Reid, T.R. Todos a bordo do trem da publicidade, The Washington Post, 9 de Julho de 2000.

LONDRES, 8 de julho “Com dois assovios altos e ferozes, o motor a vapor da locomotiva vermelha saiu da plataforma 9 ½ na estação de King’s Cross esta manhã, carregando a autora viva mais popular do mundo, J.K. Rowling, para uma viagem nos moldes dos passeios mágicos de trem que ela criou em seus livros de Harry Potter.
Rowling andará no trem, apelidado Expresso de Hogwarts, pelos próximos quarto dias em uma excursão promocional para o último volume da saga de Potter, “Harry Potter e o Cálice de Fogo.”. Como dez milhões de novos leitores do mundo já sabem, este é o trem em que os bruxos embarcam para viajar à escola de Harry, a escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Você pode perguntar por que a autora de 34 anos precisou embarcar em um trem especial para promover seu novo livro. Espera-se que este quarto volume da série venda aproximadamente 5 milhões de cópias este ano, a maior parte por causa do boca a boca dos jovens e devotados fãs de Harry. Isso significa que será quase certamente o romance mais vendido de 2000. O suspense de John Grisham, que era o escritor inglês mais vendido até Rowling aparecer, geralmente vendem 2 milhões a 3 milhões de cópias em seu primeiro ano. Mas a Bloomsbury, a pequena editora britânica que cresceu enormemente na aba de Harry, é famosa pela sua habilidade com as Relações Públicas. Harry Potter é de longe seu maior trunfo. E Rowling diz que é tão grata a Bloomsbury por comprar o primeiro livro de Harry Potter em 1996 após outras três editoras recusarem sua oferta que ela estava querendo se livrar de sua querida privacidade para alegrar os RP, pelo menos por alguns dias. Mas ela não precisa ficar feliz por isso. Esta manhã, de fato, a mulher que inventou um fenômeno literário global parecia e soava evidentemente triste quando chegou a King’s Cross (uma estação real) e se dirigiu para o Expresso de Hogwarts na plataforma 9 ½ (uma plataforma fictí­cia das histórias de Harry Potter, que o chefe da estação criou para o dia). “É particularmente louco, não é?” Rowling disse, olhando para a incontrolável multidão de repórteres e câmeras de todo o mundo. Quando um jornalista perguntou se ela estava espantada, a autora renomada fez uma careta e disse, “eu preciso de uma palavra mais forte do que essa para descrever esta viagem”. Você precisa também de uma palavra forte para descrever a longa viagem que Rowling fez nesses últimos anos. É uma jornada de vida consideravelmente mais complexa do que a imagem que a mí­dia faz da mãe desempregada que escreve um livro infantil em um café e escala para fortuna e fama. Em uma série de entrevistas na mí­dia britânica na semana passada, Joanne Kathleen Rowling; “o nome rima com ‘bowling’ (boliche)” disse que ela mal reconhece a pessoa nesse perfil. Houve um perí­odo, logo depois de seu divórcio de um jornalista português em 1993, em que ela ia a um Café em Edimburgo, com sua filha, Jessica, em um carrinho de bebê e seu manuscrito em cima de uma mesa. Mas sua instrução, ‘ela estudou Literatura Clássica e Francês na Universidade Exeter Britânica’, dizia que ela não ficaria fora do mercado de trabalho por muito tempo. Antes de se tornar uma autora publicada, Rowling trabalhou como professora de lí­nguas. Ela ensinou inglês em Portugal até o divórcio, depois se mudou para Edimburgo, onde ela foi primeiro uma professora substituta e depois uma professora de Francês do Ensino Médio. Ela finalmente terminou o primeiro livro de Harry Potter em 1996, depois de trabalhar duro nele por seis anos. Ela ficou excitada quando a Bloomsbury o comprou por $15,000. Conseqüentemente, ela seguiu a orientação da editora de usar suas iniciais “J.K.” ao invés de “Joanne”, por temer que os meninos adolescentes rejeitassem o livro se eles soubessem que a autora era mulher. Embora as histórias de Harry Potter sigam a grande tradição inglesa de histórias de escolas internas, Rowling foi a uma escola pública e falou que nunca mandaria sua filha, agora com 7 anos, para uma escola longe. A autora falou que ela era solitária em seus dias de escola e que a amiga estudiosa e corajosa de Harry Potter, Hermione Granger, é inspirada na pequena J.K. Rowling. Com os $20 milhões que dizem que ela ganhou com os livros até agora incluí­dos $2 milhões da Warner Bros. pelo direito de filmagem do primeiro volume, Rowling comprou uma grande casa em Edimburgo e empregou uma secretária em tempo integral para ajudar com as cartas dos fãs. Mas ainda não tem carro e gosta de gastar o tempo no café da rua perfumada e circular que foi sua inspiração para a rua do mercado mágico da história, o Beco Diagonal. Além das cartas entusiasmadas dos jovens leitores, Rowling recebe geralmente a animação dos revisores adultos por suas histórias espirituosas, memoráveis e comoventes. Mas como é padrão entre as pessoas bem sucedidas na Grã-Bretanha, sua história iniciou um retrocesso. O crí­tico literário Anthony Holden escreveu recentemente no jornal Observer que as histórias de Rowling são “livros infantis unidimensionais, desenhos da Disney postos em palavras, nada mais”. Holden reclama que Harry Potter rouba vendas de trabalhos mais importantes, incluindo “minha própria vida cheia de ação de Shakespeare”. Uma semana depois de seu ataque, o Observer publicou duas páginas de respostas, na maior parte de leitores jovens, defendendo Rowling e acusando Holden de estar com inveja. As primeiras resenhas na Grã-Bretanha da nova aventura de Harry são positivas. O Times de Londres, na primeira resenha de livro publicada no topo de sua página principal, diz: “Cálice de Foge” é “engraçado”, repleto de paródias deliciosas… e cheio de ação. Se este primeiro dia favorável satisfez a autora, isto não era óbvio no olhar azedo em seu rosto enquanto ela passava com dificuldade pela mí­dia em King’s Cross para embarcar o Expresso de Hogwarts. Ela pode ser a criadora de um grande mundo fantástico, mas hoje ela parecia uma prisioneira num mundo de exageros. “Eu realmente adoraria falar com algumas crianças”, Rowling disse a repórteres, “se eu um dia conseguir acabar com todos vocês”.

Traduzido por: Nathalia Chaves Cardoso em 07/10/2006
Revisado por: Patricia M. D. de Abreu em 18/04/2007 e Antônio Carlos de M. Neto em 22/03/08
Postado por: Fernando Nery Filho em 29/04/2007
Entrevista original no Accio Quote aqui.