Anelli, Melissa. “Notícia TLC: Fim de semana de lançamento de ‘Harry Potter e o Enigma do Príncipe’, Edimburgo, Escócia, 15 de julho – 17 de julho de 2005: Parte Um”. The Leaky Cauldron, 19 de julho de 2005.

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Notícia TLC – Parte 2
Notícia TLC – Parte 3

Conforme a meia-noite se aproximava no dia 14 de julho, meus amigos e eu estávamos sentados em um restaurante italiano na Praça Leicester, brindando. Nós brindamos ao Harry, nós brindamos à série, nós brindamos às pessoas com quem trabalhamos, às pessoas que conhecemos e aos amigos que fizemos graças a essa parte de nossas vidas. Uma longa série de bênçãos foi feita conforme o tempo passava e então um de nós disse, “À Jo.” Quando percebemos que acabara de chegar a meia-noite, nós sorrimos. Faltava um dia.

Eu fiquei acordada a noite inteira entre quinta e sexta-feira, principalmente porque tive que refazer minha mala antes do voo para Edimburgo, e também porque eu queria dormir durante o dia. Mas eu sabia, devido ao meu estado de nervos e meu estômago revirando, que finalmente havia percebido o que eu estava indo à Escócia para valer.

As coisas começaram quase instantaneamente, após uma viagem curta e sonolenta durante a qual eu informei as pessoas sentadas perto de mim sobre os meus planos, uma mulher loira sorridente virou para mim e perguntou se eu era Melissa. Antes que pudesse perceber, eu estava acompanhada de três pessoas sorridentes, todas da Bloomsbury, com seus braços cheios de propagandas sobre Potter, incluindo a primeira versão em Braille de EdP autografada (para um jovem repórter cego), eram duas caixas, cada uma do tamanho de uma televisão grande. Contaram-me que eles até realçaram a assinatura de Jo para deixá-la mais visível. Todos estavam radiantes de animação, até mesmo quando, durante uma viagem de táxi para o centro da cidade, seus celulares começaram a tocar como sinos de igreja no domingo. A maioria das ligações eram de jornalistas com pedidos de entrevista; pedidos de créditos das fotos, e mais tarde implorando para fazer parte de qualquer coisa que se referia à o que estava acontecendo naquela noite.

Enquanto estávamos no carro, eu olhei pela janela para essa antiga cidade, verde e com brisa, que parecia ter absorvido a grandiosidade deste evento e fez dele parte de sua identidade. Andando na rua de pedra em frente ao hotel e olhando para o rochedo íngreme coberto de musgo o qual o Castelo de Edimburgo domina, foi difícil, mais tarde, imaginar uma cidade mais apropriada, e menos arrogante sobre, o lançamento oficial desse livro. Ninguém correu pelas ruas gritando, não estava emplastrada de avisos e pôsteres; nem tinha muito trânsito – os únicos sinais disponíveis sobre a eminência do lançamento eram visões ocasionais de trabalhadores usando camisetas com temas e carregando quadro de avisos.

Esperando que o tempo nublado, porém sem chuvas, permanecesse, eu tentei dormir. No exato momento que eu me deitei, o pub lá embaixo decidiu que era hora de jogar fora os barris, e gritar o mais alto que podiam enquanto faziam isso. Soava como se eles estivessem rolando os barris, rua abaixo, talvez usando também potes e panelas como tambores e batendo nos lados com colheres de pau; talvez eles quisessem ver quantas pessoas eles conseguiriam enlouquecer. “Isso é como um seriado cômico ruim,” disse um dos meus amigos.

Cinco horas (das quais três e meia incluíram sono) depois, era hora de levantar e se preparar. Eu encontrei o Emerson, que tinha feito o check in com a mãe dele, Jamie (que também é do MuggleNet, mas que estaria lá de qualquer forma) e outros membros do MuggleNet que moram na Inglaterra e vieram para a Escócia sozinhos para estar perto de tudo isso. Eles formavam um pequeno grupo usando a camiseta do MN.

Nós pegamos nossos ingressos da Bloomsbury no “The Hub”, onde eles estabeleceram as operações, depois tentamos comer, e tentamos deixar nossa excitação dominar nossos nervos. Essa era a última parada antes de tomar banho e me trocar – antes de ir à recepção e depois ao castelo como parte da entourage.

O Castelo Edimburgo não domina tanto quanto reina. Está no ponto mais alto da cidade e as ruas abaixo dele são tão inclinadas que pode ser possível rolar por elas; certamente um dos carrinhos de Gringotes se sentiria em casa. Sendo assim, os saltos, de aproximadamente cinco centímetros, não foi a melhor das idéias, mas eu os usei de qualquer forma, uma escolha que qualquer garota entenderia, mas que Emerson achou divertida. Nós subimos a ladeira – completa com várias centenas de milhares de degraus – até a Câmara do Conselho de Edimburgo, onde os jovens repórteres e seus guardiões tinham se juntado para esperar pelas carruagens que os levariam ao castelo.

Conforme o céu escurecia e a meia-noite se aproximava, Edimburgo começou a se transformar. A fila para chegar à esplanada se alongou do castelo por várias ruas, e os turistas com suas câmeras se posicionaram nos dois lados da rua.

Quando chegamos às câmaras, não tínhamos certeza do que fazer. Emerson e eu éramos os estranhos, não éramos jovens repórteres, nem funcionários da Bloomsbury, tampouco monitores. A elegante sala com painéis de madeira estava repleta de crianças, todas as quais pareciam não ter chegado à adolescência. Nós ficamos num canto, comemos um pouco e ficamos nos beliscando. Muito. Emerson machucou meu braço, ele o fez várias vezes, apesar dos meus avisos de que estava bem acordada, ciente de onde eu estava, e não estava mais convencida de que era alguma alucinação ou piada.

O Lord Provost de Edimburgo fez um pequeno discurso, e pouco tempo depois um homem animado usando vestes de bruxo apareceu na sacada sobre a sala para impressionar as crianças antes de viajarmos para o castelo. Ele disse que seu nome era Crispin e descreveu o castelo como um museu e J. K. Rowling como uma historiadora mágica. As crianças riram enquanto os monitores – dois de cada casa – chegaram para separá-las nas casas e prepará-las para o passeio de carruagem até o tapete vermelho. Emerson e eu simplesmente ficamos para trás até que tudo fosse feito, e depois nos juntamos ao grupo de pessoas da Bloomsbury andando pela rua rumo ao castelo.

Foi como conhecer pessoas com quem nos correspondemos por séculos; pessoas da Christopher Little, pessoas da Bloomsbury, do escritório particular da Jo, todos falando que a hora estava finalmente chegando e que finalmente o conteúdo desse livro poderia ser compartilhado e que o verdadeiro trabalho árduo exigido para proteger os segredos de alcançar o público poderia ser diminuído. Todos conversavam amavelmente enquanto caminhávamos pela rua até o castelo, e parecia como se a tensão dos últimos meses estava rolando ladeira abaixo conforme nós subíamos.

O castelo nos deixou boquiabertos. Durante o dia estava tão austero e marrom; agora, a arte da capa frontal da Bloomsbury estava espalhada pela superfície do edifício, fazendo parecer como se as chamas decorativas estivessem lambendo as paredes do castelo. Tochas circulavam o topo da torre mais alta, e qualquer parte do castelo que não estava chamejante com a arte da capa estava, ao invés, iluminada com uma luz azul-púrpura intensa, fazendo com que se destacasse como uma placa de néon contra o céu escuro.

Sentamo-nos em nossos lugares, que tinham sido agradecidamente separados para nós, e assistimos enquanto os vencedores do concurso faziam suas entradas triunfais no tapete vermelho, sob enorme ovação. Partes da apresentação do iTV passavam em grandes telas entre as entrevistas no tapete vermelho, e nós gritávamos o mais alto que podíamos para os repórteres. Era um lançamento tão diferente, em tantas formas, do de “Ordem da Fênix”, onde Jo Rowling fez uma aparição discreta e surpresa em uma livraria e fez duas entrevistas. Sexta-feira à noite era só sobre as crianças, os fãs e as celebrações que deviam acontecer nesse tipo de momento histórico.

No momento em que os pais dos repórteres tinham saído dos seus lugares para ir até a sala de observação, Jo Rowling estava prestes a chegar. Emerson prontamente se levantou e subiu sobre as fileiras de assentos para sentar na área livre e me disse para fazer o mesmo, estando eu usando saia ou não, e me provocou até que cedi. (Se você estava sentado embaixo de mim e viu mais do que devia, minhas desculpas). Nós ficamos na fileira vazia e aplaudimos a Jo de pé várias vezes quando ela chegou, parecendo elegante e equilibrada, no tapete vermelho.

É difícil de acreditar que ela está quase com 40 anos. Ela parecia, nós reparamos, como se estivesse com 20, sorrindo com seu livro e dando o máximo de autógrafos que o tempo permitia. Emerson me beliscou de novo. Agora, eu comecei a batê-lo em resposta.

Breve, tão rápido, mais rápido do que podíamos imaginar, era hora de ir para dentro e tomar nossos lugares para observar na sala onde os pais e a multidão da Bloomsbury assistiriam à leitura. Eu continuava a me virar e olhar ao redor enquanto entrávamos no castelo, tentando examinar tudo cuidadosamente, tentando aproveitar aquele momento necessário para absorver tudo; tudo ainda parece que era tanto. Porém, a própria caminhada através do arco até o castelo, foi muito mais. A ladeira escura e íngreme estava banhada somente pela luz criada pela praça embaixo e pelas tochas acima; personagens fantasiados, incluindo uns que pareciam um grindylow e um cavalo mecânico cuspidor de fogo, e que aparecia do nada. O grindylow quase me fez rolar ladeira abaixo.

Dentro da sala de observação, nós nos servimos de café e pães e nos sentamos esperando o programa começar. Emerson ainda estava me beliscando quase que a cada segundo, e eu sou obrigada a contar, porque eu não fui capaz de convencê-lo a não adicionar isso na notícia dele, que durante a leitura eu chorei um pouco. Não consegui evitar. Então aí está. Eu sou uma boba. Emerson andou pelo resto do fim de semana contando a qualquer um que falasse conosco por mais que três segundos. “Ela chorou,” ele diria, apontando. “Ela chorou”. “Ei, você, pessoa-que-não-conheço-mas – ela chorou”. Bem, revidar é jogar limpo: quando estávamos prestes a pegar o livro, Emerson fez uma entusiasmada dança Irlandesa, completa com movimentos com os braços elevados, chutes laterais, e um sorriso “leprechaunesco” no rosto, enquanto eu rolava de rir.

Depois de pegarmos nossos livros, era hora de descer a enorme ladeira que tínhamos acabado de subir, e meu pé não estava pronto para o desafio. Então, depois de ter pulado um pouco com o volume em nossas mãos (e não tinha nem pensado em abri-lo até chegarmos à sala), eu tirei meus sapatos. Emerson, um cavalheiro, insistiu em carregá-los para mim, e nós corremos. Corremos pelo caminho de pedra, passamos pelos canhões e parapeitos, paramos brevemente para tirar uma foto na grama e então continuamos a correr para o castelo e de volta para a parte de Edimburgo que parecia um pouco mais real do que a parte de onde tínhamos saído. Nosso hotel não era longe dali, mas devido à nossa animação, nos perdemos e acabamos em uma galeria de algum lugar; nós andamos por ali e encontramos nosso caminho, entramos correndo no hotel a toda velocidade. O confuso gerente da recepção perguntou se precisávamos de alguma coisa.

“CAFÉ”

Ele nos entregou uma braçada de pacotes de café instantâneo e cookies, então carregando-os junto com o livro e, de alguma forma, as alças da minha blusa, que tinha conseguido se soltar pelo caminho (graças à Deus pelo xale ainda enrolado firmemente), eu fui para meu quarto, joguei o livro na cama, coloquei roupas mais confortáveis, e me juntei ao Emerson na sala. Nosso estômago revirou, respiramos profundamente e abrimos o livro.

Fonte: http://www.the-leaky-cauldron.org/extras/aa-edinburgh2005part1.html

Traduzido por: Fabianne de Freitas em 03/02/2009.
Revisado por: Thais Teixeira Tardivo em 15/02/2009.
Postado por: Vítor Werle em 24/02/2009.
Entrevista original no Accio Quote aqui.