesmo.
Esses três autores são forças da natureza iguais ou maiores do que qualquer evento sobrenatural que você possa encontrar em qualquer um de seus livros. (a platéia ri). Escutem, eu li todos os livros de cada um desses autores, e eu não posso (a platéia grita) – porque com um livro, sua mente o leva para a aventura, e o autor mostra a você o caminho. E eu consigo ouvir muitas crianças na platéia. E eu estou tão contente (a platéia grita) – e eu estou muito contente que vocês estão aqui. E estou tão feliz que crianças estão envolvidas em escutar leituras de autores. É tão legal. E seus pais são legais também (a platéia ri). Muito obrigada, querido (a)!

Harry, Carrie e Garp. Alguém deveria tê-los colocados juntos há muito tempo atrás. Vocês sabem, se algum daqueles garotos da escola de Hogwarts, tivesse convidado aquela pobre coitada (a platéia ri) – vocês sabem, aquela do baile da escola – (a platéia ri novamente) se alguém tivesse apenas convidado aquela pobre criança para um encontro, muitas pessoas teriam sido salvas de muito sofrimento. Estou apenas dizendo, sabem.

Agora, essa noite é histórica. Nunca antes um grupo assim de estrelas literárias reuniram-se em um único palco. De fato, sabem que eles estavam todos lá atrás do palco, todos jogando papo fora sabem, calmos. Eu estava tentando escutar, mas não consegui ouvir nada (a platéia ri). Mas o que eu consegui verificar apenas por todos os movimentos com as mãos (mexe as mãos loucamente) e tal, é que, eu acho que eles estão trabalhando em uma colaboração (a platéia ri). Eu não faço fofoca então não me escutem, mas eu acho que, o jovem Harry Potter lança um feitiço de amor na sua professora, que é uma gnomida de meia idade, e eles tem um caso muito quente e uma relação e tudo mais. E na sua volta pra Exeter , eles se perdem e tropeçam nos lábios do inferno. (a platéia ri). Apenas para serem perseguidos por um enorme grupo de lobos telepáticos. E eu não quero entregar o final, mas fará você chorar e rir e tinir com encantamento e finalmente expunge seu corpo. Irá explodir sua [ininteligível]

Essa noite íntima com esses três escritores não seria possível sem vocês. Os fãs mais próximos. Seis mil de vocês estão aqui hoje à noite. Temos três fã-clubes ativos reunidos em baixo desse teto. É bem incrível. Há muitos fãs de J.K Rowling (a platéia GRITA). E eu acho que eu sei por que todos os fãs de Potter estão gritando. É porque todos os fãs de Stephen King estão sussurrando para eles que Harry vai, tipo, se dar mal (a platéia ri e vaia). E é apenas incrível a quantidade de fãs do Stephen King que estão aqui (a platéia grita). E querem saber, há milhões de nós ao redor do mundo. Mas raramente nos reunimos porque muitos de nós são solitários bravos (a platéia ri). E os fãs de John Irving estão aqui com toda a força (a platéia grita). E vocês sabem, John é famoso por escrever sobre mulheres fortes (as mulheres gritam). E deve ser por isso que as mulheres amam tanto ele. Ele não fez muitas mulheres negras ainda, mas vou trabalhar nisso (a platéia ri). Mas a última vez que o vi atrás do palco dez minutos atrás ele estava realmente falando com aqueles rockettes.

Mas a verdade é que esta noite é um tributo a todos vocês. Então coloquem seus cortes de papéis e mãos juntas e dêem uma salva de palmas amorosas a vocês mesmos (a platéia aplaude). Porque aqui neste lugar – neste lugar estão os melhores leitores do mundo e se essa noite não provar mais nada, irá provar que ler (o brinco de Whoopi Goldberg cai e toda a platéia ri) – foi a minha orelha inteira que caiu ou só o meu brinco? (a platéia ri) é bem o tipo de noite que é. Mas a verdade desta noite (a platéia ri), o que esta noite comunica a todos é que a leitura está viva e muito bem (a platéia grita). Nós provamos o que acontece quando grandes livros caem nas mãos de grandes leitores, nós todos queremos falar sobre isso.
A leitura está viva e bem pelo do preço da gasolina estar perto de U$4.00 o galão. Ler um livro fantástico é a única maneira que a maioria das pessoas podem pagar para viajar agora. A leitura está viva e bem porque por causa da onda de calor dessas últimas semanas, mais pessoas – haha o que? – mais pessoas do que nunca estão sentadas em praias, se bronzeando com os best-sellers. Só vou pegar o meu brinco, um segundo. E graças ao aquecimento global… (Whoopi faz uma cara estranha e encara o teleprompter e a platéia começa a rir). Às vezes você tem que pular algumas coisas, entendem o que eu quero dizer?
Finalmente (a platéia ri e grita). A leitura está viva e bem porque hoje à noite estamos concentrando seu incrível poder para o benefício de duas causas brilhantes. Causas muito próximas aos corações dos autores desta noite. A primeira é a fundação Haven. Estabelecida para apoiar escritores e artistas que sofreram uma doença grave ou acidente e não podem mais se sustentar (a platéia aplaude). E a outra é Doctors Without Borders (Doutores sem fronteiras). Esta é uma organização médica humanitária que providencia cuidados médicos de emergência e ajuda a lugares onde as pessoas estão em necessidade urgente. Vocês podem se sentir orgulhosos do fato de que a renda da compra de seus ingressos será posta em bom uso na busca dessas missões. Porque elas são tão importantes que até os cambistas da 6° Avenida decidiram doar alguns dólares. (a platéia ri)
Então, com grandes autores, leitores fantásticos e causas significantes, trazemos à vocês a primeira “Noite com Harry, Carrie e Garp”, e apresentando cada um dos grandes astros hoje à noite estão uma coleção de artistas que nos trazem uma apreciação especial do trabalho deles. E para apresentar o primeiro autor da noite de hoje, uma brilhante atriz, uma incrível mulher, vencedora do prêmio da Academia, Kathy Bates (a platéia fica balística).
Kathy Bates: É muito divertido estar aqui no palco pronta para [ininteligível]. Não é nenhuma surpresa a razão pela qual fui convidada para apresentar o primeiro autor. Afinal de contas, sou sua fã número 1 (a platéia grita e aplaude). Eu era a fã número 2 até uns 15 anos atrás quando uma mulher chamada Annie Wilkes saiu da lista e a vaga no topo abriu. Eu me orgulho muito de ter esse título e eu sinto muito orgulho de ter o meu nome associado tão perto ao dele. E eu espero que todos os fãs do Stephen King me perdoem por ser tão mórbida. Mas eu já sei que não importa o que acontecer comigo no resto da minha vida, um dia o nome Stephen King vai aparecer no meu obituário. (a platéia ri).
Para a maioria das pessoas, saber isso seria um motivo de preocupação. Porque 99 vezes de 100 quando um comunicado de morte menciona o nome Stephen King, significa que alguém sofreu uma morte um tanto quanto horripilante (a platéia ri). Bem, se você não acredita em mim, quando chegar em casa escreva “Stephen King” e “obituário” no Google e você encontrará notas de jornais de pessoas que disseram que a sua causa de morte foi “algo tirado de uma história do Stephen King”. Uma mulher de Utah tropeçou em uma mangueira de jardim e foi arremessada em uma piscina de piranhas. História verdadeira. Um atacadista de carnes de Milwaukee, vítima de uma fatalidade do trabalho, que foi acidentalmente servido à sua família em forma de salsichão. E um investigador de reivindicações de seguro de Ottawa que foi sugado por um buraco no contínuo espaço-temporal e foi sentenciado à morte em um universo paralelo por um crime que ele não cometeu (a platéia ruge de tanto rir). Sabem coisas assim.
Mas no meu caso, nesse dia triste, bem longe no futuro, quando o nome Stephen King aparecer no meu óbito, vai testemunhar algo verdadeiramente maravilhoso que aconteceu comigo, que eu tive a boa sorte de trazer alguns de seus mais fascinantes personagens para a telona.
Deixe-me contar pra vocês como tudo aconteceu. Anos atrás, um amigo meu havia lido uma história chamada Angústia e implorou a mim que lesse (a platéia grita). Ele disse que “quando eles fizerem o filme você tem que fazer a Annie Wilkes”. E eu pensei, “Ta, isso vai acontecer em um milhão de anos”. Mas eu li o livro, e me apaixonei por ele. Então, eu apenas comecei a sonhar. E então, alguns anos mais tarde, Rob Reiner por acaso estava namorando Elizabeth McGovern, que por acaso estava atuando em uma peça comigo. Sabem, eu estava atuando como uma fanática desvairada (a platéia ri). Então eu acho que isso deu a Rob a idéia de me colocar no filme como Annie. E funcionou bem para mim no final das contas. Então esse foi meu primeiro de uma série de personagens do Stephen King que eu tive a sorte de fazer.
E o que eu mais lembro sobre ele é que ele costumava carregar um rato de borracha dentro do bolso. Sempre que as coisas ficavam um pouco chatas, ele colocava o rato pra fora no meio da gravação e wooohooooo. Por quê? Eu não sei. Eu acho que era só pra nos fazer pensar que ele podia nos apavorar ou nos fazer rir. Mas mais tarde eu pensei que o que eu tinha presenciado era a essência de Stephen King. O incomparável mestre de corrida mundana. Ele começa com o que ele conhece tão bem, pessoas normais vivendo o que parecem ser vidas normais, e quando ele aplica a sua poderosa imaginação, seu peculiar senso de ironia para a população de nossa cidade, o efeito é muito mais arrepiante porque sabem, vocês sabem que pode acontecer conosco. Sim, Stephen King carrega um rato de borracha dentro do bolso, e ele tem um número mortal de truques dentro das mangas.
Cada personagem de Stephen King que fiz foi um deleite para um ator, e irão as pessoas de fortes personalidades e ações sinceras (a platéia aplaude) que utilizam todos os meios para conquistar suas metas e se entregam para uma interpretação vívida.
E todo livro do Stephen King que eu li foi um prazer para um leitor. Vocês não concordam comigo? (a platéia grita concordando). Ele escreve histórias que cortam através de [ininteligível] de sangue. Que o faz humano. Um afiado [ininteligível] que vai até nossos segredos mais profundos.
Mas, mais que tudo, Stephen tem o dom do “tenho que”. Sabem? Eu tenho que virar a página. Eu tenho que ver o que irá acontecer. Eu sei que eu tenho que acordar cedo amanhã pra ir para o trabalho, mas eu tenho que terminar de ler esse livro (a platéia ri e aplaude). Eu adorei a Stephen King como leitora. Eu tive que atuar como alguns de seus personagens inesquecíveis, então vocês podem ver porque isso me faz sua fã n° 1. E existem dezenas de milhões de fãs que pensam que tem que reivindicar o meu título e eu acho que alguns deles estão aqui hoje à noite. E cada um tem uma história para contar sobre como e porque e quando e onde eles se relacionaram tão fortemente aos trabalhos de Stephen King. Aqui estão alguns deles.
(o vídeo de Stephen King começa a passar)
(Stephen King entra com música e muitos gritos e aplausos)
Stephen King: Muito obrigado! Isso é demais ou o que? (a platéia grita e aplaude). Coloque um bando de escritores juntos com um monte de leitores. Que conceito! (a platéia ri).
Sem discurso por um tempo. É hora da história. Humm, há uns 25 anos atrás, uma das irmãs da minha esposa comentou sobre ir a um concurso de comer tortas em uma cidade pequena e – ah – (a platéia se anima) – ah, alguns de vocês conhecem essa história (a platéia ri). Bem, não contem aos outros como termina. Eles podem ter jantado. Então ela disse que um dos participantes comeu muito rápido e bem, vomitou. Bem, eu nunca conheci uma história nojenta que eu não tenha gostado. Então aconteceu que isso se transformou no que eu vou ler agora e coloquei em um livro que eu estava trabalhando chamado As Quatro Estações (a platéia aplaude) – e virou parte de um filme chamado Conta Comigo (a platéia aplaude). Foi classificado como “R” (restringido à menores de 17 anos), “R” leve e essa aqui é a versão “R” pesada. E, eu ainda acho que é a melhor vingança que uma criança gorda já teve. E eu falo isso como um ex-garoto gordo (a platéia aplaude). Tudo que eu posso dizer é “bom apetite” (a platéia ri)
Isto é “A vingança de Lardass Hogan” (a platéia aplaude). E eu posso me mexer ao redor um pouco então, se tiverem alguém que seja ágil usando essa luz. Não sou mais tão ágil assim, então você não terá que ser muito ágil. E tomara que eu não caia sobre o maldito carrinho de mão. E tomara que eles não tenham eletrizado esta cadeira (a platéia ri). Mas parece que sim, não? (a platéia ri novamente).
(Stephen King lê a passagem de As Quatro Estações)
(a platéia aplaude enquanto Stephen King se afasta).

Anunciante: Senhoras e senhores, por favor recebam Andre Braugher (a platéia aplaude e Andre Braugher entra).
Andre Braugher: Desta noite, dos três escritores celebrados e dos artistas extraordinários, apenas um foi nomeado à Calçada da Fama da equipe Nacional de Luta (a platéia ri). Dado o fato de que essa é uma informação peculiar na biografia de um escritor um tanto quanto sério, é exatamente o tipo de detalhe inusitado que você pode encontrar em um livro do John Irving.
John Irving é o autor de 11 livros inesquecíveis, todos profundamente impregnados com o insólito porque eles muito freqüentemente colocam personagens incomuns em situações extremas. O seu trabalho é a combinação perfeita das suas credenciais como lutador amador e um escritor de nível mundial. Se o lutador não ensinou nada mais ao escritor, ensinou que a adrenalina faz atrair da pessoa o seu melhor ou seu pior, e você sempre tem que lutar de pé, ou, peno menos, de joelhos (a platéia ri). Então também não é surpresa que ele seja um escritor que não teme desafiar um leitor de frente. Seus livros expansivos contam a história da vida como um todo. Suas histórias são excepcionalmente movimentadas, intrincamente tramadas, adicionadas por símbolos, metáforas, sub-tramas e repetições. Livro após livro, ele pede aos seus leitores que explorem com ele as regras e modos e conseqüências de quebrar o código social. Mesmo assim, essa combustão de personagens irregulares e eventos impossíveis nunca falham em sincronizar seamlessly no final. Porque John Irving entende que qualquer pessoa que confunda seus personagens incomuns com exóticos e acredite que o seu destino seja inexplicável, não prestou atenção alguma de perto à vida normal. E agora, por favor dirijam a sua atenção à este curto vídeo sobre esse escritor extraordinário.
(o vídeo de John Irving começa a passar)
(John Irving entra com a música, muitos aplausos e gritaria).
John Irving: Eu estava tentando não passar mal lá atrás (a platéia ri). Muito obrigado, Steve.
Meu sétimo livro, A Prayer for Owen Meany (a platéia aplaude), foi meu primeiro livro publicado 17 anos atrás. E vocês podem se perguntar que experiência pessoal da minha infância à tal espetáculo de Natal como o daquele livro. No meu caso, a visão da infância era inseparável. Como criança representar a história do nascimento de Jesus era o mais próximo que se poderia chegar de um milagre. Eu fui José uma vez, já fui um Rei, já fui um pastor, fui um dos animas da manjedoura. Já fui o anjo também. Não é um mau papel. O anjo tem umas boas falas. Em um certo ponto fui todo mundo, menos a Virgem Maria. Acho que não teria funcionado. Apesar de meu avô ter sido um ótimo imitador de personagens femininos. Nas produções teatrais amadoras da minha cidade, meu avô teve todos os melhores personagens femininos. Por ele ter morrido quando eu era um tanto jovem, eu de fato lembro-me do meu avô mais como uma mulher do que como um homem. (a platéia ri).
Mas eu nunca fui convocado para ser a Virgem Maria e claro que eu nunca fiz o bebê Cristo. Apenas bebês podiam ser o bebê Jesus, o que sempre me soou como injusto. Afinal de contas, na verdadeira história de Natal, se não em todos os espetáculos natalinos, Jesus tinha o papel principal. Que ator não gostaria de ter o papel?
A premissa de A Prayer for Owen Meany, é em partes religioso e infantil. No verão de 1953, dois garotos de 11 anos, melhores amigos, estão jogando baseball em Gravensend, New Hampshire. Um dos garotos bate uma bola de falta que mata a mãe de seu melhor amigo. O garoto que fez o contato surpreendentemente letal com a bola, não acredita em acidentes.Owen Meany acredita que ele é o mensageiro de Deus.
(John Irving lê uma passagem de A Prayer for Owen Meany)
(a platéia aplaude enquanto John Irving se afasta).

Anunciante: Senhoras e senhores, o astro do “Daily Show”, Jon Stewart.
(a platéia grita e aplaude enquanto Jon Stewart entra).
Jon Stewart: Obrigado (a platéia grita novamente). Eu estava me perguntando, quanto que vocês acham que eu consigo por aquela cadeira no eBay? Que noite excitante e obrigado a todos vocês por terem vindo. É minha honra absoluta apresentar o último autor desta noite.
Espero que estejam se divertindo. Isso é realmente incrível (a platéia grita de novo).
Eu estava um pouco atrasado e eu estava falando com meu amigo Mel Gibson pelo telefone (a platéia ri) – ele só queria se certificar que eu desejaria a todos aqui hoje à noite (??) (a platéia ri). E ele espera que o grande astro da noite de hoje coloque um sorriso no seu platéia. Ele está indo para a reabilitação – a Clínica Betty Ford para combater o alcoolismo e a Clínica Henry Ford para combater o anti-semitismo.
Porque eu estou aqui? Eu sou uma personalidade da televisão. Livros estão acabando com a minha profissão (a platéia ri). Eu vim aqui hoje à noite para fazer um apelo final para que vocês escolham a TV ao invés de livros. Eles fazem vocês proverem a própria imaginação. Nós providenciamos as imagens para vocês (a platéia ri histericamente). Vocês nem sequer precisam virar a página. Vocês só precisam se sentar e olhar. Eu estou de fato aqui porque eu sou absolutamente fã de cada um dos autores que vocês viram e verão aqui hoje à noite. Stephen King, John Irving e JK Rowling (a platéia aplaude). Eu tenho a honra de apresentar o vídeo de J.K Rowling (ele diz RAOWLING). A platéia: ROWLING como em BOWLING!
Jon Stewart: vocês pronunciem como quiserem. Eu estava falando com ela atrás do palco e ela disse para mim: “Fale Raowling porque os meus fãs vão gritar Rowling” e eles vão estar errados (a platéia ri). Minha esposa Jay – (?) silêncio.
Porque estou aqui? Eu tenho filhos, dois deles. E o mais novo é uma pequena garota, ela tem cinco meses. E ela está na fila para comprar o mais recente livro do Harry Potter por três meses agora. Mas eu quero aquele maldito livro (a platéia ri, grita e aplaude). Meu filho tem dois anos e ele nasceu com uma cicatriz de raio na testa. De fato,ele não nasceu, mas você ficaria impressionado que toda noite se você fizer isso aqui com o seu dedão (faz um sinal de raio com o dedão e a platéia ruge de tanto rir), depois de um tempo, parece que ele nasceu com uma cicatriz de raio (a platéia continua rindo histericamente).
O que é memorável sobre Jo é a sua habilidade de transportar pessoas ao universo dela, que é universal em muitos níveis e ao mesmo tempo, absolutamente único. Eu admiro isso. Eu fico muito ansioso para cada capítulo. Eu deveria estar sentado aí com vocês. Então, por favor, se vocês puderem olhem para esse vídeo.
(o vídeo de JK Rowling roda, incluindo cenas de filmes, Harry Potter and Me da BBC, The Richard and Judy Show, Saturday Night Live, The Today Show, BBC Newsnight).
(JK Rowling entra com música e muitos aplausos e gritos incrivelmente altos)
Platéia: Feliz aniversário Jo!
JK Rowling: A grande coisa sobre hoje à noite é nenhuma pressão.(a platéia ri). Sabem que foi ótimo que Steven e John aqueceram pra mim (a platéia ri). [ininteligível]. Mas eu tenho os melhores sapatos (a platéia ruge com aplausos).
Eu vou ler para vocês partes do último livro do Harry Potter (a platéia grita). E no final da minha leitura, eu vou responder a algumas questões. Minha experiência com os meus leitores é que eles querem, bem, eles realmente querem me torturar por alguma informação. Mas o Radio City Hall não achou que isso seria permissível. Então, eu apenas vou pedir para que duas pessoas coloquem as suas questões [ininteligível] respostas. Mas antes disso, eu vou ler uma pequena parte em que o Harry volta no tempo e vê outro famoso aluno de Hogwarts que descobre que ele também é um bruxo. Então Harry e o Dumbledore atual, seguem um muito mais jovem Dumbledore enquanto caminha para um orfanato para dizer a um aluno em particular que ele tem uma vaga em Hogwarts.
(JK Rowling lê a passagem do capítulo 13 de Harry Potter e o Enigma do Príncipe)
JK Rowling: Agora temos algumas questões.
Nina: Eu só queria saber o que Hermione veria se olhasse no espelho de Ojesed.
JK Rowling: Bem (um grande sorriso de Jo, a platéia ri e aplaude). No momento, como vocês sabem, Harry, Rony e Hermione acabaram de terminar o penúltimo ano em Hogwarts e Hermione e Rony disseram para Harry que eles irão com ele onde quer que ele vá a seguir. Então no momento acho que Hermione veria, provavelmente, os três deles vivos e ilesos e Voldemort morto. Mas acho que Hermione também veria a si mesma entrelaçada bem de perto…com…outra…pessoa (a platéia ruge e aplaude muito alto). Eu acho que vocês podem adivinhar quem. Obrigada, muito boa questão. Nunca me perguntaram isso antes. Agora temos outra.
Desconhecido n° 1: Podem os trouxas fazer poções se eles seguirem as instruções exatas e tiverem todos os ingredientes:
JK Rowling: Bem, eu teria que dizer que não, porque há sempre…sempre há um componente mágico na poção, não apenas os ingredientes. Então, em um certo ponto eles teriam que usar a varinha. Já me perguntaram o que aconteceria se um trouxa pegasse uma varinha no meu mundo. E a resposta seria algo acidental, e provavelmente um tanto quanto violento. Porque varinhas, no meu mundo, é meramente um aparelho, uma qualidade que vive na pessoa. Há uma relação muito próxima – como vocês sabem – entre a varinha que cada bruxo usa e ele mesmo. De fato, vamos descobrir mais sobre isso no sétimo livro (a platéia aplaude). Para um trouxa, ele precisaria da habilidade, em outras palavras, para fazer essas coisas funcionarem devidamente, mas você está certo e eu acho que é um ponto interessante. Poções parecem, superficialmente, ser o assunto mais amigável para trouxas. Mas sim, chega a um ponto que você precisa de mais do que apenas mexer. Obrigada, boa questão.
Desconhecido n° 2: Primeiro eu queria dizer, feliz aniversário atrasado!
JK Rowling: Oh, obrigada!
Desconhecido n° 2: Você disse recentemente que o Snape –
JK Rowling: (fala travessamente) Snape!
Desconhecido n° 2: Uh huh (a platéia grita e aplaude) – teve uma espécie de qualidade redentora, e eu estava me perguntando se há alguma chance que Draco Malfoy talvez se redima?
JK Rowling: Oh, vocês garotas e Draco Malfoy (ela balança a sua cabeça e a platéia aplaude). Vocês têm que passar por cima disso.
Desconhecido n° 2: E se algum outro personagem talvez vá se redimir:
JK Rowling: Bem,eu acredito que quase todo mundo pode se redimir… No entanto, em alguns casos, como nós sabemos da realidade – se um psicólogo tivesse a oportunidade de colocar o Voldemort em uma sala, prendê-lo e tirar sua varinha, eu acho que ele seria classificado como um psicopata (a platéia ri). Então, tem pessoas que pra eles, não importa o que vocês irão chamá-los – distúrbio de personalidade ou uma doença – para quem a redenção não é possível. São raras.
Então eu diria que meus personagens, na maioria, sim, há uma possibilidade de redenção para todos. Draco, eu acho — na visão de Harry é que mesmo que tivesse um tempo ilimitado não teria matado – estou assumindo que todos vocês já leram o sexto livro agora (a platéia ri) – porque eu não quero privar alguma criança que ainda tem cinco páginas para ler (estiveram em um coma todo este tempo) – Harry acredita que Draco não teria assassinado a pessoa em questão. O que isso significa para o futuro de Draco? Vocês terão de esperar pra ver.
Samantha: No mundo mágico, existem muitos fabricantes de varinhas, Olivaras sendo o que nós somos mais familiarizados. Como que Olivaras escolheu os três elementos mágicos para as varinhas que ele faz serem pena de fênix, pêlo de unicórnio e cordas de coração de dragão? E como que ele decidiu que essas são as três mais poderosas colocadas em oposição com cabelo de veela, por exemplo?
JK Rowling: Boa questão. Bom, é verdade que há vários fabricantes de varinha. É que em minhas notas sobre Harry eu tenho vários elementos de varinhas. Essencialmente eu decidi que Olivaras usaria os meus três favoritos. Então Olivaras decidiu que essas são as três mais poderosas substâncias. Outros fabricantes podem escolher outras coisas em especial para o seu país, porque os países como vocês sabem, no meu mundo, tem as suas espécies naturais mágicas. Então cabelo de veela foi um pouco óbvio para a varinha de Fleur. Mas, boa questão. Nunca tinha ouvido essa antes. (a platéia aplaude).
Todd: Você mencionou antes no vídeo que você tinha escrito o capítulo final, mas quando você sabe quando tem que parar de escrever um final?
JK Rowling: Como eu sei quando parar de escrever?
Todd: Como você sabe quando parar, é.
JK Rowling: Bem eu acho que algumas críticas da Ordem da Fênix sugeriam que eu não sabia quando parar, haha! (a platéia ri). Bem, eu decidi, sabem, dezesseis anos atrás (ou por aí), onde eu estava indo. E eu devo dizer, eu já trilhei um caminho longo escrevendo o sétimo livro agora. E ainda há muito que explicar. Eu não tinha percebido… Ainda há muito que descobrir, decidir, e eu provavelmente irei deixar algumas coisas soltas no fim que vocês poderão dizer: “Oh, bem, no oitavo livro, ela vai explicar porque” (a platéia grita em aprovação). “Você mencionou o sapo!” Isso NÃO é importante, por falar nisso, pra me salvar de 500 cartas! “Você mencionou o sapo!”. Sim, mas eu sei onde estou indo, eu realmente sei onde estou indo. Eu realmente vou sentir falta de escrever Harry Potter; vou sentir falta de uma forma absurda. “[Livro] vinte e sete? Algum pensamento em um livro vinte e sete?” (a platéia ri). Não, eu já fiz a trama, e eu acho que vocês começarão a ver que eu não tenho mais enredo além disso (a platéia aplaude).

Stephen King: Gostaríamos de ouvir mais algumas questões e eu gostaria que vocês recebessem a moderadora que vai [ininteligível] o seu nome é Soledad O’Brien.
Soledad O’Brien: Incrível, noite incrível. Eu gostaria de pedir mais algumas perguntas para a platéia. Conseguir algumas respostas dos autores de hoje a noite. Primeiramente, obrigada a cada um que enviou uma pergunta para os autores. Nós recebemos mais de 1,000 no total. De todas essas, nós apenas pudemos escolher 12 e nós convidamos esses doze sortudos para sentar aqui bem perto do palco e perto do microfone. Vocês já conheceram quatro dos – 5 deles um momento atrás. Nós queremos ouvir agora o que os outros oito estão ansiosos para perguntar a Stephen King, JK Rowling e John Irving. Então, vamos começar com as perguntas.
Anna: Oi. Minha pergunta é para o Stephen King. O que assusta você? (a platéia ri).
Stephen King: Que tal ficar de pé em frente a 6000 pessoas? (a platéia ri). E ficar checando pra ter certeza de que você puxou o zíper. Tudo me assusta então eu apensar tento dar a volta por cima. É o melhor que eu posso fazer, quero dizer. Elevadores – eles falam sobre blecautes de energia em Nova Iorque e eu entro em um elevador e penso, “Ai meu Deus!”. Todos pensam “Ah, deve ser maravilhoso ter essa imaginação e então ela vira contra você e te morde”. Então sim, tudo. (a platéia aplaude).
Desconhecido n° 3: Oi. Bem minha questão é para o John Irving. Eu estava me perguntando o que inspirou você a escrever The Fourth Hand? Eu achei que foi uma história bem diferente.
John Irving: Bem, The Fourth Hand é diferente de todos os meus outros livros porque é curto (a platéia ri). E porque foi de fato idéia da minha esposa. Nós estávamos assistindo as notícias uma noite – era bem tarde – e teve uma matéria sobre o primeiro transplante de mão bem sucedido. E a minha esposa, Janet, disse: “Se você morresse e você deixasse que sua mão fosse doada, eu gostaria de visitá-la” (a platéia ri). Para ser sincero, se não fosse tão tarde da noite, eu teria dito pra ela ligar pro Steve (a platéia ri). Parecia mais o estilo dele do que o meu, sabem. Eu fiquei apavorado. Eu disse: “Que pensamento horrível”. E ela voltou a dormir e eu passei a noite acordado.(a platéia ri).
Minhas histórias geralmente começam com uma proposta. E pela manhã, eu decidi que a viúva iria decidir que esse homem poderia ter a mão de seu falecido marido. E que ela teria uma agenda além da mão. Humm, ela têm tentado ter um bebê e ela e o marido não conseguiram. Então ela fala para o rapaz que precisa da mão, “me dê um bebê, e eu lhe darei a mão”. E o que ele ganha com a mão é uma vida com ela.
Humm, eu me sinto bem próximo desta questão e a esse livro agora por acaso, porque eu acabei de terminar o primeiro rascunho do roteiro – a adaptação para esse livro. Então eu voltei fundo à essa história. Então essa foi a inspiração. Que os direitos de visitação que a viúva tinha sobre a mão, “Você pode ter a mão, mas só se eu puder visitá-la” (a platéia ri). Eu achei que a premissa para esse acordo levaria à muita confusão (a platéia aplaude).
Desconhecido n° 4: Como uma das primeiras escritoras a ficar famosa durante a era da internet, como que a comunicação online e a interação dos fãs influenciou sua experiência como escritora comparando com os escritores do passado?
JK Rowling: Você realmente tem que resistir, quando está lutando por idéias, entrar no site da Amazon e ler as suas críticas ruins. É um pouco masoquista. Você desce a página passando todas as pessoas que falam coisas legais sobre você até você ver aquela única estrela. Então você tem que resistir completamente à isso.
Por um longo período, eu nunca olhei. As pessoas costumavam dizer para mim “Você costuma olhar sites de fãs ou vê o que as pessoas disseram online?”. Eu fui sincera. Eu disse que não. Mas aí, em uma tediosa tarde, eu escrevi “Harry Potter” no Google. Ai, meu Deus. Eu não fazia NENHUMA idéia! A guerra dos shippers? (a platéia grita). Pessoas que são maiores de 18 anos talvez não saibam sobre isso – é tipo uma gangue de guerra cibernética. Pessoas que queriam que o Harry e a Hermione terminassem juntos (a platéia grita)… eles ainda estão por aí! Superem isso! E outras pessoas que queriam a Hermione e o Rony (a platéia grita). E existem vários outros casais estranhos também, mas não iremos nem chegar perto de falar deles.
Membro da platéia: Harry/Voldemort!
JK Rowling: Sim, exato. Então imagino que a Jane Austen teve menos feedback nesse assunto (a platéia ri). No geral, eu acho que é algo excitante para os leitores terem a oportunidade de compartilhar – grupos cibernéticos de livros. É algo emocionante e interessante – se usado apropriadamente. (a platéia ri e aplaude).
Desconhecido n° 5: Minha pergunta é para o Stephen King. Como você inventa tantas ótimas histórias sem ser totalmente maluco?
Stephen King: Histórias loucas. Bem, eu vendi a minha alma para o diabo (a platéia ri).Não há resposta para essa pergunta. Eu quero dizer, bang, e lá está. Eu estava caminhando por aí um dia – literalmente, eu saí para uma caminhada, e eu não levei um livro porque se você ficar entediado – tédio é como uma magia. Eu estava caminhando e falando comigo mesmo. Então, e se essa mulher for à uma reunião e ela ver esta outra mulher, ela vê. Ela vê quando essa mulher era bem mais jovem e ela aparenta estar igual, com a mesma idade que ela tinha vinte anos atrás, só que agora ela está muito gorda e ela está realmente muito feia, mas com a mesma idade. E eu pensei “uou” (a platéia ri). O que ela tem feito para se manter assim. E eu disse, eu quero escrever isso. Não porque eu sei, mas porque eu quero descobrir (a platéia ri e aplaude). Temos que andar com isso, então eu vou terminar de falar. Para mim, a história é como um fio vermelha que vai pelo chão até entrar em uma toca de rato. E você pega o fio e você o puxa, e você vai puxar e puxar e puxar e você verá quanto fio vermelho você vai pegar. Se você conseguir todo, você ganha. Você consegue a história e o prêmio não é o dinheiro, é a história, ok? Qualquer um que pense que o prêmio é o dinheiro, vocês estão errados. (a platéia ri).
O que passa pela minha cabeça é isso: Minha esposa chegou em casa ontem de uma reunião e ela estava pálida e ela disse: “Eu vi a Anna, e ela parece o mesmo que há 20 anos e ela ficou tão gorda”. E eu pensei, “esse é o fio, esse é o fio”. É tudo. (a platéia aplaude).
Desconhecido n° 6: Minha pergunta é para o John Irving. Se você tivesse a chance de reescrever qualquer um dos seus livros, qual seria que você gostaria de reescrever agora?
John Irving: Bem, eu sou um reescritor compulsivo. Eu acho honestamente que ¾ da minha vida como escritor é revisão. Eu não consigo imaginar que depois de ter feito tantas revisões – eu não consigo imaginar voltar para o passado e reescrever algum livro meu. Eu talvez considere não ter escrito ele desde o começo mas – (a platéia ri) – Eu não falho com nada que eu escrevi por falta de revisão. Eu posso encontrar algumas coisas erradas. No meu último livro, que foi o meu décimo primeiro e mais longo, e quando eu o terminei, eu decidi que deveria ser uma história em terceira pessoa ao invés de em primeira pessoa (a platéia ri). Eu preciso dizer isso pra vocês. Eu escrevo primeiro um rascunho bem rápido, e então eu começo a desacelerar. Eu nunca tento acelerar o processo de revisão de alguma coisa. Eu escrevo com a mão, com uma máquina de escrever. Você só pode escrever tão rápido quando escreve à mão, com uma máquina de escrever. Eu acho que o que eu estou querendo dizer, é que adoro reescrever, mas escrever não me emociona tanto. Os primeiros rascunhos, eles me deixam nervoso. Mas revisão não. Reescrever eu poderia fazer para sempre (a platéia aplaude).
Desconhecido n° 7: Oi. Minha pergunta é para o Stephen King. Qual é o tempo mais inoportuno que você foi pego pela inspiração para escrever? (a platéia ri histericamente)
Stephen King: Próxima questão (a platéia ri). Eu vou passar essa (a platéia ri de novo). Vamos colocar assim. Mais cedo ou mais tarde, todos nós temos uma idéia e nem sempre nós temos uma caneta para escrevê-la. Você consegue da maneira que quiser. (a platéia ri).
Soledad O’Brien: A próxima questão é de Tracy Johnson, de Pikesville, Maryland.
Stephen King: Vamos lá Pikesville.
Tracy Johnson: Oi, sou Tracy Johnson de Pikelsville, Maryland, e minha pergunta é para o John Irving. Prazer em conhecê-lo, senhor. Eu acho que você é o máximo. Quando você escreve as histórias, elas são mais direcionadas pela trama ou pelos personagens? Seus livros são tão memoráveis por causa de quem as pessoas são na história. Mas você escreve os personagens e a maneira que eles se desenvolvem dita o que vai acontecer ou você já sabe o que quer que aconteça quando você cria os personagens que fazem aquelas ações acontecerem?
John Irving: Sou o oposto do Stephen. Se eu vejo o fio vermelho entrando na toca do rato, eu não vou encostar naquela coisa até que eu tenha inspecionado a toca do rato (a platéia ri).
Eu passei um ano a 18 meses fazendo um mapa de rua de uma história. Eu preciso saber especialmente o que acontece no final. Mas eu não preciso saber o que acontece com os personagens – os personagens principais – Eu preciso do tom que a história vai ser. Eu sei bem mais sobre o final do que eu sei sobre o começo. Eu escrevo o começo por último. Eu escrevi – por exemplo – a última frase do meu livro mais recente em Janeiro do ano passado. Eu escrevi o primeiro capítulo em Agosto do ano passado. Isso é realmente rápido pra mim. Ir da última frase até o primeiro capítulo apenas com esses meses – normalmente leva um ano, no mínimo. Então a resposta é, eu não apenas sei o que a história é antes de eu começar a escrever, eu sei quem são os personagens principais, eu sei o quem é significante para a história e quem não é. Eu sei quando eles se encontram e onde os caminhos deles devem se encontrar. Cada pequeno detalhe, não, claro que não tudo, mas os maiores e as menores diferenças – Eu espero ter um impacto significante em você, o leitor. Eu preciso saber o que vai acontecer. (a platéia aplaude).
Soledad O’Brien: Nossa última questão da noite vem de um pai e de uma filha. É um comentário e depois, uma pergunta. Gregory e Catherine Bernstein de Sherman Oaks, Califórnia. (a platéia aplaude).
Gregory Bernstein: Minha filha tem uma pergunta para a JK Rowling. Eu tenho um comentário. Eu posso me lembrar, lá em 1998, quando a minha filha estava começando a aprender a ler e se tornando perceptiva com o mundo ao seu redor, que o fenômeno cultural dominante varrendo a América e cativando suas crianças eram as Spice Girls e as Tartarugas Ninja mutantes adolescentes. (a platéia ri). Então, Harry Potter apareceu, e uma geração inteira, incluindo a minha filha, aprendeu a amar a leitura, aprendeu a amar os personagens que você criou, e aprendeu a amar a imaginação, e aprendeu a apreciar boa escrita. Adicionalmente, você deu à ela um tremendo exemplo com a Hermione – inteligente, estudiosa (a platéia aplaude e grita), humana e compassiva. Então por todos os maravilhosos personagens e modelos que você criou, e por todo o amor à leitura que você encorajou e por toda a imaginação que você inspirou, eu e muitos outros pais temos com você uma tremenda dívida de gratidão, então, como um pai, eu apenas queria dizer, obrigado. (muitos aplausos e saudações).
Catherine Bernstein: Quando você começou a escrever e encontrou rejeição, você alguma vez pensou em desistir? E se tivesse, o que você acha que estaria fazendo agora? (a platéia ri).
JK Rowling: Bem, eu tive um tanto de rejeições, mas foi restrita à um espaço de tempo relativamente curto. Então, eu consegui um agente na minha segunda tentativa, o que foi incrível, mas aí levou uns dois anos até eu ser aceita por uma editora. Talvez um pouquinho menos, mas certamente uns dois anos até eu ser totalmente aceita e começar a escrever. E durante esse tempo, se eu pensei em desistir alguma vez? Não, sinceramente, eu não pensei, porque eu realmente acreditava na história, e eu realmente amava a história.
Iris Murdoch, que é uma escritora inglesa, agora falecida, uma vez disse: “Escrever um livro é muito como casar. Você não deve nunca se comprometer até que você pare de acreditar na própria sorte”. E eu realmente não conseguia acreditar na minha sorte de ter essa idéia e eu estava determinada a pressionar com ela até que a última editora recusasse, o que, em um certo ponto, foi o que pareceu. (a platéia ri). Se eu teria parado de escrever? Definitivamente não. Mas se eu nunca tivesse sido publicada, sabem, nos dezesseis anos entre ter a idéia de Harry e agora? Eu acho que provavelmente teria aceitado que, depois de dezesseis anos… sabemos de algum autor que conseguiu continuar depois de dezesseis anos de rejeição? Provavelmente existe algum, mas eu acho que você tem que ter muita fé em si depois de dezesseis anos. Eu tenho certeza que eu ainda estaria escrevendo, mas talvez eu tivesse parado de mandar o manuscrito por aí. E o que eu estaria fazendo? Eu estaria dando aula. Era o que eu estava fazendo. (a platéia aplaude).
Soledad O’Brien: Eu quero agradecer todos vocês por todas as suas perguntas e claro, obrigada a todos desta noite por terem sido parte de uma noite incrível. Obrigada (a platéia aplaude).
Stephen King: Em nome de meus colegas, eu quero lhes dizer que essa foi uma noite mágica para todos nós, ter conseguido encher o Radio City Music Hall pelo bem de duas fundações caridosas maravilhosas. Não com guitarras, mas com leitores de livros (a platéia grita e aplaude). Obrigado à todos os apresentadores, obrigado ao John Irving e obrigado a Jo Rowling. (a platéia aplaude muito).

Veja também:

Uma noite com Harry, Carrie e Garp: Conferência de Imprensa.
Uma noite com Harry, Carrie e Garp #2.

Traduzida por: Leticia Vitória em 03/10/2008.
Revisado por: Marcela Magalhães em 10/11/2008.
Postado por: Vítor Werle em 21/11/2008.
Entrevista original no Accio Quote aqui.